São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2010

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Regra some em morte no ringue

BOXE
Técnico de rival de pugilista morto diz que não houve pesagem ou exames médicos

EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC

O combate que resultou na morte do boxeador Jeferson Gonçalo, 39, em Salto (SP), não contou com regras básicas de segurança, como pesagem e exames médicos. Laudos de saúde não foram apresentados antes da luta.
Até a presença de um médico no ginásio é questionada. A denúncia foi feita por Edson ""Xuxa" do Nascimento, treinador do adversário de Gonçalo, Ismael Bueno.
""Não aconteceu pesagem, não houve exame médico", relatou Nascimento à Folha.
""Tinha um cara vestido de branco lá, mas não sei se ele era médico. Como não fizeram exame médico, não sei."
Pelos cálculos de Nascimento, a diferença de peso entre os pugilistas, em favor de seu pupilo, pode ter chegado a até seis quilos.
""O Jeferson deveria estar com 71 kg, 72 kg, estourando. O Ismael, com 76 kg, 77 kg."
Ou seja: nesse cenário, um deles estaria na categoria dos médios, e o outro, duas categorias acima, na dos meio- -pesados, prática terminantemente proibida no esporte.
A Liga Paulista de Boxe Profissional, que supervisionou a programação, reconhece ignorar se houve pesagem ou exame médico. Tampouco foi encaminhada para a liga o exame médico de Gonçalo para esse combate.
""Quem pode responder às suas perguntas está morto [Gonçalo]. Não vi a pesagem, não sei se quem foi apresentado como médico era mesmo médico, não recebi exames", afirma Reinaldo Carrera, presidente da liga.
""Estamos esperando sair o laudo para nos pronunciar. Mas os promotores do evento foram o Jeferson e o irmão dele, então eles eram os responsáveis pela pesagem e pelo exame médico", diz Carrera.
Porém, segundo a Confederação Brasileira de Boxe, é responsabilidade do órgão que supervisiona a programação fiscalizar a pesagem e exigir os exames médicos.
""Se é verdade que não houve pesagem e exames médicos, é o caso de o Ministério Público pedir a extinção da liga", afirmou o presidente da CBB, Mauro Silva.
O dirigente diz que a liga não é filiada à confederação e que, há cerca de um ano, em Brasília, alertou o governo federal de que mortes ocorreriam. Ele aponta para a Lei Zico, que permite a criação de ligas independentes.
""Se a lei não é boa, que a revoguem, alterem, façam algo. Estou tranquilo porque essa liga não é nossa filiada. Ainda assim, eu já falava que mais gente morreria. Infelizmente nada foi feito."
Procurado ontem pela reportagem em seus celulares e no telefone fixo, o irmão de Jeferson, Natal, não respondeu aos inúmeros recados.


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