DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes da Ferrari comparecerão amanhã à Suprema Corte inglesa para iniciar o processo que a equipe move contra seu ex-funcionário Nigel Stepney e Mike Coughlan, projetista da McLaren.
Ontem, os principais jornais ingleses publicaram uma longa entrevista com Stepney, que era responsável pelo desenvolvimento de performance da escuderia italiana antes de ser demitido na semana passada.
O inglês é acusado de ter fornecido informações confidenciais da Ferrari para Coughlan, seu amigo desde os anos 80.
"Eu nego categoricamente que tenha copiado os documentos ou que os tenha enviado a Mike Coughlan", afirmou ao diário "Sunday Times".
"Eu sabia que estava sendo observado o tempo todo na fábrica e que tudo o que eu fazia ou dizia estava sendo repassado. E que sabiam todas as vezes que eu acessava qualquer arquivo no computador", disse.
Na semana passada, a polícia encontrou um pacote na casa do projetista da McLaren com informações sobre o time rival. Além de projetos, foram achados detalhes sobre a estrutura ferrarista, procedimentos de engenheiros, dados de acertos dos carros, estratégias para as corridas, planos de desenvolvimento e informações sobre testes e controle de qualidade.
"Eu não sei como esses documentos foram parar lá. Se ele os tinha, vieram de outra fonte", falou Stepney, que voltou para a Itália na quarta, após interromper férias nas Filipinas.
Mas, segundo o inglês, sua permanência no país se tornou perigosa e ele teve de se esconder. "Houve perseguições em alta velocidade", disse Stepney.
"Fui seguido por mais de um carro, com placas da Itália. Na quinta, consegui encurralar um, mas o motorista se negou a falar. Alguém ia acabar se machucando, por isso não tive opção senão deixar a Itália."
Ontem, em Silverstone, Jean Todt falou pela primeira vez sobre a espionagem. O chefe da Ferrari disse não poder comentar detalhes do caso já que ele corre na Justiça inglesa e italiana. Mas que é questão de tempo para tudo ser esclarecido.