São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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em nome do filho

Por lucro, famílias agenciam estrelas

Bosco Leite, pai e empresário de Kaká, receberá comissão de R$ 17,8 mi por transferência do meia para o Real Madrid

Robinho, Ronaldinho e Diego são outros atletas que optaram por deixar carreira nas mãos de parentes e não de agentes "profissionais"


Fernando Donasci/Folha Imagem
O meia-atacante Kaká segura a camisa do Real Madrid, que lhe foi entregue por um jornalista espanhol e a qual o jogador se recusou a vestir na noite de ontem

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

Kaká, 27, vai engrossar a lista de recentes negócios milionários em família envolvendo jogadores brasileiros.
O meia-atacante anunciou ontem, em Recife, sua transferência para o Real Madrid, que aceitou pagar ao Milan a quantia de 65 milhões (cerca de R$ 178 milhões) pelo astro brasileiro, que terá contrato de seis anos. "O Real e a seleção podem me ajudar a ganhar prêmios individuais novamente", afirmou. O clube italiano agradeceu ao "homem Kaká" pelas conquistas nos seis anos em que ficou na agremiação.
Depois do jogador, quem mais vai embolsar com a negociação é Bosco Leite, seu pai e também empresário.
Pelo menos 10% da transação, ou cerca de R$ 17,8 milhões, vão para ele a título de comissão. Isso representa quase 50% a mais do que o atacante Ronaldo, o jogador mais bem remunerado que atua no Brasil, ganha em um ano todo de trabalho no Corinthians.
Mas Bosco Leite não é o único parente próximo de atleta que ficou rico ultimamente.
A maioria dos grandes negócio envolvendo atletas nacionais aconteceram com jogadores que têm hoje como agentes o pai ou o irmão. São os casos de, por exemplo, Kaká, Diego, Ronaldinho e Robinho. Somados, eles foram vendidos nos últimos meses por 150 milhões, o que dá, pelas normas de mercado, o equivalente a R$ 41 milhões em comissões.
Bosco Leite, que era engenheiro civil, foi quem negociou pelo lado de Kaká durante todo o processo de transferência do atleta da Itália para a Espanha.
O meia-atacante considera que, além de competente e ser de sua absoluta confiança, a vantagem de ter o pai como agente é que o dinheiro todo acaba ficando em família.
Antes de ter o pai como empresário, Kaká contava com Wagner Ribeiro como agente. Depois de perder o ex-são-paulino, Ribeiro também viu outra estrela o trocar pelo pai.
Após sair do Real Madrid para o Manchester City por cerca de 40 milhões (R$ 109 milhões pelo câmbio atual), quando o grosso da comissão foi para Ribeiro, Robinho optou por ter seu pai, Gilvan de Souza (que antes de o filho ficar famoso era encanador da Sabesp), como empresário.
"Chegou o momento de ter o meu pai ao meu lado participando das minhas decisões", disse Robinho em 2008, quando oficializou a troca.
No caso do meia Diego, o faturamento alto do "pai-empresário" é bem mais antigo.
Ele já agenciava o filho quando ele deixou o Santos pelo Porto, há cinco anos. Mas foi no mês passado que Djair Cunha teve o maior lucro no agenciamento do filho. A Juventus de Turim pagou 24 milhões ao Werder Bremen pelo meia. Djair vai embolsar cerca de R$ 6,6 milhões pelo negócio.
Outro dublê de parente e empresário que já acumula milhões em comissões é Assis, o ex-jogador que virou empresário de Ronaldinho. Ele já foi acusado de ser um dos responsáveis pelo desgaste do irmão na época do Barcelona -catalães diziam que exagerava nos pedidos de reajuste salarial.
A última grande comissão abocanhada por ele foi em 2008, quando Ronaldinho trocou o Barcelona pelo Milan, em transação que rendeu algo como R$ 5,5 milhões a Assis.
Nenhum dos quatro "parentes-empresários" está na lista de 255 agentes de atletas brasileiros credenciados pela Fifa.


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