São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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Mais da metade dos treinadores rebaixados no Brasileiro não voltou a trabalhar na competição

O "beijo da morte" dos técnicos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se para clubes e jogadores o rebaixamento no Brasileiro é "apenas" uma mancha negra no currículo, para os treinadores, na maioria dos casos, significa o "beijo da morte" na carreira.
Dos últimos 35 times que sofreram o descenso em campo e não receberam a ajuda de uma virada de mesa, 21 tinham treinadores no momento em que a queda foi consumada que nunca mais conseguiram emprego para dirigir uma equipe no mais importante campeonato do país.
Outra dezena nunca mais repetiu o sucesso do passado, obtendo colocações de pouco prestígio ou de curta duração.
O desafio de salvar o time até a rodada derradeira custou caro para alguns dos mais ilustres técnicos do país nas últimas três décadas, como Dino Sani, Jair Pereira, Cilinho, Pepe, Paulo Emílio e Carlos Alberto Silva.
Carreiras que pareciam promissoras foram interrompidas depois do vexame do descenso, como aconteceu com Sérgio Cosme, Júlio Sérgio Leal e Arthurzinho.
Logo na segunda edição em que o rebaixamento constava no regulamento, em 1989, um dos grandes treinadores do país foi atacado pela maldição de levar um time à segunda divisão.
Com a fama recente de ter montado o São Paulo de Careca, Muller e Silas, Cilinho não foi capaz de salvar o Guarani.
Depois disso, teve uma passagem razoável pelo Bragantino, em 1994, e nunca mais trabalhou no Nacional. Hoje, está nas categorias de base do São Paulo.
Mas foi a partir da década de 90, quando o rebaixamento realmente "pegou", que mais nomes famosos foram para o limbo.
Em 1991, Grêmio e Vitória caíram para a segunda divisão. No comando dessas duas equipes, estavam dois treinadores que estão na lista dos 20 que mais jogos fizeram pelo Brasileiro.
A queda dos gaúchos encerrou o ciclo de Dino Sani na competição. Ex-jogador da seleção brasileira, ele comandou alguns dos maiores times do país.
No início da década de 70, por exemplo, montou o Internacional que depois iria dominar o Brasileiro na segunda metade daquela década. Também esteve no Flamengo de Zico e Júnior. Depois do rebaixamento, apesar do vasto currículo, nunca mais teve o gosto de treinar um time no Nacional.
Já no caso dos baianos, o descenso significou praticamente o ponto final do profissional que mais times dirigiu no Brasileiro.
No 13º time que treinou na competição, Paulo Emílio, que antes havia passado por Vasco e Fluminense, fracassou e pagou caro por isso. Após o rebaixar o Vitória, ele teve rápida passagem pelo Atlético-PR e finalizou sua participação no torneio em que correu praticamente todo o país.

Campeões desempregados
Nem quem tinha um título do Brasileiro conseguiu ficar no mercado depois de cair com um time para a Série B.
O primeiro a seguir esse roteiro foi José Macia, o Pepe, campeão com o São Paulo em 1986. Depois de afundar com o Criciúma, em 1997, ele nunca mais conseguiu um emprego na primeira divisão.
Desde então, chegou a trabalhar como supervisor na Ponte Preta. Neste ano, dirigiu a Portuguesa Santista na segunda divisão do Campeonato Paulista.
O rebaixamento também fez mal para Carlos Alberto Silva, que levou o Guarani ao título em 1978. Na edição de 1998, ele não conseguiu evitar a queda do Goiás.
Depois disso, voltou ao time de Campinas, onde não teve o mesmo sucesso de outras temporadas. Hoje, Silva não está trabalhando em nenhuma equipe.


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