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Tevez diz ser perseguido por árbitros e ameaça sair
Atacante reclama de conduta de juízes brasileiros com argentinos, critica mulheres no apito e fala que situação pode levá-lo a deixar o Corinthians
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
O argentino Carlitos Tevez, 21,
declarou guerra aos árbitros brasileiros e ameaçou deixar o Corinthians por se dizer perseguido pelos homens do apito.
É a segunda vez que a principal
estrela corintiana fala em sair. Na
primeira, em maio, chegou a dizer
que iria embora em solidariedade
ao técnico Daniel Passarella, que
fora demitido pelo clube.
Jogador mais indisciplinado do
grupo corintiano no Brasileiro,
com sete cartões (cinco amarelos
e dois vermelhos), Tevez criticou
a postura dos juízes em relação
aos atletas de seu país. Os três argentinos do Corinthians, aliás, estão entre os cinco mais advertidos
com cartão na equipe do Parque
São Jorge. Sebá recebeu seis amarelos, e Mascherano, cinco.
"Em todas as partidas somos
ofendidos por sermos argentinos.
Eu tenho coragem de vir a público
falar, mas é uma pena que os árbitros não tenham coragem de vir a
público e contar o que falam. É
muito difícil jogar dessa forma",
afirmou o atacante.
"Parece que os juízes não querem que os argentinos triunfem
no futebol brasileiro. Passa na minha cabeça, se isso não mudar,
sair do Brasil. Não dá para continuar assim", falou Tevez, que disse ter sido ofendido pelo árbitro
Edílson Pereira de Carvalho no
clássico de anteontem contra o
São Paulo. "Ele [juiz] repetia o
tempo todo "gringo de merda" para mim e para o Sebá", afirmou.
Essa foi também a queixa do zagueiro e de outros jogadores após
a partida. Ao final, a diretoria corintiana fez protesto na súmula
contra o comportamento do juiz.
Pereira de Carvalho respondeu
às acusações chamando os corintianos de "incompetentes".
"Eles têm que se preocupar em
jogar futebol, e não em jogar em
cima da arbitragem a incompetência deles. Jogador fala o que
quer na hora em que não deve. Só
fala besteira", disparou.
Procurada ontem, a Comissão
de Arbitragem da CBF não quis se
pronunciar sobre o assunto. Já o
presidente do Superior Tribunal
de Justiça Desportiva, Luiz Zveiter, afirmou que pode punir o árbitro. "Se ele [Tevez] trouxer testemunhas e provar que foi ofendido, posso tomar uma medida
enérgica. O juiz pode ficar até 360
dias suspenso", afirmou.
O próprio Tevez já foi vítima do
tribunal desportivo por ter ofendido o árbitro Anselmo da Costa
em confronto com o São Caetano.
Ele foi suspenso por três jogos.
Durante o episódio, o argentino
confirmou ter xingado o juiz, mas
disse que ele também o ofendeu.
Tevez reclamou ainda da presença, no clássico de anteontem, de
mulheres no trio de arbitragem,
as auxiliares Ana Paula Oliveira e
Maria Eliza Correa Barbosa.
"Mulheres não podem apitar
um clássico dessa dimensão, dessa rivalidade. Elas podem até apitar, não tenho nada contra mulher, mas não esses jogos."
Também após jogo com o São
Paulo, em março passado, Tite,
então técnico corintiano, criticou
a árbitra Sílvia Regina e afirmou
que mulheres não podem apitar
jogos de homem em competições
de alto nível. Políticas e organizações feministas protestaram.
A revolta de Tevez e seus companheiros contra a arbitragem
ocorre justamente após o clássico
contra os são-paulinos, que também vinham fazendo queixas sistemáticas às atuações dos juízes
no Brasileiro. Dirigentes corintianos, inclusive, chegaram a ironizar essa postura do rival.
A indisciplina de Tevez fez com
que o técnico Márcio Bittencourt
o advertisse. O técnico, no entanto, ponderou que o argentino tem
sido "caçado" pelos rivais. Segundo o Datafolha, ele sofre 4,1 faltas,
em média por confronto.
A queda de rendimento do atacante coincide com a derrocada
corintiana no Brasileiro. Atleta
mais caro da história do futebol
nacional (cerca de R$ 40 milhões),
ele não fez gol nas últimas três
partidas em que atuou. "Não me
importa fazer gols, mas o Corinthians vencer", disse o argentino.
Colaborou Márvio dos Anjos,
da Reportagem Local
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