São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2008

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Crise econômica preocupa os jogadores da seleção

Atletas temem que seus clubes fiquem em dificuldades e eles sofram com isso

Times do futebol inglês, onde atuam, entre outros, Elano, Lucas, Jô e Robinho, possuem uma dívida de US$ 6 bilhões, diz federação


SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

A crise financeira mundial deixou os milionários jogadores da seleção brasileira em alerta na Granja Comary. A maioria dos convocados por Dunga atua na Europa, continente que começa a sentir os reflexos do colapso das últimas semanas nos mercados.
Nos intervalos dos treinos em Teresópolis, jogadores admitem acompanhar a evolução da crise. Anteontem, o presidente da federação inglesa, Lord Triesman, deixou o mundo do futebol preocupado ao divulgar que os 92 times profissionais do país acumulam dívida de cerca de US$ 6 bilhões.
"A situação preocupa, mas ainda não teve nenhum problema lá. Os salários estão em dia", disse o volante Lucas, do Liverpool, clube que está em posição delicada. O Liverpool foi comprado recentemente pelos empresários norte-americanos Tom Hicks e George Gillett, que conseguiram um empréstimo de cerca de 700 milhões para viabilizar a negociação. O financiamento foi feito pelo Wachovia, um dos bancos abatidos pela crise.
"'Eles [os donos do clube] ainda não conversaram com a gente, mas sabemos de algumas notícias. Tomamos conhecimento de que a obra do estádio foi segurada. Neste momento, temos apenas que aguardar. Espero que o clube seja bem gerenciado e não passe por problemas", concluiu Lucas, que disputa sua segunda temporada pelo Liverpool.
Contratado pelo Manchester City por cerca de R$ 60 milhões, o atacante Jô admitiu que o futuro é incerto, mas disse que ainda não tem motivos para se preocupar com os reflexos da crise financeira mundial no seu clube. O Manchester City foi comprado há cerca de dois meses pelo bilionário árabe Sulaiman al-Fahim. Ele pagou cerca de US$ 200 milhões a Thaksin Shinawatra, ex-primeiro-ministro tailandês.
Apesar do temor com os rumos da economia mundial, os jogadores afirmam que ainda não amargaram prejuízos. Eles disseram não investir nas bolsas de valores, que têm sofrido seguidas quedas pelo mundo.
"Sempre tento ficar por dentro do que está acontecendo no exterior. Por enquanto, estou calmo. Mas os que atuam fora do Brasil têm que ficar com olho aberto", disse o lateral Juan Júnior, do Flamengo.
O zagueiro Thiago Silva, do Fluminense, é outro que disse estar preocupado com a crise mundial. "Fiquei receoso. O jogador tem um curto período para fazer o pé-de-meia e deixar escapar boas oportunidades de ganhar dinheiro. Por isso, tento sempre me informar para não cair numa furada", disse ele, que vai se transferir para a Inter de Milão em 2009.
Elano, do Manchester City, foi o único otimista ouvido pela Folha. "Não me envolvo com isso. Faço o meu trabalho. O clube é muito organizado. e tudo vai se resolver", afirmou.


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