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FUTEBOL
Pode melhorar muito
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Brasil e Chile fizeram uma
partida vibrante, mas com
pouco talento. Os chilenos tiveram mais chances de gol. Ronaldinho Gaúcho fez novamente
muita falta. Dessa vez, Ronaldo
descansou. Nos jogos importantes
e decisivos, ele desperta.
Diferentemente da Argentina, o
Chile, principalmente no primeiro tempo, marcou mais atrás, e os
armadores brasileiros ficaram livres para dominar a bola e pensar
no que fazer. Mesmo assim, fizeram pouco. No final do segundo
tempo, o Chile foi para a frente, e
o Brasil se encolheu.
Edu errou poucos passes e protegeu bem os zagueiros. Foi um
bom e típico volante. Mas foi muito burocrático. Nas poucas vezes
em que tocou a bola para a frente,
não avançou para recebê-la de
volta nem apareceu no ataque.
Ele seria uma boa opção, se o time
jogasse com dois volantes mais fixos, como o Arsenal.
Edmílson executou bem a função de proteção à defesa e de dar
o primeiro passe. Ele está no mesmo nível do Gilberto Silva e de
outros. Edmílson tem as pernas
muito compridas e mais velocidade para fazer a cobertura dos zagueiros e dos laterais.
Com 13 pontos em sete jogos, o
Brasil lidera as eliminatórias da
Copa de 2006, está invicto e deve
aumentar a vantagem nas próximas partidas, mas poderia jogar
um futebol mais eficiente e encantador.
Incoerência
Sempre fui contra os pedidos
para que Parreira colocasse o
Alex no lugar do Zé Roberto. É
obvio que o Alex é superior, porém são duas posições bem diferentes. É impossível o Alex fazer a
mesma função do Zé Roberto.
Muitos dos que pedem um time
mais ofensivo, com o Alex no lugar do Zé Roberto, gostaram do
Edu jogando mais recuado do
que o Zé Roberto. Não dá para
entender.
Mesmo se mudasse o esquema
tático e o time passasse a jogar
com dois volantes, dois meias e
dois atacantes, não funcionaria.
Alex e Kaká ocupariam o mesmo
espaço. Um atrapalharia o outro.
Além disso, só haveria dois marcadores no meio-de-campo. Pioraria o ataque e a defesa.
Os técnicos devem escalar os
melhores, desde que eles possam
se adaptar bem a funções diferentes. Quando isso não é possível,
fracassam todas as equipes que
têm vários craques fora de suas
posições.
Contra a Argentina e o Chile, o
Alex deveria ter sido o titular no
lugar do Luis Fabiano, e não do
Zé Roberto. O time manteria o estilo, com dois meias-atacantes se
alternando na armação e no ataque e um centroavante. A justificativa do Parreira de que saiu um
atacante (Ronaldinho Gaúcho) e
entrou outro (Luis Fabiano) não
convence. Um não tem nada a ver
com o outro. A experiência com
dois centroavantes foi ruim. Mas
pode ser uma boa opção em situações especiais.
Parreira afirmou várias vezes
que o Alex é reserva do Kaká. Por
isso, foi inexplicável e estranha a
entrada do Júlio Baptista no lugar do Kaká em Santiago. Parreira esqueceu a coerência e ainda
não percebeu a grandiosidade do
talento do Alex.
Muitos jogadores parecem melhores do que são. Alex é ainda
melhor do que parece.
Maracanã
O Maracanã deve ser demolido
para a construção de um novo estádio, seria melhor o tombamento e a preservação da história para visitação pública ou deveria
ser reformado?
Os que defendem o fim do Maracanã, como Ricardo Teixeira,
não apresentaram nenhum estudo que, feito por uma empresa
idônea e com experiência, provasse que a única solução é a demolição e indicasse os custos para a
construção de um novo estádio.
É necessário reformar e construir novos estádios e ter ingressos
com preços variáveis. Quem quiser mais conforto e mordomias
que pague por isso. Mas é essencial colocar à venda ingressos populares. E todos os torcedores têm
o direito de utilizar banheiros
limpos, além de contar com segurança e bons transportes para os
estádios.
Há uma campanha para elitizar o futebol nacional e repetir o
que aconteceu na Europa. Porém
são situações bem diferentes. Somos um país rico com um povo
pobre.
Sugiro que leiam a coluna do
José Geraldo Couto sobre o assunto publicada no último sábado na
Folha. Aliás, leiam sempre as colunas dele. Aprendo muito com
elas.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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