São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Por paixão, torcedor encara 47h de ônibus

DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante cearense Antônio de Oliveira, 36, garantiu ontem seu lugar no folclore do futebol brasileiro.
Ele foi o primeiro dos 15 torcedores do Fortaleza a chegar ontem à arquibancada do Parque Antarctica. Para ver o time, antecipou as férias, encarou 47 horas de ônibus e uma temperatura de cerca de 15C, que o fazia tiritar de frio antes mesmo de a noite chegar.
Oliveira trouxe até uma folha impressa, para expressar sua motivação para as câmeras. "Só muita paixão", dizia o papel. "Paixão pelo clube", explicou ele, "porque este time, este elenco, não vale nada, ainda mais desfalcado do Lúcio [meia-atacante que defendeu Santos, Flamengo e Goiás]".
Ele não escondia o pessimismo antes mesmo de a bola rolar. "Acho muito difícil o time fazer pontos aqui. A pressão da torcida do Palmeiras será muito grande", disse, sem dissimular a descrença na permanência do time na primeira divisão.
Após esse discurso, surgiu a pergunta inevitável: "Qual a motivação para vir ao jogo?".
"Estou com os pés inchados de tanto andar de ônibus. Sou doido, maluco mesmo", respondeu, sorrindo e esfregando as mãos, antes de arriscar um palpite: "1 a 0 tá bom".
Para quem? "Espero que pro Fortaleza, mas não acredito."
Se ele mesmo se dizia doido, o que pensar de seu colega na empreitada, o cunhado Jonathan Malvão de Almeida, 16?
Também com a camisa do Fortaleza, o estudante mora em São José dos Campos (interior de São Paulo), onde os dois se encontraram antes da viagem para a capital paulista.
Ele ficou mais reticente ao ser abordado pela reportagem e deixou Oliveira responder a maioria das perguntas. Mas houve uma de que não teve como se esquivar, afinal, o Fortaleza não é o time mais popular na região do Vale do Paraíba. "Na verdade, eu sou é palmeirense, mas estou aqui com meu cunhado, que veio de muito longe para ver esta partida, hoje na torcida do Fortaleza, com camisa, bandeira e tudo."
Ele até arriscou o mesmo palpite do amigo, mas, ao ser lembrado de que uma derrota em casa dificultaria a situação do Palmeiras, também ameaçado pelo rebaixamento, retificou: "1 a 1, então, aí todos nós ficaremos felizes."0 (LF E PGA)


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