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Recuperar Guga será mais duro que Ronaldo, diz Filé
Fisioterapeuta
que trabalhou com o atacante
após lesão grave
inicia desafio de
reerguer tenista
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Com uma contusão crônica no
quadril há cerca de três anos e depois de duas cirurgias na região, o
tenista Gustavo Kuerten, 29,
apostará a partir de agora no fisioterapeuta Nilton Petrone, o Filé,
conhecido por recuperar famosos
jogadores, como Ronaldo e Romário, em contusões graves.
Filé, que atendeu Ronaldo nas
duas complicadas cirurgias realizadas no joelho, acha que o trabalho com o tenista será ainda mais
complicado. "Apesar de lá [com
Ronaldo] ter sido difícil, este desafio será bem maior. O Guga está
há três anos com problemas. Mudar não será fácil. Mas vejo todos
muito confiantes", disse o fisioterapeuta, que morou na Itália durante a recuperação de Ronaldo
antes da Copa do Mundo de 2002.
No dia em que confirmou que
está fora do Aberto da França, em
Roland Garros, pela primeira vez
na carreira, o tenista iniciou ontem o trabalho com Filé no Rio.
Até amanhã, ele será submetido a
teste em laboratório de biomecânica. A partir dos resultados, o fisioterapeuta vai programar a seqüência do trabalho nos próximos meses. Inicialmente, Filé
adiantou que o atleta terá um rotina de cerca de oito horas por dia
de exercícios gerais.
"Tenho referências ótimas dele.
Preciso de uma pessoa que tenha
confiança e esteja acostumada a
trabalhar com atleta. Por isso, fiz
essa escolha", disse Guga.
Apesar de ter descartado a possibilidade de competir em Roland
Garros, que começará neste mês,
o tenista disse que jogará no segundo semestre. Ele pretende voltar às quadras em julho.
Filé afirmou que a possibilidade
existe, mas preferiu ser mais conservador. "Ser cauteloso agora é
importante", afirmou o fisioterapeuta, sem querer cravar a data
exata da volta do tenista.
Nas duas primeiras semanas,
Guga ficará hospedado no Rio.
Depois, deverá fazer o tratamento
em Florianópolis, no Rio e em
Buenos Aires. O técnico do brasileiro é o argentino Hernan Gumy.
Filé deverá acompanhará o tenista brasileiro quase todos os dias.
O fisioterapeuta ficará em contato direto com médicos da clínica na qual o tenista estava realizando tratamento no Colorado,
nos EUA. Guga foi tratado pelo
americano Marc Philippon, responsável pela segunda cirurgia
que o tenista sofreu no quadril.
Mesmo com fracas atuações nos
últimos anos, Guga acredita que
poderá voltar a ficar entre os primeiros no circuito mundial.
"Estou mais confiante e contente com o início deste trabalho. Estou certo de que, se não fossem as
limitações físicas [provocadas pelos problemas no quadril], estaria
entre os dez primeiros", disse o
jogador, que pretende defender o
Brasil na Copa Davis, no confronto diante da Suécia, em setembro.
O tenista admitiu que seu jogo
caiu por causa dos "vícios" na sua
movimentação na quadra causados pela contusão no quadril há
cerca de três anos. Questionado
sobre a aposentadoria, Guga refutou qualquer prazo para decidir
quando deixará as quadras.
"Vamos fazer um trabalho global com o corpo dele. Não ficaremos restritos apenas ao quadril",
disse Filé, que ganhou notoriedade ao trabalhar com Romário na
véspera da Copa do Mundo de
1990. Na época, ele ajudou o jogador a se recuperar de uma contusão no tornozelo. A entrada de Filé criou um mal-estar na comissão técnica. O médico Lídio Toledo não aprovava os métodos do
fisioterapeuta, que conseguia acelerar a recuperação dos atletas.
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