São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ATENAS 2004

Ciclista Susanne Ljungskog, favorita na Olimpíada, se tornará a primeira mulher a desafiar elite masculina

Pelo ouro, sueca pedala contra homens

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Favorita ao ouro em Atenas, Susanne Ljungskog se propôs um desafio. Enquanto a maioria dos atletas olímpicos estiverem preocupados em se concentrar, ela buscará um feito inédito.
A ciclista sueca irá se tornar a primeira atleta a competir com homens em uma corrida da União Ciclística Internacional. Sete dias depois, em 15 de agosto, buscará o inédito ouro olímpico.
Susanne é a atual campeã mundial em estrada e teve desempenho avassalador em 2003. Só não recebeu medalha em 2 dos 13 torneios de que participou. Em sete deles, figurou no topo do pódio.
"A Olimpíada é minha prioridade agora. Sonho ainda com uma competição como a Volta da França. É um feito maior ganhar uma Volta. Ela mostra realmente quem é o melhor", afirmou.
Susanne disse à Folha que colocou um desafio no caminho rumo ao primeiro sonho "por acaso". Seu técnico procurava uma prova para encerrar a preparação olímpica e achou o Scandinavian Open, em seu país natal.
A organização da competição vibrou com a autorização dada em março pela UCI. Acredita que, com uma mulher na estrada, terá a maior audiência da história. E espera novos patrocínios.
Correr contra homens não é novidade para Susanne, que tem experiência em eventos amadores.
"Já consigo ficar com o pelotão de elite e tentar ataques no final. É muito engraçado. Eles não acreditam que tem uma mulher na cola deles", afirmou a ciclista, que espera menos diversão em agosto.
"Em uma corrida da UCI será difícil, provavelmente nem consiga me aproximar no sprint final".
A atleta que hoje encara homens na estrada quase parou de correr por causa da falta de espaço para mulheres em seu país.
Interessada em esportes desde pequena -praticou esqui, futebol, handebol e badminton-, Susanne, 28, encantou-se com a bicicleta por influência de um amigo de seu pai. Aos 12 anos, competiu pela primeira vez. Em uma corrida mista, foi prata.
A ciclista, no entanto, só pôde se dedicar ao esporte após concluir o ensino médio, em 1995. "Não havia times femininos por perto. Ficava apenas na equipe nacional."
A oportunidade de ampliar o leque de competições internacionais surgiu em 1998, quando Susanne assinou com uma grande equipe. Dois anos depois, ficaria parada por causa de uma lesão.
Hoje, credita sua performance à mudança nos treinos. Aumentou as pedaladas na estrada -chega a andar até mil horas por ano- e intensificou a musculação.
Ela também aposta em uma estratégia diferente das de suas concorrentes: faz muitas corridas e campings durante o inverno.
"Me sinto como o boneco da Michelin [fabricante de pneus], de tantos casacos que uso".
Após fazer história, ela colocará a preparação à prova. Tarimbada no frio, terá de andar sob os 40C do sol grego nos Jogos Olímpicos.



Texto Anterior: Futebol: Valencia pode ser campeão do Espanhol hoje
Próximo Texto: Atleta conta intimidade na internet
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.