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Por paixão, torcedor encara 47h de ônibus
DA REPORTAGEM LOCAL
O comerciante cearense Antônio de Oliveira, 36, garantiu
ontem seu lugar no folclore do
futebol brasileiro.
Ele foi o primeiro dos 15 torcedores do Fortaleza a chegar
ontem à arquibancada do Parque Antarctica. Para ver o time,
antecipou as férias, encarou 47
horas de ônibus e uma temperatura de cerca de 15C, que o
fazia tiritar de frio antes mesmo de a noite chegar.
Oliveira trouxe até uma folha
impressa, para expressar sua
motivação para as câmeras. "Só
muita paixão", dizia o papel.
"Paixão pelo clube", explicou
ele, "porque este time, este
elenco, não vale nada, ainda
mais desfalcado do Lúcio
[meia-atacante que defendeu
Santos, Flamengo e Goiás]".
Ele não escondia o pessimismo antes mesmo de a bola rolar. "Acho muito difícil o time
fazer pontos aqui. A pressão da
torcida do Palmeiras será muito grande", disse, sem dissimular a descrença na permanência
do time na primeira divisão.
Após esse discurso, surgiu a
pergunta inevitável: "Qual a
motivação para vir ao jogo?".
"Estou com os pés inchados
de tanto andar de ônibus. Sou
doido, maluco mesmo", respondeu, sorrindo e esfregando
as mãos, antes de arriscar um
palpite: "1 a 0 tá bom".
Para quem? "Espero que pro
Fortaleza, mas não acredito."
Se ele mesmo se dizia doido,
o que pensar de seu colega na
empreitada, o cunhado Jonathan Malvão de Almeida, 16?
Também com a camisa do
Fortaleza, o estudante mora
em São José dos Campos (interior de São Paulo), onde os dois
se encontraram antes da viagem para a capital paulista.
Ele ficou mais reticente ao
ser abordado pela reportagem e
deixou Oliveira responder a
maioria das perguntas. Mas
houve uma de que não teve como se esquivar, afinal, o Fortaleza não é o time mais popular
na região do Vale do Paraíba.
"Na verdade, eu sou é palmeirense, mas estou aqui com meu
cunhado, que veio de muito
longe para ver esta partida, hoje
na torcida do Fortaleza, com
camisa, bandeira e tudo."
Ele até arriscou o mesmo palpite do amigo, mas, ao ser lembrado de que uma derrota em
casa dificultaria a situação do
Palmeiras, também ameaçado
pelo rebaixamento, retificou: "1
a 1, então, aí todos nós ficaremos felizes."0
(LF E PGA)
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