São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Carlos Alberto confirma fraude e pede desculpa

"Gato" do Figueirense diz que "necessidade" o levou a adulterar documentos

Atleta que jogou em seleção sub-20 campeã mundial admite culpa; falsificação de dados em seu passaporte provocará intimação da PF

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O volante Carlos Alberto, do Figueirense, admitiu ontem que fraudou seus documentos por "necessidade" e pelo sonho de jogar em um time grande.
"É difícil, mas um dia a verdade aparece", disse o atleta, em entrevista à rádio CBN. Foi sua primeira manifestação desde que a Folha revelou, anteontem, que ele é ""gato" (gíria do futebol usada para identificar atleta com idade adulterada).
O atleta, que disse ter contado com a ajuda de um amigo para alterar sua certidão de nascimento e ainda pediu desculpa ao Figueirense, será intimado a depor na Polícia Federal na próxima semana, no Rio.
Inquérito será aberto hoje para investigar se Carlos Alberto falsificou dados no seu passaporte. De acordo com o delegado Fábio Galvão, responsável pelo setor de investigação da Delegacia de Imigração no Rio, o atleta será investigado pelo crime de falsidade ideológica (inserir declaração falsa, em documento público ou particular, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante). A pena prevista é de reclusão, de um a cinco anos, e multa, segundo o Código Penal. ""Ele cometeu um ato grave, lesou a fé pública nacional."
Campeão mundial sub-20, nos Emirados Árabes, o jogador alterou sua idade em cinco anos, um recorde nas fraudes de atletas que disputaram competições oficiais por seleções brasileiras. Certidão de nascimento obtida no cartório de Rio Bonito (cidade a 74 km da capital fluminense) mostrou que Carlos Alberto de Oliveira nasceu em 24 de janeiro de 1978. Pela documentação do volante no clube e na CBF, ele declarava ter nascido em 24 de janeiro de 1983. Hoje, Carlos Alberto tem 28 anos, não 23. Ele disputou o Mundial da Fifa com 25 anos -a idade máxima permitida no torneio era 20.
O delegado confirmou que o passaporte usado pelo jogador é verdadeiro. O documento é redigido baseado na data falsa do nascimento do atleta. Outro dado também chama a atenção. No passaporte, o jogador declara ter nascido em São Mateus, no Rio. A cidade não existe.
O delegado diz que não houve falha da PF ao emitir o passaporte. ""Sempre temos a presunção da legitimidade dos documentos." O inquérito deve ser concluído em 30 dias.
Na espera esportiva, Carlos Alberto será indiciado hoje pelo procurador-chefe do STJD, Paulo Schimitt, e poderá ser suspenso por até 720 dias.


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