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Final promove volta da "fraternidade"
Após passarem por crises antes e durante a Copa, Itália e França chegam à decisão com seus grupos em harmonia
Marcello Lippi e Raymond Domenech, técnicos de Itália e França, antes do Mundial sofreram críticas da imprensa de seus países
DOS ENVIADOS A BERLIM
E DOS ENVIADOS A DUISBURGO
Esquecida pela seleção da
França até na mensagem do
ônibus do time, a fraternidade
voltou a galope ao grupo depois
da série vitoriosa iniciada nas
oitavas-de-final. Também na
Itália ficou provado que, numa
Copa, não há crise interna ou
rusga que resista ao triunfo.
Diferentemente da seleção
brasileira, que fez questão de
deixar transparecer, antes e durante o torneio, uma harmonia
que a derrota mostrou ser no
mínimo frouxa, as duas finalistas de hoje chegaram à Alemanha atoladas em problemas.
Na França, uma classificação
à Copa pouco convincente e,
especialmente, uma derrota
em casa para a Eslováquia em
março transformaram o time
num pequeno inferno. Jogadores que não foram convocados
atiraram contra o técnico Raymond Domenech, que também
era atacado pela imprensa.
O grupo, diziam os jornalistas, fora tomado por disputas
ferozes. Os veteranos Zidane e
Thuram lideraram uma insurreição silenciosa contra o treinador. Os goleiros Barthez e
Coupet se digladiavam silenciosamente pela posição. A decisão de Domenech de deixar
no banco Trezeguet, da Juventus, causou revolta no atacante
e nos veteranos da equipe.
Os líderes do elenco fingiam
ignorar as orientações do técnico. Agora tudo são flores. A imprensa elogia a consistência do
time, e os medalhões são vistos
batendo papo com Domenech.
Ironicamente, o ônibus que
transporta os Bleus no Mundial
carrega uma mensagem baseada no lema da Revolução Francesa: "Liberté (Liberdade),
Egalité (Igualdade), Jules Rimet". É uma brincadeira/homenagem com o francês que
idealizou a Copa do Mundo e
batizou o primeiro troféu do
torneio. O nome dele é usado
bem no lugar da palavra do lema que fora ignorada no início
e agora parece retornar.
Para o lateral Sagnol, a mudança veio após a vitória contra
o Togo, que pôs o time nas oitavas. "Tiramos de cima de nós o
espectro de 2002 [quando o time caiu na primeira fase]. Passamos a discutir o que não funcionava, e o time se encontrou."
Na Itália, um escândalo de
manipulação de resultados que
eclodiu antes da Copa fez o time chegar em crise. O nome de
Marcello Lippi apareceu nas
investigações, e a cabeça do
treinador chegou a ser pedida.
O início titubeante acirrou os
ânimos. Lippi até xingou um
jornalista antes do confronto
com a Austrália porque a união
e a qualidade do grupo estavam
sendo questionados. "Em uma
competição como a Copa, é
normal enfrentarmos problemas. É nessa hora que um time
cresce. Nós soubemos crescer",
afirmou o treinador.
Os jogadores respaldam seu
discurso. "Acumulamos raiva
por tudo o que ocorreu nos bastidores. Percebemos que era
importante construir um grupo unido e liberamos tudo em
campo", disse Cannavaro.
(FÁBIO VICTOR, GUILHERME ROSEGUINI, PAULO COBOS E RICARDO PERRONE)
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