São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2011

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empurra

Estrutura do Itaquerão que passou para a conta do governo estava no orçamento da Odebrecht

BERNARDO ITRI
DO PAINEL FC

O aluguel das estruturas provisórias que viabilizaram o Itaquerão como candidato a sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014 estava na conta da Odebrecht e do Corinthians até 12 dias antes de o governo do Estado assumir essa responsabilidade.
Ou seja, o que era um gasto assumido como privado tornou-se público para reduzir o orçamento do estádio.
A Folha teve acesso ao penúltimo orçamento da empreiteira para a arena, datado de 29 de junho, em que constava como custo a ser pago pelo clube o aluguel das instalações temporárias.
Em 11 de julho, quando a Fifa recebeu as garantias financeiras do estádio, o governo já aparecia como o responsável por essa conta. Dias depois, alegaria que esse é um gasto público, pois não é para o estádio, mas para São Paulo não perder a abertura.
No penúltimo orçamento, o custo do Itaquerão era de R$ 950,7 milhões. Caiu para R$ 820 milhões, uma redução de mais de R$ 130 milhões.
Desse corte, R$ 46,68 milhões referentes ao aluguel de estruturas temporárias para o Itaquerão foram transferidos para a conta do Estado.
Bem menos que os R$ 70 milhões estimados pela construtora já quando o governo havia assumido esse gasto.
No orçamento, a Odebrecht discrimina os gastos para se chegar a essa quantia.
São R$ 27,06 milhões de arquibancadas provisórias, R$ 1,17 milhão de carpete provisório e R$ 5 milhões de piso, combate a incêndio a gás e nobreak. A construtora ainda destinou na conta R$ 12,45 milhões para "Diversos Fifa", em referência a outras exigências que a entidade poderia fazer para o Itaquerão.
A exclusão do aluguel dessas instalações do orçamento atual da Odebrecht só foi possível após a sinalização do poder público de que assumiria a conta desse custo.
De acordo com o governo do Estado, isso aconteceu oficialmente quando o Corinthians entregou as garantias financeiras do estádio à Fifa.
Só esse item representa 35% da redução total do preço que foi feita até agora.
"Esse foi um dos itens que foram retirados desse orçamento. Fomos reduzindo custos com outras coisas, como o mármore, as paredes, que eram duplas e ficaram simples, o concreto...", diz o diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg.
O dirigente corintiano explica que também colaborou bastante para a queda no orçamento a "mudança em métodos construtivos".
O governo de São Paulo disse que vai decidir como irá arcar com a despesa e que não há um valor fechado para o aluguel das estruturas.
Procurada pela reportagem, a Odebrecht afirmou que não comentaria o caso.


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