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TOSTÃO
Mensagem na camisa
A moda no futebol, iniciada
pelo Romário, é a de colocar
mensagens nas camisas, debaixo das dos clubes e mostrá-las, após o gol.
Essa mistura de
marketing e solidariedade foi
uma das características do ex-presidente Fernando Collor. Ele
corria aos domingos, em frente a sua casa, de
camisa branca,
com os dizeres:
"O tempo é o senhor da razão".
O tempo mostrou
o que ele realmente era.
A Federação
Paulista de Futebol, seguindo
orientação da Fifa, liberou as
mensagens sociais e proibiu as
religiosas e políticas. Parece-me
uma medida sensata. Os jogadores estão transmitindo mensagens construtivas, mas, como não existe uma
verdade absoluta, nem o bem
está tão distante do mal, podem aparecer outras estranhas.
Se os pilotos de F-1 têm tantos
anúncios em seus uniformes,
por que não podemos fazer o
mesmo? -devem
estar pensando os
jogadores. Por
exemplo: "Camisa
por R$ 9,99"; "Ligue
para o tele-sexo e seja feliz" e etc.
Os clubes, com razão, vão protestar,
por causa de seus
patrocinadores oficiais.
Além das declarações de amor aos
pais, como fez o Rivaldo, podem aparecer outras interessantes: "Querida...,
eu te amo"; "Não falhei nos gols do Barcelona" (Rogério);
"Luxemburgo, você
é o maior" (jogadores querendo um lugar na seleção). Outros, por gozação ou
ideologia -nunca
saberemos da verdade- dirão:
""Monarquia com FHC"; "Quero uma Regional em São Paulo"; "Collor para presidente".
Será um grande perigo.
Delírio tático
Independente dos resultados
finais, Carpegiani está dando
uma importante contribuição
para o futebol brasileiro, com
suas inovações táticas.
Outros técnicos deveriam fazer o mesmo: sair da mesmice,
que vem desde a Copa de 94.
O trabalho do técnico é elogiado em todo o Brasil, mas,
até este momento, os resultados obtidos são muito inferiores às expectativas. O São Paulo perdeu o Torneio Rio-São
Paulo e foi eliminado da Copa
do Brasil, pelo Botafogo.
Muitos desses resultados negativos foram por causa das
excessivas experiências no time -o treinador admitiu seus
erros. Contra o Botafogo, Carpegiani colocou o Marcelinho
de ala e o Serginho de ponta-esquerda. Um ocupando o espaço
do outro.
O lateral da seleção tem de
partir de seu campo, em velocidade, ao encontro da bola, e
não ficar na frente, esperando
ela ser lançada. Depois, colocou o jogador no meio-campo,
sem espaço para suas arrancadas. O técnico corrigiu esses erros.
Nesta semana, escalou os armadores Carlos Miguel e Marcelinho, no meio-campo, sem
um jogador para proteger os
zagueiros e iniciar os contra-ataques.
Hoje, ele volta com o volante
Carabali, para fazer essa função.
Se o técnico quiser ganhar títulos, está na hora de analisar
os resultados, abandonar as
experiências radicais e estabelecer um plano tático, com as
variações normais para a partida.
A queda do Vasco
O Vasco, depois de vencer
muitos títulos, inclusive o Torneio Rio-São Paulo deste ano,
teve uma queda. Perdeu a Taça Guanabara, a Copa do Brasil, a Libertadores e o título do
Mundial do ano passado, para
o Real Madrid.
A causa principal das derrotas foi a qualidade técnica dos
adversários.
O Palmeiras, por exemplo,
tem ótimas chances de vencer
a Libertadores, a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista,
mas não será também surpresa a perda dos três títulos, já
que enfrentará fortes equipes.
Essa dificuldade não diminui os erros e problemas do
Vasco. O time sentiu, há mais
tempo, a saída do Edmundo e
depois a do Pedrinho. As ausências de vários titulares, em
momentos decisivos, como as
do Carlos Germano e do Felipe, contra o Palmeiras, e a de
vários titulares, contra o
Goiás, também influíram nas
derrotas.
Outro ponto importante é a
falta de variações táticas. A
maioria das equipes brasileiras joga com um armador próximo aos dois atacantes, formando, na prática, três atacantes. O Vasco só agora tenta
mudar, mas não tem o jogador
ideal para essa função.
A base do time é ótima, e os
bons resultados retornarão,
desde que o clube reforce a
equipe e não perca a tranquilidade, o bom senso e, principalmente, o desejo intenso de brilhar.
Doping
O doping intencional, na
época em que eu jogava, era
muito mais comum do que hoje. Não existiam exames após
as partidas, e os jogadores usavam as "bolinhas" para compensar a falta de um bom preparo físico.
No Cruzeiro dos anos 60,
descobri duas garrafas de café
no vestiário. Uma com, e a outra sem o estimulante. "Chutei
o balde", ou melhor, a garrafa.
Não sei de qual garrafa eu estava tomando, a quantidade,
nem por quanto tempo. Provavelmente, o meu e o exame de
outros jogadores dariam positivo.
O grande problema do doping no futebol é saber, com
certeza, se o jogador teve a intenção de se dopar. Além disso, o médico Eduardo de Rose,
uma das maiores autoridades
mundiais no assunto, disse
que não se pode afirmar, com
segurança, pelo tipo de exame
que foi feito no jogador
Scheidt, do Grêmio, se a quantidade encontrada em sua urina foi ingerida ou produzida
pelo seu próprio organismo.
Não se deve também anunciar
os resultados sem uma conclusão definitiva.
Creio que a maioria dos jogadores atuais é mal orientada pelos clubes e compra outros produtos (vitaminas,
aminoácidos etc.), nas farmácias, sem saber que neles contêm essas substâncias proibidas. Os inocentes e os relapsos
pagam junto com os pecadores.
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