|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No nado peito, Brasil crava recorde e encerra jejum
Felipe França obtém 26s89 no Rio e torna-se o mais veloz do mundo nos 50 m
Antes desse feito, Ricardo Prado havia sido o último brasileiro a estabelecer uma melhor marca para o país em piscina olímpica, em 1982
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
"O mundo vai estar de olho
nessa piscina nas provas de peito." A frase do técnico Arílson
Soares, do Pinheiros, soaria
exagerada antes do início do
Troféu Maria Lenk, no Rio.
Afinal, o nado de peito era,
nos últimos anos, o calcanhar
de aquiles do país, sem resultados expressivos em nível mundial e com poucos destaques.
Depois do que aconteceu ontem, no entanto, a previsão do
treinador paulista não parece
mais improvável como antes.
O responsável pelo feito é Felipe França. Com o Jaked, a nova sensação dos maiôs, o nadador quebrou a barreira dos 27s
e cravou 26s89 nos 50 m peito.
Novo recorde mundial.
O sul-africano Cameron van
der Burgh detinha a antiga melhor marca (27s06). "Desde
2008 eu pensava nessa marca,
mas rolou pressão, desconcentração", declarou França.
"Acho que isso [o recorde]
tem a ver com minha ida à
Olimpíada. Eu estava entre os
melhores do mundo. O Cielo
estava na minha frente e foi
campeão olímpico. Eu morei
perto dele, vi tudo o que ele fez,
isso desmistifica a medalha",
completou o recordista.
O último brasileiro a estabelecer uma melhor marca do
mundo em piscina olímpica (de
50 m) havia sido Ricardo Prado, nos 400 m medley, em 1982.
França, 21, nem havia nascido.
Antes do recorde, outro atleta havia chamado atenção para
a revolução no nado de peito do
país. Na terça, nas eliminatórias dos 200 m peito, Henrique
Barbosa quebrou o recorde sul--americano, com 2min08s65, e
se tornou o líder do ranking.
Na decisão, Barbosa foi além.
Com 2min08s44, tornou-se o
segundo homem mais rápido
da história nessa prova.
Antes de Barbosa, Tales Cerdeira havia batido o recorde
sul-americano (2min09s30) e
assegurado vaga no Mundial de
Roma. No feminino, Carolina
Mussi também garantiu seu
posto. Os dois usavam Jaked.
Hoje, a partir das 10h, ocorrem as finais dos 50 m peito,
prova não olímpica. As eliminatórias dos 100 m são à tarde. Na
primeira, cinco homens e três
mulheres têm índice. Na segunda, só Barbosa e França. Os
dois mais rápidos vão à Itália.
Para Eduardo Fischer, um
dos mais consagrados nadadores de peito do país, a evolução
dos novatos começou graças à
ausência de rivais que facilitaram sua hegemonia na piscina.
"De 1999 a 2005, eu e o Marcelo [Tomazini] ganhamos tudo. Acho que os técnicos e nadadores viram aí uma brecha
para crescer", afirmou ele, 25
vezes campeão brasileiro, que
ainda busca vaga no Mundial.
Aos 29 anos, Fischer já assistiu a várias mudanças no estilo
do nado. Já foram alterados o
impulso dado embaixo d'água e
a profundidade que o atleta fica
na piscina, entre outros.
"Para os mais jovens é mais
fácil. Eles não tiveram de trocar
sua técnica. Só eu mudei três
vezes. E cada uma delas vinha
com maus resultados", disse.
A globalização também ajudou o Brasil evoluir. "Conseguimos ver as provas no mundo
todo. Em pouco tempo está no
YouTube. Antigamente, você
precisava ir ao exterior para ver
como os caras nadavam", declarou o treinador Soares.
"Os ajustes são mais rápidos.
Nós chegamos no mundo, e
acho que agora podemos sonhar em ir além", completou.
NA TV - Troféu Maria Lenk
Sportv, ao vivo, às 10h
Texto Anterior: Portuguesa: De volta à Segundona, time tenta imitar o Corinthians-08 Próximo Texto: Prata da casa e "estrangeiro" se destacam Índice
|