FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE

Gustavo Kuerten, 26, amanhã 27, atravessa uma fase difícil na carreira e, apesar de ser o 14º do mundo, diversas vezes fala sobre sua trajetória nas quadras como se ela tivesse terminado.
"Minha carreira foi bem sólida, foi muito bonita e representou uma mudança para o tênis brasileiro", afirmou ontem o brasileiro, usando apenas o pretérito, um dia antes de seu 27º aniversário.
Vários tenistas tiveram conquistas significativas após os 27 anos. Pete Sampras, que anunciou a aposentadoria no Aberto dos EUA aos 32, conquistou três Grand Slams após essa idade.
Também com 27 anos, Andre Agassi viveu uma fase terrível -chegou a ser o 141º. Neste ano, o americano alcançou a marca de mais velho atleta a ocupar o topo do ranking, com 33 anos.
Por ser o melhor tenista da história do Brasil e única estrela do país, Guga sofreu uma grande pressão após a péssima temporada nas quadras rápidas da América do Norte, onde perdeu mais (cinco) do que venceu (quatro).
"As pessoas se acostumaram a me ver como número um e querem encontrar soluções para mim", disse o tricampeão de Roland Garros, sem demonstrar mais tanta ambição. "Não penso mais em ser o número um."
Guga ficou 43 semanas no topo. Somente nove dos 20 que ocuparam o posto ficaram mais tempo na liderança. "Não estou na fase de querer ver quais são os meus limites. Estou muito tranquilo em termos de resultado", disse.
Hoje, por volta das 20h, Guga tem mais motivos para relembrar seu passado. Ele enfrenta o sueco Magnus Norman na estréia do Torneio da Costa do Sauípe, na Bahia. Atual 77º colocado do ranking, Norman foi um dos principais rivais de Guga em 2000, quando o brasileiro terminou como número um e os dois disputaram a decisão de Roland Garros.
Assim como Kuerten, o sueco passou por uma cirurgia no quadril e desde então não conseguiu repetir seus melhores resultados.
"Ele é um cara com golpes pesados, gosta de jogar tomando a iniciativa", afirmou Guga. São velhos conhecidos. O sueco, que já foi vice-líder do ranking, é o terceiro jogador contra quem Kuerten mais atuou em torneios de primeira linha, dez confrontos, com seis vitórias do brasileiro.
Atual campeão do torneio, disputado em quadra dura, Guga tenta em casa um feito que só alcançou no saibro de Roland Garros: a defesa de um título.