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Carlos Alberto confirma fraude e pede desculpa
"Gato" do Figueirense diz que "necessidade" o levou a adulterar documentos
Atleta que jogou em seleção sub-20 campeã mundial admite culpa; falsificação
de dados em seu passaporte provocará intimação da PF
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O volante Carlos Alberto, do
Figueirense, admitiu ontem
que fraudou seus documentos
por "necessidade" e pelo sonho
de jogar em um time grande.
"É difícil, mas um dia a verdade aparece", disse o atleta, em
entrevista à rádio CBN. Foi sua
primeira manifestação desde
que a Folha revelou, anteontem, que ele é ""gato" (gíria do
futebol usada para identificar
atleta com idade adulterada).
O atleta, que disse ter contado com a ajuda de um amigo
para alterar sua certidão de
nascimento e ainda pediu desculpa ao Figueirense, será intimado a depor na Polícia Federal na próxima semana, no Rio.
Inquérito será aberto hoje
para investigar se Carlos Alberto falsificou dados no seu passaporte. De acordo com o delegado Fábio Galvão, responsável
pelo setor de investigação da
Delegacia de Imigração no Rio,
o atleta será investigado pelo
crime de falsidade ideológica
(inserir declaração falsa, em
documento público ou particular, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante). A pena prevista é de
reclusão, de um a cinco anos, e
multa, segundo o Código Penal.
""Ele cometeu um ato grave, lesou a fé pública nacional."
Campeão mundial sub-20,
nos Emirados Árabes, o jogador alterou sua idade em cinco
anos, um recorde nas fraudes
de atletas que disputaram competições oficiais por seleções
brasileiras. Certidão de nascimento obtida no cartório de
Rio Bonito (cidade a 74 km da
capital fluminense) mostrou
que Carlos Alberto de Oliveira
nasceu em 24 de janeiro de
1978. Pela documentação do
volante no clube e na CBF, ele
declarava ter nascido em 24 de
janeiro de 1983. Hoje, Carlos
Alberto tem 28 anos, não 23.
Ele disputou o Mundial da Fifa
com 25 anos -a idade máxima
permitida no torneio era 20.
O delegado confirmou que o
passaporte usado pelo jogador
é verdadeiro. O documento é
redigido baseado na data falsa
do nascimento do atleta. Outro
dado também chama a atenção.
No passaporte, o jogador declara ter nascido em São Mateus,
no Rio. A cidade não existe.
O delegado diz que não houve falha da PF ao emitir o passaporte. ""Sempre temos a presunção da legitimidade dos documentos." O inquérito deve
ser concluído em 30 dias.
Na espera esportiva, Carlos
Alberto será indiciado hoje pelo procurador-chefe do STJD,
Paulo Schimitt, e poderá ser
suspenso por até 720 dias.
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