Equipe falha no abastecimento e obriga brasileiro a fazer prova de recuperação; Kubica assume a ponta do Mundial

Piloto polonês passa ileso por corrida marcada por trapalhadas e quebras e conquista, no Canadá, sua primeira vitória na F-1

David Boily/France Presse

Felipe Massa, que após um erro da Ferrari voltou à pista na última colocação no GP do Canadá

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MONTRÉAL

Logo depois de conquistar o sexto lugar no grid para o GP do Canadá, Felipe Massa disse que torceria por uma corrida estranha para ter chances de lutar por uma boa posição.
Seu desejo foi atendido. Mas um erro da Ferrari em seu primeiro pit stop acabou colocando sua prova e a chance de deixar Montréal na liderança do Mundial de F-1 a perder.
Resultado, o brasileiro chegou em quinto e ainda viu Robert Kubica, da BMW, vencer pela primeira vez e se tornar o líder do campeonato. Nick Heidfeld, também do time alemão, e David Coulthard, da Red Bull, completaram o pódio da sétima etapa do ano.
"Estou bastante chateado porque hoje [ontem] era dia para terminar em segundo lugar facilmente", disse o piloto da Ferrari, expressão fechada no rosto. "Não podemos jogar fora quatro pontos desse jeito."
A decepção do brasileiro era tamanha porque uma trapalhada na 19ª volta mudou totalmente a prova, dando-lhe o GP estranho que tanto queria, já que a chuva não apareceu. O piloto largou atrás de todos seus concorrentes ao título.
Tradição no Canadá, a confusão aconteceu enquanto o safety car estava na pista.
Adrian Sutil bateu, e o carro madrinha foi acionado. Assim que a direção de prova liberou o pit lane, os sete primeiros colocados entraram em fila indiana nos boxes: Lewis Hamilton (que largara na pole), Robert Kubica, Kimi Raikkonen, Nico Rosberg, Fernando Alonso, Massa e Heikki Kovalainen.
Kubica e Raikkonen saíram praticamente juntos e, como o farol estava vermelho, estacionaram na saída dos boxes, lado a lado. Hamilton, na seqüência, não brecou a tempo e acertou a traseira da Ferrari. Rosberg fez o mesmo no McLaren de Hamilton. Apesar da confusão, Kubica escapou ileso, e Rosberg voltou à prova. Pior para os até então líder e vice-líder do Mundial, Hamilton e Raikkonen, que abandonaram. Massa deixou os boxes sem ser atingido, mas logo depois soube que teria de fazer nova parada.
"Meu engenheiro me avisou que tinha acontecido um problema e que não havia entrado uma gota de gasolina no carro", explicou o piloto brasileiro.
"Não sei o que aconteceu na bomba de combustível, não sei se foi porque eu e o Kimi fizemos uma parada dupla, os mecânicos têm que fazer tudo correndo, não sei. Mas, independentemente de parar ou não, isso não pode acontecer [cada um tem seu equipamento]."
Com o problema, Massa voltou aos boxes duas voltas depois e retornou à pista em 17º e último. A partir daí teve de fazer um GP de recuperação, ultrapassando seus rivais e contando com a sorte de outros irem ficando pelo caminho.
Na frente, graças às estratégias diferentes e à confusão nos boxes, a liderança foi passando de mão em mão. Hamilton, Nick Heidfeld, Rubens Barrichello, David Coulthard, Jarno Trulli e Timo Glock, até chegar a Robert Kubica na 42ª volta.
Enquanto isso, Massa ia fazendo sua parte. Fez seis ultrapassagens antes de ter de ir para o segundo pit, quando era o sétimo. Na última e mais bonita delas, deixou Kovalainen e Barrichello para trás de uma só vez. Após a parada, voltou na mesma posição. Um erro de Barrichello e uma derradeira ultrapassagem em Trulli, a duas voltas do fim, selaram sua corrida e posição no Mundial -é o terceiro, com o mesmo número de pontos de Hamilton.
"É até difícil me expressar depois de uma corrida assim, mas saio feliz porque, da minha parte, sei que fiz tudo certo e que poderia ter chegado em segundo. Mas triste pelo erro."


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