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MOTOR
Corrida
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A despeito dos problemas, o
Pan de Santo Domingo produziu na noite de anteontem
uma bela disputa, daquelas que
não se vê com muita frequência
no esporte, seja ele qual for.
A última volta dos 10.000 m foi
uma corrida em todos os sentidos.
O atleta brasileiro, na ponta, forçou o ritmo em pelo menos três
oportunidades. O rival mexicano
respondeu com vigor a todas elas.
Na última curva, o processo se
inverteu. O mexicano, por fora,
foi letal. Acelerou, superou o brasileiro e cruzou a linha de chegada com um corpo de vantagem,
como se tivesse contado passada
por passada para saber exatamente o momento de ultrapassar.
É esse tipo de disputa que outro
público, o da F-1, espera agora de
Juan Pablo Montoya. Corrida a
corrida, ponto a ponto, contra o
adversário maior, Michael Schumacher. A vitória em Hockenheim e a punição de Ralf habilitaram o colombiano ao título. A
retidão esportiva da Williams,
decantada, mas também lamentada, tem agora excelente argumento para quebrar a tradição e
transformar seu primeiro piloto
afetivo em um de fato e de direito.
Montoya é favorito?
É, mas tanto quanto Schumacher, que teve um azar danado na
Alemanha, pelo pneu furado (pobre Bridgestone) e pelo acidente
de Barrichello. O brasileiro novamente estava melhor que o companheiro. Talvez não tivesse forças para a vitória, mas poderia,
no mínimo, conturbar a corrida
de cruzeiro de Montoya.
Schumacher e a Ferrari estão
além do limite. A ultrapassagem
sobre Trulli, com manobra para
além da pista, foi um risco
-Coulthard, curiosamente, seguiu a receita voltas mais tarde.
Pneu é o maior dos problemas,
mas não o único. O consumo da
GA é alto demais para o sistema
de classificação deste ano, o carro
tem problemas de aderência na
frente, como o da Williams, inventora da asa de aço. A Ferrari,
quem diria, foi pega de surpresa.
Contava com um passeio, enfrenta uma verdadeira aventura.
E por que Montoya, então, não
é a aposta? Porque ele é Montoya,
porque o adversário é Schumacher e porque a nova pontuação
trabalha agora para a Ferrari.
No momento, é esse último item
que não deixa a casa de Maranel-lo afundar, bóia que fez Raikkonen se manter na superfície por
tanto tempo no primeiro semestre. O náufrago, agora, é Schumacher, com a diferença que a Ferrari terá um carro novo, certamente
bem melhor, a partir de Monza, o
que a McLaren ainda não conseguiu fazer nesta temporada.
Não bastasse essa complexa disputa desenvolvimento x tempo,
um tanto lateral para boa parte
dos torcedores, é cada vez maior a
chance de acontecer uma corrida
de verdade entre Montoya e
Schumacher, duelo que a F-1 ensaia desde aquela arrojada ultrapassagem no S do Senna.
Essa é a expectativa, embate
franco entre dois competidores,
algo que há anos não se vê na categoria e que, na última vez, em
1997, deixou o alemão com a terrível fama de mau perdedor.
Como no atletismo, o sino dobrou, é a última volta, dois disputam à frente. Corrida é corrida.
Pressão
A Williams continua quieta, mas executivos da BMW já frisaram:
Ralf terá que ajudar Montoya na disputa contra o irmão. Ontem, foi a
vez de o alemão falar. Disse que, apesar do "coração talvez querer
uma vitória de Michael", trabalhará para seu time ser campeão.
Dia dos filhos
Acontece amanhã, em Zandvoort, o tradicional Marlboro Masters,
duelo entre pilotos dos principais campeonatos europeus de F-3. É a
chance de Nelsinho -que já foi prestigiado até por Ecclestone na Inglaterra- confirmar as pretensões de chegar logo à F-1. Sinal dos
tempos, não será o único pequeno príncipe na pista holandesa. Além
do filho de Nelson, estarão lá Nico Rosberg, filho de Keke, Stefano
Fabi, filho de Teo, e Markus Winkelhock, filho de Manfred. Haja pai.
E-mail mariante@uol.com.br
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