São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

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Cidade tenta resgatar história 30 anos após o milésimo gol pelo Santos

Santos refaz a obra de Pelé

'O Povo' e Arquivo Gazeta Press
Pelé, em foto festiva do que é tido como seu milésimo gol, em 1969, três anos antes de 'O Povo' registrar seu milésimo jogo pelo Santos


FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Após décadas de tentativas fracassadas, o projeto destinado a imortalizar a memória de Pelé começa a tomar forma na semana do aniversário de 30 anos do milésimo gol marcado pelo rei do futebol com a camisa do Santos.
Desapercebido, o aniversário acontece hoje. O Santos não anunciou comemoração. Em 9 de julho de 1972, no amistoso contra o Universidad do México, em San Francisco (EUA), Pelé ultrapassou a barreira dos mil gols pelo clube ao marcar duas vezes na vitória dos santistas por 5 a 1.
Coincidentemente, a Prefeitura de Santos prometeu publicar até a próxima sexta-feira o edital de licitação para a escolha da empresa que construirá o museu Pelé.
Em 1969, também pelo Santos, Pelé assinalou aquele que ficou conhecido como seu gol mais famoso: o milésimo da carreira, de pênalti, contra o Vasco, no Maracanã. Em 1995, porém, a Folha apontou um erro na contagem dos gols e mostrou que, de fato, o milésimo da carreira de Pelé havia ocorrido cinco dias antes, em João Pessoa (PB), no amistoso contra o Botafogo local.
Outra histórica marca de "mil" de Pelé, normalmente esquecida, também completará 30 anos. Em 3 de dezembro de 1972, pelo Brasileiro, Pelé atingiu mil jogos pelo Santos, na derrota por 2 a 1 para o Ceará, em Fortaleza.
A Agência Folha conferiu as datas dos milésimos gol e jogo do ex-craque pelo Santos nos arquivos do Centro de Memória Esportiva De Vaney, da Prefeitura de Santos, onde está o acervo de Adriano Neiva da Mota e Silva, primeiro jornalista a contabilizar os jogos e os gols de Pelé. Consultou ainda os arquivos dos dois principais jornais locais da época -"A Tribuna" e o extinto "Cidade de Santos", de propriedade da empresa Folha da Manhã, a mesma que edita a Folha-, que também confirmam as datas.
Todos os registros de época consultados pela Agência Folha divergem da informação do site do ex-jogador (www.pele.net), que informa que a milésima partida ocorreu na semana seguinte à do jogo em Fortaleza (vitória por 2 a 0 sobre o Santa Cruz).
A reportagem procurou Pelé, mas foi informada pela assessoria de sua empresa, a Pelé Pro, que o ex-atleta passa férias nos EUA.
O milésimo gol pelo Santos ocorreu na terceira e mais longa excursão do time ao exterior em 1972. Foram 52 dias, com 17 jogos no Japão, em Hong Kong, na Coréia do Sul, na Tailândia, na Indonésia, na Austrália, no Canadá e nos EUA. A equipe fez o giro invicta -Pelé, artilheiro, fez 25 gols.
Protagonistas da excursão afirmam que o feito de Pelé não foi notado. "Eu era responsável pelo futebol e tudo passava por mim. Lá, não festejamos nada", disse o advogado Clayton Bittencourt, 69, à época vice-presidente do Santos e chefe da delegação.
O meia Afonsinho, atualmente com 54 anos e vivendo no Rio, também diz não ter lembrança do milésimo de Pelé, mas afirma que, no dia do jogo contra o Universidad, um grupo de brasileiros promoveu uma manifestação na chegada da delegação a San Francisco. O objetivo era protestar contra a ditadura militar. "Alguns jogadores e dirigentes se irritaram com aquilo", lembra Afonsinho.
Atualmente, as jornadas internacionais do Santos são mais escassas. Desde que Pelé parou, o time só obteve dois títulos de expressão (os Paulistas de 78 e 84).
Neste ano, o Santos esteve até impedido pela Fifa de jogar no exterior, devido a uma dívida de US$ 450 mil com a Inter de Milão (Itália) pela compra do passe de Caio em 1997. Conforme um acordo firmado em maio, o Santos pagará a dívida em cinco parcelas, e a punição será suspensa.



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