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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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OLIMPÍADA

Confederações elaboram projetos de pré-temporada curta e barata, o oposto do que foi feito pelo COB em 2000

Brasil bane concentração para Atenas

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

As estratégias são diferentes. Os destinos também. Mas uma idéia em comum permeia a preparação das confederações olímpicas brasileiras para Atenas-2004: esquecer a Olimpíada de Sydney.
Até dezembro, as entidades precisam enviar ao Comitê Olímpico Brasileiro um projeto detalhado sobre a pré-temporada para os Jogos na Grécia, em agosto.
Na Austrália, o COB comandou a aclimatação das delegações. Elegeu a cidade de Canberra, capital do país e distante 300 km de Sydney, como anfitriã do selecionado. No total, foram quase 30 dias de treinos e concentração.
O que se vê agora é um movimento na direção oposta. Nada de longos períodos de isolamento. Nada de estadas onerosas.
"Nosso grande erro foi ter permanecido 22 dias em Canberra. Os atletas ficaram exaustos. Chegamos lá bem preparados e rumamos para Sydney já derrotados", afirma Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Os nadadores acalentavam o sonho de alcançar o pódio em cinco provas. Levaram só um bronze, no revezamento 4 x 100 m livre.
O fiasco nas piscinas serve como microcosmo do desempenho de toda a delegação. O Brasil cogitava superar o recorde de medalhas logrado em Atlanta-1996 -15 no total, sendo três de ouro.
Só que ficou longe disso. Trouxe seis medalhas, nenhuma dourada, e terminou na 52ª posição.
"Em Atenas será diferente. Vamos deixar os nadadores no Brasil com a família. Só iremos para a Grécia cinco dias antes das provas. Nada mais", conta Nunes.

Novo formato
O raciocínio também é encampado pelos atletas. Robert Scheidt, velejador que tentará chegar ao pódio pela terceira vez consecutiva em Atenas, quer fazer um breve apronto fora do Brasil. "Se for um período muito longo, a gente perde o foco", conta ele.
Segundo Scheidt, pré-temporadas muito intensas podem inclusive ser prejudiciais. "Exagerar nos momentos finais da preparação pode resultar em contusões."
Assim, a aposta dos dirigentes para uma boa aclimatação está nos torneios que antecedem os Jogos. O alvo preferencial é a Europa, para onde 18 das 27 confederações pretendem viajar.
De janeiro a julho, o continente vai receber centenas de eventos preparatórios para a Olimpíada. Os brasileiros já costuraram acordos para viabilizar curtas pré-temporadas para as seleções.
É o caso do boxe. A modalidade apostou em um longo período de isolamento na preparação para o Pan-Americano de Santo Domingo. Não colheu bons frutos.
Os pugilistas ficaram quase 40 dias longe do Brasil, disputando provas na Venezuela e no Equador. De lá, seguiram direto para a República Dominicana.
Resultado: com representantes em 11 categorias, conseguiu apenas dois terceiros lugares, desempenho inferior ao logrado no evento interior, em Winnipeg-1999 (duas pratas e dois bronzes).
"Não vou repetir isso de jeito nenhum. Não tem coisa melhor do que a nossa comida, nosso arroz com feijão. Meus atletas chegaram ao Pan totalmente desconcentrados", contou Luiz Claudio Braga Boselli, presidente da Confederação Brasileira de Boxe.
Em 2004, os pugilistas ficarão de 10 a 15 dias treinando em Roma.
A única modalidade que pretende estender o período de concentração é o hipismo. Motivo: adaptação dos animais. Os dirigentes acreditam que os cavalos precisarão de 30 dias para se habituarem ao clima europeu.
Independentemente do tempo e do local definido para a pré-temporada, as confederações devem arcar com a maior parte dos gastos. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, entretanto, afirma que pode ajudar após analisar as propostas de cada modalidade. "Vai depender do que cada entidade apresentar", disse.


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