São Paulo, domingo, 09 de maio de 2010

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raizes do brasil

"Aldeia", família e amigos explicam Dunga como ele é

Folha percorre caminho trilhado pelo técnico da seleção brasileira da infância em Ijuí à ascensão no Inter e encontra admiração, muita lealdade e até o boletim escolar

MARTÍN FERNANDEZ
ENVIADO ESPECIAL A IJUÍ E A PORTO ALEGRE

Dunga gosta de se referir ao Rio Grande do Sul como sua "aldeia". Há 11 meses, quando a seleção brasileira estava prestes a enfrentar o Peru em Porto Alegre, pelas eliminatórias, afirmou: "Por aquilo que conheço da minha aldeia, há uma cultura de, antes de tudo, acreditar nas coisas positivas".
Depois de amanhã, o técnico fará o anúncio mais importante de sua carreira. Convocará os 23 jogadores que irão defender a seleção brasileira na Copa do Mundo da África do Sul, que começa daqui a 33 dias.
Será surpresa se Dunga atender aos pedidos para que chame Neymar e Paulo Henrique Ganso, jovens astros do Santos, ou até Ronaldinho, já menos cotado nas últimas semanas.
Enquanto boa parte do país está pessimista com as prováveis escolhas de Dunga, a aldeia dele pensa diferente. Foi o que a Folha percebeu ao passar uma semana no Rio Grande do Sul, para traçar os primeiros passos de Dunga no futebol.
Em Ijuí, há unanimidade entre amigos, ex-companheiros, ex-rivais: os meninos do Santos devem ver a Copa pela TV, aprender o quanto for possível de longe e trabalhar duro para disputar o Mundial de 2014.
Na cidade onde Dunga é nome de praça, não se admite a hipótese de que sejam cortados da Copa os jogadores que roeram o osso e correram pelo "professor", em benefício de outros que nunca provaram nada com a camisa amarela.
Aos 15 anos, Dunga jogava entre adultos em Ijuí. "Vamos lá, que tu ainda vais ser a minha salvação", brincava o pai, Edelceu, que tentou evitar que o filho virasse jogador, mas se rendeu ante a vontade do guri.
Chegou bem recomendado ao Internacional, levado por Emídio Perondi, velho amigo da família, ex-presidente da Federação Gaúcha de Futebol e também ex-vice da CBF.
Mas teve que superar desconfianças sobre sua condição física -era considerado "forte demais". Venceu pela raça, ganhou espaço nas seleções de base e foi para o Corinthians.
O que leva o padrinho, Perondi, a repetir: "Dunga é resultado do próprio esforço, não da minha ajuda nem da ajuda de mais ninguém".
As origens de Dunga e sua trajetória como jogador ajudam a entender suas escolhas como técnico da seleção, assunto nacional hoje, tema único daqui a dois dias.


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