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SPARRING
A arte da negociação
EDUARDO OHATA
""Sugar" Ray Leonard sofreu
um revés há pouco tempo.
Ao ser procurado pela emissora de TV a cabo ESPN, que programa uma série de especiais sobre os 50 maiores atletas do século (cada um ganhará um episódio de meia hora), o ex-campeão mundial extrapolou segundo a "TV Guide".
O agente de Leonard informou
que o ex-lutador só cooperaria
caso fosse incluído entre os dez
maiores atletas de todos os tempos. Mais: só o ex-campeão Muhammad Ali poderia estar a sua
frente entre os pugilistas.
Os executivos da rede de TV a
cabo, irritados, disseram para o
ex-lutador esquecer a oferta.
No universo pugilístico, porém, Leonard, que se tornou
profissional porque necessitava
do dinheiro, ganhou fama como
um dos mais bem-sucedidos negociadores de todos os tempos.
Quando desafiou o campeão
dos médios Marvelous Marvin
Hagler, que não perdia há 11
anos, usou a vaidade do adversário para cavar vantagens.
Subestimado por Hagler, pois
havia lutado uma única vez em
cinco anos e subira de categoria,
Leonard conseguiu que o combate fosse disputado em 12 assaltos (o campeão poderia optar
por 15) e que o ringue tivesse as
medidas máximas permitidas
-6,096 metros quadrados-, o
que favorecia seu estilo.
No combate, foi inteligente.
Usou o truque de mostrar mais
combatividade no final dos assaltos para impressionar.
Dois anos depois, quando enfrentou Donny Lalonde, forçou
o campeão a baixar de peso.
Meio-pesado (79,45 kg), Lalonde aceitou lutar no limite dos
supermédios (76,272 kg), ficando bastante vulnerável com o
decorrer dos assaltos.
Também, um precedente foi
aberto para favorecer Leonard
(dois títulos sendo disputados simultaneamente, para torná-lo
campeão em cinco categorias).
Mas isso é passado. Pelo que o
episódio com a ESPN indica,
Leonard, o negociador, aposentou-se junto com o lutador.
NOTAS
Brasil 1
O pugilista surdo-mudo Dílson Dutra, meio-pesado, venceu por nocaute no segundo
assalto sua segunda apresentação profissional, na última terça-feira, em São Paulo. Seu rival foi Emerson Santos.
Brasil 2
O empresário Arthur Pelullo,
que ganhou na Justiça o direito
de promover nos próximos nove meses as lutas de Acelino
""Popó" Freitas, primeiro do
ranking da Organização Mundial, não entende a resistência
de Rui Pontes, empresário do
lutador, em negociar com ele.
Por isso, o norte-americano pediu ao juiz Michael Cherry, que
monitora o caso, que organize
uma teleconferência para que
os brasileiros expliquem porque não aceitam a proposta de
US$ 50 mil para Freitas disputar o título. O ex-representante
do brasileiro no exterior havia
negociado uma bolsa pelo menos US$ 20 mil menor.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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