São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2008

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TOSTÃO

Nada mais que vaidades


Os grandes vencedores são vaidosos, ambiciosos e perfeccionistas. Mas tudo tem limites

MESMO QUANDO o tempo e os fatos mostram que nós, comentaristas, estamos errados, tentamos, com bons e maus argumentos, provar que estamos certos. "Vaidades, nada mais que vaidades."
Hoje, sem perder a vaidade, demoro menos tempo para reconhecer meus equívocos. Prefiro também o meu canto, a minha intimidade e o convívio com as pessoas queridas a lutar por tolas vaidades.
Os treinadores, pela supervalorização que tiveram, são ainda mais vaidosos. Raramente aceitam críticas e admitem seus erros.
O Flamengo tem atuado com três zagueiros e mais um volante-zagueiro (Toró). Ficam somente dois armadores, Kleberson e Ibson, que também avançam. O time desarma e arma pouco no meio-campo. No segundo tempo contra a Lusa, em vez de colocar Toró no meio-campo e/ ou mais um armador, Caio Júnior fez o contrário: trocou Kleberson por mais um meia ofensivo. Ficou muito pior.
Após a partida, Caio Júnior, com seu olhar de professor sabe-tudo, deu milhares de explicações para o empate, sem admitir seus erros.
Evidentemente, nenhum time ganha ou perde jogos por apenas um motivo nem por um único acerto ou erro de um técnico.
Após ser criticado, Adilson Batista costuma dizer que é um estudioso do futebol. É verdade. Mas ele quer dizer também que os que o criticam não sabem nada.
Estudar muito, freqüentar a faculdade ou ter sido um jogador, craque ou não, não dá a ninguém, sem ter outras virtudes, condições para ser um ótimo técnico.
Adilson é um bom técnico porque estuda muito e por ter outras qualidades. Se quiser evoluir, terá de descobrir o misterioso bom senso. Isso é difícil.
Para contrariar o colega Rodrigo Bueno, que escreveu que gostaria de me ver como técnico, eu seria um fracasso. Se acontecesse essa loucura, iria assistir aos jogos lá de cima, ficando o auxiliar na lateral de campo. Na primeira derrota, os torcedores e os críticos diriam que faltou comando à equipe. Além disso, a maioria dos jogadores gosta de técnicos autoritários e que decidem tudo o que eles devem fazer.
Muricy é também vaidoso, do seu jeito. Já Luxemburgo é uma dessas pessoas que necessitam receber elogios todos os dias. Se isso não acontece, ele elogia a si próprio. Quando voltou da Europa, o técnico disse que o seu grande erro foi se sentir um Zé Mané. Ele se sentiu humilhado por não ser bajulado, como ocorre no Brasil.
A vaidade ajuda mais que atrapalha. Talvez falte a Celso Roth ser mais vaidoso. Os grandes vencedores são vaidosos, perfeccionistas e ambiciosos. Eles sabem que precisam se preparar muito bem para serem vencedores e elogiados. Além disso, as pessoas, cada vez mais, gostam de ser mais admiradas e elogiadas que amadas.
Mas tudo tem limites.
Assim como acontece com muitos atletas famosos, será que os excessivos compromissos de Luxemburgo, que são mais para satisfazer sua vaidade e ambição, como o de comentar o jogo do Palmeiras, na Argentina, pela TV Globo, não diminui o tempo que ele tem dedicado ao trabalho de treinador? Já Muricy, só pensa em futebol.


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