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Lula exige a conquista da taça
Brasil tem obrigação de ser campeão, diz presidente em videoconferência com Parreira e jogadores
Petista constrange grupo ao perguntar se Ronaldo está gordo e lembrar expulsão de Ronaldinho; Zagallo diz que estréia é no dia "13 do PT"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN
Em videoconferência com os
jogadores e a comissão técnica
da seleção brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deu um monte de palpites, pediu cautela e disse que a equipe
tem a obrigação de trazer o título. "Ninguém admite que o
Brasil não seja campeão, nunca
vi tanta unanimidade", disse.
A conversa de 28 minutos teve até um momento de campanha, quando Zagallo conversava com o presidente. "Começamos a Copa com o nosso número, o 13 do PT e de santo Antônio. Vamos botar a verdinha-amarelinha pra cima", disse o
coordenador técnico da seleção. O primeiro jogo do Brasil é
no dia 13, contra a Croácia.
Lula criou uma série de momentos constrangedores: perguntou se era verdade que o
atacante Ronaldo está "gordo,
gordo, gordo" e ainda ameaçou
escalar o meia Juninho.
O técnico Carlos Alberto Parreira respondeu a tudo cordialmente. Disse que "o Ronaldo
está muito forte" e "certamente
vai estar pronto para a Copa" e
afirmou que, "se o Juninho entrar, poderá bater faltas".
Lula disse ter medo de que o
time não agüente a pressão.
"Cafu, não deixa essa meninada
tremer em hipótese alguma",
afirmou ao capitão.
Lula também pediu ao grupo,
todo presente à exceção de Ronaldo, com febre, que "não perca a paciência nunca" e lembrou de episódios recentes de
brasileiros expulsos, como Ronaldinho, em 2002.
O capitão Cafu tentou "acalmar" o presidente-torcedor.
"São todos jogadores experientes. Quanto às agressões, foram
episódios isolados e não vão
mais acontecer", afirmou.
Em dois momentos, Lula
flertou com a propaganda de
seu governo. Primeiro, disse
que o título deixará "o povo
brasileiro com a auto-estima
muito mais elevada". Depois,
citou a Timemania, projeto enviado por ele ao Congresso:
"Uma lei que vai salvar o esporte brasileiro".
Torcedor número um
Parreira mudou de opinião
em relação aos pitacos do presidente, que já o incomodaram
bastante. "Eu acho que nosso
atual presidente é o torcedor
número um, até pelo cargo que
ocupa, e ele gosta de futebol.
Como torcedor, ele tem todo
direito de opinar, de falar. Não
vejo nenhum inconveniente",
disse antes da conversa.
Em 2003, após empate entre
Brasil e Peru pelas eliminatórias do Mundial, Lula criticou o
time. À época, o treinador brasileiro ficou irritado. Disse que
não dava palpites sobre o governo e que, por isso, não queria ser questionado por Lula.
Ontem, em tom ameno, ele
voltou a dizer que não se mete
em política. "Eu não entendo,
não acompanho. Evidentemente não sou alienado, acompanho o que está acontecendo
no país. Então, sobre política,
não farei nenhuma pergunta a
ele", afirmou.
(PEDRO DIAS LEITE, EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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