São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2006

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Schumacher diz que Mundial acabou

Alemão, que não abandonava uma corrida por causa de problemas no motor havia seis anos, nega estar decepcionado

GP do Japão parecia estar definido quando propulsor da Ferrari estourou, abrindo caminho para a 1ª vitória de Alonso desde junho

DO ENVIADO A SUZUKA

"O Mundial de Pilotos acabou. Mas não estou decepcionado, a vida e as corridas são assim." Michael Schumacher foi direto e não demorou para anunciar a toalha no chão. Fernando Alonso mal havia deixado o pódio quando o alemão, falando em italiano, expressou a situação com contornos reais.
Estava calmo, sereno, mas com uma feição que contrariava frontalmente a tal história do "não estou decepcionado".
É claro que estava desiludido. Estava na cara. E não lhe faltavam motivos. A iminente perda do octocampeonato e a maneira como aconteceu foram dramáticas, quase cruéis.
Havia seis anos, o alemão não abandonava uma corrida com o motor quebrado. A última experiência havia sido no GP da França de 2000, quando ele ainda buscava livrar a Ferrari do incômodo jejum de títulos.
Em mais de 15 temporadas de carreira, foi apenas a sexta prova que Schumacher deixou vítima de estouro do propulsor.
Não bastasse, o problema de ontem enterrou um dos maiores trunfos de sua reação na segunda metade do campeonato: a confiabilidade da Ferrari.
O abandono de ontem foi o primeiro desde que começou a buscar Fernando Alonso na tabela, nos EUA, em julho. Mais: foi só o segundo abandono do ano -o primeiro, no GP da Austrália, quando bateu no muro.
Se o alemão evitou usar as noções de tristeza ou de choque, seu entourage foi menos diligente. "Um sentimento de enorme decepção", resumiu Jean Todt, o diretor geral da Ferrari. "Estamos desapontados, muito desapontados", disse Ross Brawn, diretor técnico.
Além da surpresa com o motivo do abandono, a forma como a corrida caminhava contribuiu para essa percepção.
Largando em segundo, com o companheiro Felipe Massa na pole position, Schumacher era só sorrisos antes da corrida. Como declarou na véspera, mais até do que sua posição no grid, o que o animava era ver Alonso atrás de si, em quinto.
Na largada, os pilotos da Ferrari preferiram a cautela e mantiveram suas posições, enquanto o espanhol ultrapassou o Toyota de Jarno Trulli e logo assumiu a quarta colocação.
Não tardou, porém, para que a equipe italiana desse a ordem pelo rádio. Na abertura da segunda volta, Massa abriu para Schumacher. Entre as Ferrari e Alonso havia mais um Toyota, do irmão Ralf Schumacher.
O atual campeão só conseguiu ganhar a posição na 13ª volta -o alemão, que ia para os boxes, facilitou. Quase que simultaneamente, Massa precisou antecipar o primeiro pit, com um furo no pneu traseiro direito. Alonso permaneceu duas voltas a mais na pista e, assim, tomou o segundo lugar.
Começou, então, a perseguir o líder. Na metade da corrida, chegou a menos de cinco segundos do alemão. Mas Schumacher apertou o ritmo. Conseguiu ampliar a folga e mantê-la em quase seis segundos.
Na 35ª das 53 voltas, Alonso fez seu último pit stop e voltou em segundo. Dois giros depois, foi a vez de Schumacher parar pela última vez e retornar à frente do espanhol. As últimas 16 voltas pareciam, então, mera burocracia para chegar à vitória e colocar a mão no título.
Uma ilusão que durou poucos metros. O alemão contornou a primeira curva, fez a seqüência de "esses" e... bum.
Surpreso, Alonso desviou do óleo, assumiu a ponta e em nenhum momento foi ameaçado por Massa -Giancarlo Fisichella completou o pódio em Suzuka. Só precisou, ele, completar a burocracia para vencer pela primeira vez desde junho. Uma doce obrigação. (FÁBIO SEIXAS)


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