São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Novo chefe dos juízes acumula funções

Nomeado pela CBF, Sérgio Corrêa preside sindicato e trabalha para FPF

Justiça comum enxergou irregularidades em eleição na associação dos árbitros que foi organizada pelo comandante da arbitragem


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Novo presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, interino por enquanto, Sérgio Corrêa da Silva tem histórico de ações e relações controversas em sindicatos de juízes e na Federação Paulista de Futebol.
No início do ano, Corrêa foi acusado judicialmente de ter cometido irregularidades na eleição da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf). Ele era o responsável por conduzir o processo. A Justiça do Rio anulou a votação devido a problema nos registros de chapas e de eleitores para o pleito.
Mas a participação sindical do dirigente da CBF é anterior. Ele é o presidente do Safesp (Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo) desde 2002. Nessa condição, também acumulou cargo como secretário da Escolas de Árbitros da FPF, entidade que pode ser alvo de reivindicações ou críticas dos juízes do Estado.
Foi no sindicato paulista que começou a ter destaque no cenário da arbitragem nacional. Antes, sua carreira de árbitro de 11 anos, de 1989 a 2000, é pouco lembrada. Chegou à presidência do Safesp após ser vice de José de Assis Aragão, que apitou em Copa do Mundo.
"Acho complicada essa relação, como presidente do sindicato e funcionário da federação", comentou Aragão.
O ex-árbitro foi concorrente na eleição da Anaf em janeiro de 2007. Sua chapa era de oposição. O grupo de Edson Rezende, ex-presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, apoiava Jorge Paulo Gomes de Oliveira.
Outro oposicionista na eleição era Jorge Travassos, cuja candidatura foi impugnada pela comissão eleitoral por falta de pagamento de anuidades por membros da chapa. A decisão foi tomada por Corrêa e acabou contestada na Justiça.
Travassos alegou que árbitros em situação irregular votaram e outros, aptos, foram impedidos. Afirmou que foi impedido de participar da eleição e que não recebeu documentação sobre o pleito. Por isso, disse que havia vícios que comprometiam a legalidade da votação.
Não houve contestação da Anaf a essas acusações nesta ação. Assim, a 22ª Vara Cível determinou que todos os fatos eram considerados verdadeiros e a eleição foi anulada.
"Sérgio [Corrêa] cometeu irregularidades neste processo", acusou Travassos.
Se tem poder dentro dos sindicato, Corrêa goza de bom trânsito entre dirigentes. A Folha apurou que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, consultou o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, antes de nomear o novo presidente da Anaf. Del Nero recusou-se a dizer se foi procurado pela confederação, mas elogiou a escolha.
"É um homem competente à altura do cargo", afirmou o dirigente da federação.
Corrêa é interino, mas Teixeira teve tempo para nomeá-lo. Segundo apurou a reportagem, Édson Rezende avisou há um mês que tinha problemas de saúde e teria que pedir demissão. O presidente da CBF pediu que ele ficasse até arrumar um substituto.
Optou por Corrêa, que já era membro da comissão de arbitragem desde 2006. Além de juiz, o novo comandante da arbitragem é oficial da Aeronáutica, já na reserva.


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