São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2011

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Lusa lá

No Canindé com quase 13 mil torcedores, equipe de Jorginho sela conquista épica para a Portuguesa, que ganha seu 1° título nacional e emociona torcida

LEONARDO LOURENÇO

DE SÃO PAULO

Não deve ser nada fácil torcer para a Portuguesa.
O que se viu ontem no Canindé foi algo raro. Havia filas nas bilheterias, nas catracas e até nos bares do estádio. Ontem, a ola conseguiu dar a volta completa na arquibancada -com a óbvia exceção do setor dos visitantes.
A ocasião, entretanto, era tão incomum quanto a grande presença de público.
Não é todo dia, ano ou mesmo década que a torcida lusitana tem chance de ver seu time vencer um campeonato.
Algo que está diretamente ligado ao fato de tão poucas vezes o Canindé ter sido tomado como foi para o confronto com o Sport.
A última vez que a Portuguesa conquistou um torneio de primeira linha foi no longíquo 1973 -ainda assim, um Paulista que foi dividido com o Santos graças ao erro do árbitro Armando Marques, que não soube contar quantos pênaltis já tinham sido batidos, ou quantos faltavam.
A Série B não é exatamente um torneio de primeira linha, mas é bem mais importante que a segunda divisão do Estadual, caneco mais recente da galeria do Canindé.
Detalhe ignorado pelos 12.829 torcedores que encheram o estádio contra os pernambucanos. Mais de três vezes a média de público da equipe na competição.
Talvez pela espetacular campanha do time (68% de aproveitamento), ou mesmo pela saudade de gritar "é campeã" -as muitas crianças que viam o jogo ao vivo testemunhavam ali uma situação inédita em suas vidas.
O ponto é que, ontem, a vida dos torcedores da Lusa foi adoçada durante 90 minutos.
Mas não por todos eles.
Afinal, o Sport ainda sonha com o acesso. E inventou de assustar logo aos 3min, quando Montoya abriu o placar.
No intervalo, o título só era da Portuguesa porque o Náutico, único que ainda podia tirar a taça do Canindé, não conseguia bater o Barueri.
Até que o meia Marco Antônio soltou uma bomba da intermediária e empatou a partida num golaço.
O empate era suficiente para a Portuguesa não depender de mais ninguém. Ainda assim, Luís Ricardo virou.
Só aí os torcedores se livraram da timidez e iniciaram a comemoração, a primeira por uma conquista nacional.
O gol de Robston, que decretou o 2 a 2 final, mal foi sentido. A rápida festa pernambucana logo foi abafada pelos gritos lusitanos.
Quando o jogo terminou e o título se concretizou, os jogadores correram na direção do alambrado que cerca o gramado. Celebraram com os torcedores que ficaram -alguns, desacostumados com o que acontecia, simplesmente deixaram o Canindé, mesmo com os atletas dançando o "vira" no meio do campo.
No fim, justamente a persistência em alentar a Lusa por tantos anos complicados foi o que amplificou a alegria daqueles torcedores. No fim, ontem, nada era mais fácil do que torcer para a Portuguesa.


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