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Giba encarna desafio de ser o melhor do mundo
Ponta se torna capitão com a saída de Ricardinho da seleção de vôlei, admite estar na sua melhor fase e mira desafio na Rússia
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A VIÑA DEL MAR
Giba não tem mais problemas em deixar a modéstia de lado e dizer que nunca jogou tão
bem na vida, que nunca esteve
tão bem em sua carreira. Sente-se confortável com o título de
melhor jogador do mundo.
A afirmação segura e contundente não é exagerada. O jogador brasileiro se prepara para
desbravar o Campeonato Russo. Assinou o melhor contrato
do vôlei mundial e chega como
marco ao mercado que começa
a rivalizar com o da Itália.
Também viu sua posição de
um dos líderes da seleção ser
ainda mais fortalecida. E teve
atuação central em meio à crise
com o corte de Ricardinho.
Giba, amigo do levantador
também fora da quadra, virou
capitão e se dividiu entre ajudar a equipe a superar o baque e
conversar com o jogador.
No Pan, após o primeiro confronto do Brasil, disputado em
meio a um clima tenso, o ponta
e Gustavo decidiram pedir uma
reunião com o grupo. O treino
da manhã seguinte foi cancelado e, à noite, o empenho da
equipe já era outro.
"Foi bem complicado. Está
sendo ainda. Eu era o mais ligado a ele. Liguei algumas vezes
porque senti que era o que tinha de fazer. Mas às vezes ocorrem coisas que fogem à nossa
alçada", diz Giba, 30, que adota
uma postura de cautela sobre
os desdobramentos do caso.
"Como dizem, o tempo é o senhor da razão. Não é hora de
mexer nisso. Temos de torcer
para que isso se resolva o mais
rápido possível", declara ele.
Na quadra, a boa fase do ponta é evidente. Giba tem mantido um alto nível de atuação
desde o ouro na Olimpíada de
Atenas, em 2004. Costuma dizer que atingiu a capacidade de
sempre jogar, em média, a 85%.
É tido hoje como o mais eficiente atacante do mundo.
"Não tenho vergonha de dizer isso, acho que nos últimos
quatro anos venho vivendo os
melhores momentos da minha
carreira", diz o jogador.
Na seleção, também assumiu
ainda mais a função de "conselheiro" dos novatos. As dicas
não são apenas sobre o vôlei. Dá
conselhos até sobre como investir o dinheiro.
"Quando eu entrei na seleção
tinha 19 anos e dividi o quarto
com o Carlão. Foi uma oportunidade única. Sempre tentei
aprender com ele, com os mais
velhos. Me vejo agora na obrigação de ajudar os mais novos.
E eles aceitam e escutam bem."
Giba será exemplo também
na Rússia. O jogador assinou
contrato que, segundo a imprensa italiana, está entre
600 mil (R$ 1,61 milhão) e
700 mil (R$ 1,87 milhão) por
temporada. Sua contratação é
vista pelos russos como um
marco para o crescimento do
torneio local. E o brasileiro levou isso em conta na hora de
aceitar a proposta.
"Acho que foi uma das coisas
que me levaram a ir para lá. Eles
sempre tiveram material humano muito bom, mas pecaram
na organização, na escola seguida... Se você não está no país,
não consegue entender. Quero
entender isso, ver como é o
campeonato e servir como um
ponto de referência", diz ele.
Para atuar na Rússia com
tranqüilidade, Giba ganhou de
seu clube uma casa, carro com
motorista, que também poderá
atuar como segurança, tradutor
e professor de russo.
"É uma opção de vida. O dinheiro ajudou, é claro, mas queria aprender coisas novas."
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