São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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No nado peito, Brasil crava recorde e encerra jejum

Felipe França obtém 26s89 no Rio e torna-se o mais veloz do mundo nos 50 m

Antes desse feito, Ricardo Prado havia sido o último brasileiro a estabelecer uma melhor marca para o país em piscina olímpica, em 1982


MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

"O mundo vai estar de olho nessa piscina nas provas de peito." A frase do técnico Arílson Soares, do Pinheiros, soaria exagerada antes do início do Troféu Maria Lenk, no Rio.
Afinal, o nado de peito era, nos últimos anos, o calcanhar de aquiles do país, sem resultados expressivos em nível mundial e com poucos destaques.
Depois do que aconteceu ontem, no entanto, a previsão do treinador paulista não parece mais improvável como antes.
O responsável pelo feito é Felipe França. Com o Jaked, a nova sensação dos maiôs, o nadador quebrou a barreira dos 27s e cravou 26s89 nos 50 m peito. Novo recorde mundial.
O sul-africano Cameron van der Burgh detinha a antiga melhor marca (27s06). "Desde 2008 eu pensava nessa marca, mas rolou pressão, desconcentração", declarou França.
"Acho que isso [o recorde] tem a ver com minha ida à Olimpíada. Eu estava entre os melhores do mundo. O Cielo estava na minha frente e foi campeão olímpico. Eu morei perto dele, vi tudo o que ele fez, isso desmistifica a medalha", completou o recordista.
O último brasileiro a estabelecer uma melhor marca do mundo em piscina olímpica (de 50 m) havia sido Ricardo Prado, nos 400 m medley, em 1982. França, 21, nem havia nascido.
Antes do recorde, outro atleta havia chamado atenção para a revolução no nado de peito do país. Na terça, nas eliminatórias dos 200 m peito, Henrique Barbosa quebrou o recorde sul--americano, com 2min08s65, e se tornou o líder do ranking.
Na decisão, Barbosa foi além. Com 2min08s44, tornou-se o segundo homem mais rápido da história nessa prova.
Antes de Barbosa, Tales Cerdeira havia batido o recorde sul-americano (2min09s30) e assegurado vaga no Mundial de Roma. No feminino, Carolina Mussi também garantiu seu posto. Os dois usavam Jaked.
Hoje, a partir das 10h, ocorrem as finais dos 50 m peito, prova não olímpica. As eliminatórias dos 100 m são à tarde. Na primeira, cinco homens e três mulheres têm índice. Na segunda, só Barbosa e França. Os dois mais rápidos vão à Itália.
Para Eduardo Fischer, um dos mais consagrados nadadores de peito do país, a evolução dos novatos começou graças à ausência de rivais que facilitaram sua hegemonia na piscina.
"De 1999 a 2005, eu e o Marcelo [Tomazini] ganhamos tudo. Acho que os técnicos e nadadores viram aí uma brecha para crescer", afirmou ele, 25 vezes campeão brasileiro, que ainda busca vaga no Mundial.
Aos 29 anos, Fischer já assistiu a várias mudanças no estilo do nado. Já foram alterados o impulso dado embaixo d'água e a profundidade que o atleta fica na piscina, entre outros.
"Para os mais jovens é mais fácil. Eles não tiveram de trocar sua técnica. Só eu mudei três vezes. E cada uma delas vinha com maus resultados", disse.
A globalização também ajudou o Brasil evoluir. "Conseguimos ver as provas no mundo todo. Em pouco tempo está no YouTube. Antigamente, você precisava ir ao exterior para ver como os caras nadavam", declarou o treinador Soares.
"Os ajustes são mais rápidos. Nós chegamos no mundo, e acho que agora podemos sonhar em ir além", completou.


NA TV - Troféu Maria Lenk
Sportv, ao vivo, às 10h



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