São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2011

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JUCA KFOURI

Mano sem disfarces


Não há nada muito melhor do que o que está aí, exceção feita à filosofia de jogo do treinador


O GRUPO CONVOCADO para a Copa América é quase o que de melhor o futebol brasileiro tem no momento. O que é preocupante. Bastante.
Tirante a ausência do lateral esquerdo Marcelo, do Real Madrid, disparado o melhor brasileiro na posição, não há muito nem que pôr nem que tirar da relação dos 22 que irão à Argentina.
E se dá para se defender bem atrás, do meio para a frente será necessário que, de fato, Ganso e Pato possam jogar normalmente, para fazer a bola chegar com qualidade ao ataque, coisa que não aconteceu nem contra a Holanda nem contra a Romênia, embora esta última seja tão frágil que poderia ter sido goleada por meia dúzia caso Neymar, Robinho, e Ronaldo, estivessem com mais pontaria.
Robinho, por sinal, depois de boa temporada no Milan, continua uma decepção na seleção.
O curioso é que, se é muito claro o que Mano Menezes diz querer em suas educadas entrevistas, único aspecto em que se mostrou melhor do que Dunga até agora, é evidente também que o time ainda não foi capaz de entender, ou de fazer.
Para piorar, depois do jogo contra a Romênia, quando a pífia atuação brasileira passou meio que ao largo na entrevista coletiva porque falou--se mais da convocação, eis que Mano deu uma mostradinha de suas unhas. Ao responder com falsa polidez uma boa pergunta do corretíssimo repórter Leandro Motta, da CBN, que apenas quis saber como o técnico imaginava educar a torcida até a Copa, expressão que ele usara após as vaias no Serra Dourada e que se repetiram, com razão, no Pacaembu.
Mano respondeu que esperava contar com o apoio de gente inteligente como Motta, ironia desnecessária e reveladora de que também ele tem dificuldade em entender o papel da imprensa, tema sobre o qual poderia conversar mais e melhor com a filha jornalista.
Sim, se a filha de Dunga o assessorava no vestir, a de Mano o assessora na comunicação. (Na verdade, Mano já não gostara de duas outras boas perguntas do mesmo repórter em entrevistas ante- riores.)
A filosofia que Mano diz querer implantar na seleção ou não encontrou jogadores à altura de a executar, e se for isso não há muito a fazer no momento, ou é ele mesmo quem não é capaz de ir além do que sempre fez tanto no Grêmio quanto no Corinthians, com resultados apenas medianos. Como tem sido até aqui na seleção, sem que nem ele nem ela tenham obrigação de ganhar a América. blogdojuca@uol.com.br


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