São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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FUTEBOL

Franco Carraro, presidente da federação italiana, renuncia após revelações de suposto favorecimento à Juventus

Caso Maserati derruba cartola na Itália

DA REPORTAGEM LOCAL

Após mais de cinco anos à frente da Federação Italiana de Futebol, Franco Carraro, 66, renunciou ontem ao cargo de presidente. O motivo: as escutas telefônicas que mostraram íntimo relacionamento entre Luciano Moggi, diretor da Juventus, e Pierluigi Pairetto, membro da comissão de arbitragem do país e responsável pela escalação de juízes em torneios nacionais e continentais.
A oferta de um carro Maserati de 111 mil (R$ 292,6 mil), feita por Moggi a Pairetto, foi a cereja no bolo do escândalo que colocou o clube de Turim -virtual campeão nacional, pela quarta vez em cinco anos- no centro de uma polêmica na qual desconfiança de favorecimento é o prato principal.
A saída de Carraro -que possuía na Itália cargo equivalente ao de Ricardo Teixeira, presidente da CBF- bota um ponto final na carreira de um cartola considerado intocável e que trabalha no esporte há mais de quatro décadas.
Além de presidente do Milan, foi ministro do Turismo e prefeito de Roma, entre outros cargos, como os de membro do Comitê Olímpico Internacional e presidente da Federação Internacional de Esqui Aquático.
A renúncia foi entregue pessoalmente a Gianni Petrucci, que preside o Comitê Olímpico Italiano.
"Nenhum documento até agora revelado lança dúvida sobre meu comportamento ético, pessoal e institucional", disse o demissionário numa carta de três páginas.
Na semana passada, quando o conteúdo das escutas foi divulgado, Carraro disse que a Justiça Desportiva iria agir "com rigor" e fez um desabafo: "Estou surpreso, triste e com muita raiva".
Os diálogos entre o chefão da arbitragem e o dirigente da Juventus foram além da oferta de presentes luxuosos. Houve também conversas sobre a escalação de juízes e um comprometedor "não me esqueci de você" dito ao cartola após o anúncio de que o suíço Urs Meier trabalharia no jogo contra o Ajax, pela Copa dos Campeões 04/05, vencido pelo clube de Moggi em Amsterdã.
O escândalo já atingiu quatro árbitros citados nos grampos (eles foram afastados preventivamente) e, pior, agora ameaça Massimo de Santis, que deverá ser o representante da Itália na Copa.
"Não estamos dispostos a aguentar esse massacre. Nossa dignidade é a mais alta possível", afirmou de Santis ontem, "em nome de todos os árbitros da Itália", após saber que será convidado a depor pelo Ministério Público de Roma, que investiga o caso. Moggi também será ouvido.


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