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Mais da metade dos treinadores rebaixados no Brasileiro não voltou a trabalhar na competição
O "beijo da morte" dos técnicos
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se para clubes e jogadores o rebaixamento no Brasileiro é "apenas" uma mancha negra no currículo, para os treinadores, na
maioria dos casos, significa o
"beijo da morte" na carreira.
Dos últimos 35 times que sofreram o descenso em campo e não
receberam a ajuda de uma virada
de mesa, 21 tinham treinadores
no momento em que a queda foi
consumada que nunca mais conseguiram emprego para dirigir
uma equipe no mais importante
campeonato do país.
Outra dezena nunca mais repetiu o sucesso do passado, obtendo
colocações de pouco prestígio ou
de curta duração.
O desafio de salvar o time até a
rodada derradeira custou caro
para alguns dos mais ilustres técnicos do país nas últimas três décadas, como Dino Sani, Jair Pereira, Cilinho, Pepe, Paulo Emílio e
Carlos Alberto Silva.
Carreiras que pareciam promissoras foram interrompidas depois do vexame do descenso, como aconteceu com Sérgio Cosme,
Júlio Sérgio Leal e Arthurzinho.
Logo na segunda edição em que
o rebaixamento constava no regulamento, em 1989, um dos
grandes treinadores do país foi
atacado pela maldição de levar
um time à segunda divisão.
Com a fama recente de ter montado o São Paulo de Careca, Muller e Silas, Cilinho não foi capaz
de salvar o Guarani.
Depois disso, teve uma passagem razoável pelo Bragantino, em
1994, e nunca mais trabalhou no
Nacional. Hoje, está nas categorias de base do São Paulo.
Mas foi a partir da década de 90,
quando o rebaixamento realmente "pegou", que mais nomes famosos foram para o limbo.
Em 1991, Grêmio e Vitória caíram para a segunda divisão. No
comando dessas duas equipes, estavam dois treinadores que estão
na lista dos 20 que mais jogos fizeram pelo Brasileiro.
A queda dos gaúchos encerrou
o ciclo de Dino Sani na competição. Ex-jogador da seleção brasileira, ele comandou alguns dos
maiores times do país.
No início da década de 70, por
exemplo, montou o Internacional
que depois iria dominar o Brasileiro na segunda metade daquela
década. Também esteve no Flamengo de Zico e Júnior. Depois
do rebaixamento, apesar do vasto
currículo, nunca mais teve o gosto
de treinar um time no Nacional.
Já no caso dos baianos, o descenso significou praticamente o
ponto final do profissional que
mais times dirigiu no Brasileiro.
No 13º time que treinou na
competição, Paulo Emílio, que
antes havia passado por Vasco e
Fluminense, fracassou e pagou
caro por isso. Após o rebaixar o
Vitória, ele teve rápida passagem
pelo Atlético-PR e finalizou sua
participação no torneio em que
correu praticamente todo o país.
Campeões desempregados
Nem quem tinha um título do
Brasileiro conseguiu ficar no mercado depois de cair com um time
para a Série B.
O primeiro a seguir esse roteiro
foi José Macia, o Pepe, campeão
com o São Paulo em 1986. Depois
de afundar com o Criciúma, em
1997, ele nunca mais conseguiu
um emprego na primeira divisão.
Desde então, chegou a trabalhar
como supervisor na Ponte Preta.
Neste ano, dirigiu a Portuguesa
Santista na segunda divisão do
Campeonato Paulista.
O rebaixamento também fez
mal para Carlos Alberto Silva, que
levou o Guarani ao título em 1978.
Na edição de 1998, ele não conseguiu evitar a queda do Goiás.
Depois disso, voltou ao time de
Campinas, onde não teve o mesmo sucesso de outras temporadas. Hoje, Silva não está trabalhando em nenhuma equipe.
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