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Regra some em morte no ringue
BOXE
Técnico de rival de pugilista morto diz que não houve pesagem ou exames médicos
EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC
O combate que resultou na
morte do boxeador Jeferson
Gonçalo, 39, em Salto (SP),
não contou com regras básicas de segurança, como pesagem e exames médicos.
Laudos de saúde não foram
apresentados antes da luta.
Até a presença de um médico no ginásio é questionada. A denúncia foi feita por
Edson ""Xuxa" do Nascimento, treinador do adversário
de Gonçalo, Ismael Bueno.
""Não aconteceu pesagem,
não houve exame médico",
relatou Nascimento à Folha.
""Tinha um cara vestido de
branco lá, mas não sei se ele
era médico. Como não fizeram exame médico, não sei."
Pelos cálculos de Nascimento, a diferença de peso
entre os pugilistas, em favor
de seu pupilo, pode ter chegado a até seis quilos.
""O Jeferson deveria estar
com 71 kg, 72 kg, estourando.
O Ismael, com 76 kg, 77 kg."
Ou seja: nesse cenário, um
deles estaria na categoria dos
médios, e o outro, duas categorias acima, na dos meio-
-pesados, prática terminantemente proibida no esporte.
A Liga Paulista de Boxe
Profissional, que supervisionou a programação, reconhece ignorar se houve pesagem ou exame médico. Tampouco foi encaminhada para
a liga o exame médico de
Gonçalo para esse combate.
""Quem pode responder às
suas perguntas está morto
[Gonçalo]. Não vi a pesagem,
não sei se quem foi apresentado como médico era mesmo médico, não recebi exames", afirma Reinaldo Carrera, presidente da liga.
""Estamos esperando sair o
laudo para nos pronunciar.
Mas os promotores do evento
foram o Jeferson e o irmão dele, então eles eram os responsáveis pela pesagem e pelo
exame médico", diz Carrera.
Porém, segundo a Confederação Brasileira de Boxe, é
responsabilidade do órgão
que supervisiona a programação fiscalizar a pesagem e
exigir os exames médicos.
""Se é verdade que não
houve pesagem e exames
médicos, é o caso de o Ministério Público pedir a extinção
da liga", afirmou o presidente da CBB, Mauro Silva.
O dirigente diz que a liga
não é filiada à confederação
e que, há cerca de um ano,
em Brasília, alertou o governo federal de que mortes
ocorreriam. Ele aponta para
a Lei Zico, que permite a criação de ligas independentes.
""Se a lei não é boa, que a
revoguem, alterem, façam algo. Estou tranquilo porque
essa liga não é nossa filiada.
Ainda assim, eu já falava que
mais gente morreria. Infelizmente nada foi feito."
Procurado ontem pela reportagem em seus celulares e
no telefone fixo, o irmão de
Jeferson, Natal, não respondeu aos inúmeros recados.
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