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FUTEBOL
Franco Carraro, presidente da federação italiana, renuncia após revelações de suposto favorecimento à Juventus
Caso Maserati derruba cartola na Itália
DA REPORTAGEM LOCAL
Após mais de cinco anos à frente da Federação Italiana de Futebol, Franco Carraro, 66, renunciou ontem ao cargo de presidente. O motivo: as escutas telefônicas que mostraram íntimo relacionamento entre Luciano Moggi,
diretor da Juventus, e Pierluigi
Pairetto, membro da comissão de
arbitragem do país e responsável
pela escalação de juízes em torneios nacionais e continentais.
A oferta de um carro Maserati
de 111 mil (R$ 292,6 mil), feita
por Moggi a Pairetto, foi a cereja
no bolo do escândalo que colocou
o clube de Turim -virtual campeão nacional, pela quarta vez em
cinco anos- no centro de uma
polêmica na qual desconfiança de
favorecimento é o prato principal.
A saída de Carraro -que possuía na Itália cargo equivalente ao
de Ricardo Teixeira, presidente
da CBF- bota um ponto final na
carreira de um cartola considerado intocável e que trabalha no esporte há mais de quatro décadas.
Além de presidente do Milan,
foi ministro do Turismo e prefeito
de Roma, entre outros cargos, como os de membro do Comitê
Olímpico Internacional e presidente da Federação Internacional
de Esqui Aquático.
A renúncia foi entregue pessoalmente a Gianni Petrucci, que preside o Comitê Olímpico Italiano.
"Nenhum documento até agora
revelado lança dúvida sobre meu
comportamento ético, pessoal e
institucional", disse o demissionário numa carta de três páginas.
Na semana passada, quando o
conteúdo das escutas foi divulgado, Carraro disse que a Justiça
Desportiva iria agir "com rigor" e
fez um desabafo: "Estou surpreso,
triste e com muita raiva".
Os diálogos entre o chefão da
arbitragem e o dirigente da Juventus foram além da oferta de presentes luxuosos. Houve também
conversas sobre a escalação de
juízes e um comprometedor "não
me esqueci de você" dito ao cartola após o anúncio de que o suíço
Urs Meier trabalharia no jogo
contra o Ajax, pela Copa dos
Campeões 04/05, vencido pelo
clube de Moggi em Amsterdã.
O escândalo já atingiu quatro
árbitros citados nos grampos
(eles foram afastados preventivamente) e, pior, agora ameaça
Massimo de Santis, que deverá ser
o representante da Itália na Copa.
"Não estamos dispostos a
aguentar esse massacre. Nossa
dignidade é a mais alta possível",
afirmou de Santis ontem, "em nome de todos os árbitros da Itália",
após saber que será convidado a
depor pelo Ministério Público de
Roma, que investiga o caso. Moggi também será ouvido.
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