São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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FUTEBOL

São Caetano e Atlético-MG decidem vaga com uma das maiores médias de idade da história do Brasileiro no setor

Final terá meio-campo da "terceira idade"

MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Duas equipes que possuem um dos meios-campo com maior média de idade da história do Campeonato Brasileiro definirão hoje um dos finalistas da competição.
São Caetano e Atlético-MG, que se enfrentarão às 16h no estádio Anacleto Campanella, têm jogadores com média de 30 anos no setor onde o fôlego é essencial e que vem garantindo o sucesso das equipes até aqui.
Valdo, do Atlético, é o mais velho, com 36 anos. No São Caetano, Simão, que fez 33 no mês passado, passou a ser o mais velho após Adãozinho, nascido em maio, reduzir em três anos a sua idade, passando para 30 anos, sob a alegação de que foi registrado atrasado por seu pai para poder trabalhar na pré-adolescência.
""Nosso meio-campo só tem jogadores da terceira idade. Em termos futebolísticos, essa é a realidade. E eles são uns animais para marcar", diz o atacante Muller, reserva do São Caetano, que completará 36 anos no mês que vem.
De fato, o grande mérito desse setor da equipe do ABC está na marcação forte, enquanto o mérito do meio-campo do Atlético tem sido a precisão dos passes.
O São Caetano lidera o Brasileiro em desarmes, com média de 142,4 por partida, de acordo com as estatísticas do Datafolha.
Seus quatro meio-campistas respondem por 35% dos desarmes do time -Serginho (média de 18,3), Simão (16,8), Adãozinho (9,2) e Esquerdinha (5,6).
""A pegada melhor do time deste ano em relação ao do ano passado deu um equilíbrio maior", afirma o técnico Jair Picerni.
Com a vida de seus zagueiros facilitada por essa marcação, o clube tem a defesa menos vazada, com 25 gols sofridos em 28 jogos. Hoje, se não tomar gol no tempo normal e na prorrogação, como ocorreu contra o Bahia, irá para a sua segunda decisão seguida.
""O São Caetano é forte em seu todo, mas os mais experientes acabam se sobressaindo devido à sua técnica", diz o treinador.
""O trabalho de preparação física da nossa equipe é excelente. Eu me sinto com a mesma disposição que os mais novos em campo", afirma Adãozinho.
Esquerdinha, um dos que mais correm no time, diz que ele próprio se surpreende durante os jogos. ""A vontade é tanta que acabo buscando fôlego nem sei onde. É como se eu estivesse começando a minha carreira. Aliás, no São Caetano, estou recomeçando."
No Atlético-MG, todos os quatro jogadores do meio-campo têm índices de acerto de passe superiores ao da média do Brasileiro, que é de 83,5% por partida.
Valdo, o mais velho, com 36 anos, é o melhor nesse quesito, com média de 92,6%, seguido de Djair, com 90,9%, Gilberto Silva, com 90,4%, e Ramon, com 86%.
""A excelente qualidade técnica do Atlético se deve principalmente a esse meio-campo. O time praticamente não tem um volante de contenção. São mais armadores. Com isso, acho que vamos ter um jogo bem aberto, propício a muitos gols", observa Picerni.
O técnico Levir Culpi quer uma ""mudança de postura" em seu time no jogo de hoje, mas não em relação ao aspecto tático. Sua preocupação é quanto ao fiasco que o Atlético tem repetido fora do Mineirão, longe da sua torcida.
O aproveitamento da equipe mineira nos campos dos adversários é de apenas 36% -com sete derrotas, três empates e quatro vitórias fora de casa. No Mineirão, a situação é outra, com quase 90% de aproveitamento.
"Precisamos ter uma resposta melhor fora de casa. Todos estão conscientes disso. O grupo evoluiu e joga nesta reta final com mais determinação. Isso [a mudança" é extremamente necessário para superar um adversário de qualidade", afirma Culpi.
"Nosso time precisa criar uma característica para jogar fora. Os vencedores não podem ter medo de errar", diz o zagueiro Álvaro.
""Cabe a nós abrir uma nova página na história", diz Valdo, referindo-se ao fato de seu time ter sido o que mais vezes chegou entre os quatro na história do Brasileiro, mas com sucesso em apenas uma delas, no título de 1971.



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