São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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Giba encarna desafio de ser o melhor do mundo

Ponta se torna capitão com a saída de Ricardinho da seleção de vôlei, admite estar na sua melhor fase e mira desafio na Rússia

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A VIÑA DEL MAR

Giba não tem mais problemas em deixar a modéstia de lado e dizer que nunca jogou tão bem na vida, que nunca esteve tão bem em sua carreira. Sente-se confortável com o título de melhor jogador do mundo.
A afirmação segura e contundente não é exagerada. O jogador brasileiro se prepara para desbravar o Campeonato Russo. Assinou o melhor contrato do vôlei mundial e chega como marco ao mercado que começa a rivalizar com o da Itália.
Também viu sua posição de um dos líderes da seleção ser ainda mais fortalecida. E teve atuação central em meio à crise com o corte de Ricardinho.
Giba, amigo do levantador também fora da quadra, virou capitão e se dividiu entre ajudar a equipe a superar o baque e conversar com o jogador.
No Pan, após o primeiro confronto do Brasil, disputado em meio a um clima tenso, o ponta e Gustavo decidiram pedir uma reunião com o grupo. O treino da manhã seguinte foi cancelado e, à noite, o empenho da equipe já era outro.
"Foi bem complicado. Está sendo ainda. Eu era o mais ligado a ele. Liguei algumas vezes porque senti que era o que tinha de fazer. Mas às vezes ocorrem coisas que fogem à nossa alçada", diz Giba, 30, que adota uma postura de cautela sobre os desdobramentos do caso.
"Como dizem, o tempo é o senhor da razão. Não é hora de mexer nisso. Temos de torcer para que isso se resolva o mais rápido possível", declara ele.
Na quadra, a boa fase do ponta é evidente. Giba tem mantido um alto nível de atuação desde o ouro na Olimpíada de Atenas, em 2004. Costuma dizer que atingiu a capacidade de sempre jogar, em média, a 85%. É tido hoje como o mais eficiente atacante do mundo.
"Não tenho vergonha de dizer isso, acho que nos últimos quatro anos venho vivendo os melhores momentos da minha carreira", diz o jogador.
Na seleção, também assumiu ainda mais a função de "conselheiro" dos novatos. As dicas não são apenas sobre o vôlei. Dá conselhos até sobre como investir o dinheiro.
"Quando eu entrei na seleção tinha 19 anos e dividi o quarto com o Carlão. Foi uma oportunidade única. Sempre tentei aprender com ele, com os mais velhos. Me vejo agora na obrigação de ajudar os mais novos. E eles aceitam e escutam bem."
Giba será exemplo também na Rússia. O jogador assinou contrato que, segundo a imprensa italiana, está entre 600 mil (R$ 1,61 milhão) e 700 mil (R$ 1,87 milhão) por temporada. Sua contratação é vista pelos russos como um marco para o crescimento do torneio local. E o brasileiro levou isso em conta na hora de aceitar a proposta.
"Acho que foi uma das coisas que me levaram a ir para lá. Eles sempre tiveram material humano muito bom, mas pecaram na organização, na escola seguida... Se você não está no país, não consegue entender. Quero entender isso, ver como é o campeonato e servir como um ponto de referência", diz ele.
Para atuar na Rússia com tranqüilidade, Giba ganhou de seu clube uma casa, carro com motorista, que também poderá atuar como segurança, tradutor e professor de russo.
"É uma opção de vida. O dinheiro ajudou, é claro, mas queria aprender coisas novas."


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