São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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Lula exige a conquista da taça

Brasil tem obrigação de ser campeão, diz presidente em videoconferência com Parreira e jogadores

Petista constrange grupo ao perguntar se Ronaldo está gordo e lembrar expulsão de Ronaldinho; Zagallo diz que estréia é no dia "13 do PT"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

Em videoconferência com os jogadores e a comissão técnica da seleção brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um monte de palpites, pediu cautela e disse que a equipe tem a obrigação de trazer o título. "Ninguém admite que o Brasil não seja campeão, nunca vi tanta unanimidade", disse.
A conversa de 28 minutos teve até um momento de campanha, quando Zagallo conversava com o presidente. "Começamos a Copa com o nosso número, o 13 do PT e de santo Antônio. Vamos botar a verdinha-amarelinha pra cima", disse o coordenador técnico da seleção. O primeiro jogo do Brasil é no dia 13, contra a Croácia.
Lula criou uma série de momentos constrangedores: perguntou se era verdade que o atacante Ronaldo está "gordo, gordo, gordo" e ainda ameaçou escalar o meia Juninho.
O técnico Carlos Alberto Parreira respondeu a tudo cordialmente. Disse que "o Ronaldo está muito forte" e "certamente vai estar pronto para a Copa" e afirmou que, "se o Juninho entrar, poderá bater faltas".
Lula disse ter medo de que o time não agüente a pressão. "Cafu, não deixa essa meninada tremer em hipótese alguma", afirmou ao capitão.
Lula também pediu ao grupo, todo presente à exceção de Ronaldo, com febre, que "não perca a paciência nunca" e lembrou de episódios recentes de brasileiros expulsos, como Ronaldinho, em 2002.
O capitão Cafu tentou "acalmar" o presidente-torcedor. "São todos jogadores experientes. Quanto às agressões, foram episódios isolados e não vão mais acontecer", afirmou.
Em dois momentos, Lula flertou com a propaganda de seu governo. Primeiro, disse que o título deixará "o povo brasileiro com a auto-estima muito mais elevada". Depois, citou a Timemania, projeto enviado por ele ao Congresso: "Uma lei que vai salvar o esporte brasileiro".

Torcedor número um
Parreira mudou de opinião em relação aos pitacos do presidente, que já o incomodaram bastante. "Eu acho que nosso atual presidente é o torcedor número um, até pelo cargo que ocupa, e ele gosta de futebol. Como torcedor, ele tem todo direito de opinar, de falar. Não vejo nenhum inconveniente", disse antes da conversa.
Em 2003, após empate entre Brasil e Peru pelas eliminatórias do Mundial, Lula criticou o time. À época, o treinador brasileiro ficou irritado. Disse que não dava palpites sobre o governo e que, por isso, não queria ser questionado por Lula.
Ontem, em tom ameno, ele voltou a dizer que não se mete em política. "Eu não entendo, não acompanho. Evidentemente não sou alienado, acompanho o que está acontecendo no país. Então, sobre política, não farei nenhuma pergunta a ele", afirmou. (PEDRO DIAS LEITE, EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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