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FUTEBOL
Renúncias imediatas
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
A unânime aprovação do relatório da CPI do Senado foi
o fato mais importante do futebol
brasileiro do ano. Talvez da década. Os senadores Geraldo Althoff
e Álvaro Dias e os deputados Aldo
Rebelo e Sílvio Torres fizeram ótimos trabalhos.
Após as contundentes e bem documentadas denúncias, os conselheiros e os presidentes de clubes e
federações não envolvidas deveriam pressionar e pedir as renúncias imediatas dos acusados. O
ministro dos Esportes, Carlos
Melles, já fez isso.
Os denunciados não foram condenados, irão se defender na Justiça, mas deveriam fazer isso fora
de seus cargos. Perderam a credibilidade e a legitimidade. As renúncias são fundamentais para
uma reorganização do futebol
brasileiro.
Já que é momento de mudanças, a comissão de "notáveis" que
elaborou o calendário quadrienal
precisa repensar o que fez. Todos
os dirigentes de clubes concordaram com o atual regulamento do
Campeonato Brasileiro. Uma
competição com apenas quatro
meses de duração e com único
turno, porém, é lastimável.
Em todo o mundo, o campeonato nacional é por pontos corridos,
turno e returno e com no mínimo
oito meses de duração. No final,
somam-se os pontos. É o único
critério justo.
Os primeiros colocados passariam a ter o direito de jogarem
outros campeonatos, como Libertadores, Copa do Brasil e Mercosul. Esses, seriam nos meios de semana, além das partidas da seleção, sem justaposição de datas.
Os finais de semana, durante
dois meses, seriam reservados para os torneios estaduais ou regionais. Não sei qual seria melhor.
Haveria três divisões, com no máximo 24 clubes em cada uma,
com acesso e descenso. Os outros
dois meses seriam para as férias e
a pré-temporada.
O critério técnico tem de estar à
frente do econômico. Somente assim o campeonato terá credibilidade. A médio prazo, o critério
técnico seria também o mais rentável. Qualquer matemático de
botequim faria um bom calendário. Basta querer!
Aposto nos vencedores
Quais serão os finalistas do Brasileiro? Numa disputa equilibrada, as previsões de um comentarista esportivo têm o mesmo valor
que as de uma cartomante. Uma
furada inesperada, uma expulsão, uma contusão, um erro do
juiz e dos auxiliares e os mistérios
são tão ou mais importantes do
que os detalhes técnicos e táticos.
Se apostarem nos times que jogarão em casa e pelo empate, terão um pouco mais de chances de
acertar. Desde que eles joguem
para vencer, como fizeram na rodada anterior.
Das quatro, o Atlético-MG é a
equipe mais experiente e a que
tem os melhores jogadores. O trio
ofensivo formado por Marques,
Guilherme e Ramon é excepcional. Eles se completam. Gilberto
Silva, Felipe, Valdo e Velloso também estão muito bem. No último
jogo, até o Cleison se destacou.
Preocupou-se em jogar futebol e
não em fazer faltas.
O grande problema do Atlético-MG é atuar fora de casa, principalmente na defesa. O time sente
falta do entusiasmo e carinho de
sua espetacular torcida. Fica desamparado, como uma criança
longe dos pais. Hoje, pode ser diferente. Depois de várias derrotas, o
time pode ter amadurecido e
aprendido a conviver com a falta.
Contra o Bahia, o São Caetano
não foi o time equilibrado e talentoso de sempre. Foi muito cauteloso. Como disse o Anaílson, teve
medo de levar o primeiro gol. Não
se soltou. Por isso, quase perde.
Contra o São Paulo, o Atlético-PR mostrou suas virtudes e defeitos. No momento, a equipe ocupa
o lugar que o Grêmio teve no primeiro semestre. Além de uma forte marcação, o time tem melhores
jogadores de ataque do que o Grêmio. Na defesa, o zagueiro Nem,
assim como o Marinho, do Grêmio, adora fazer um pênalti. Cléber, do Santos, é outro. Essa característica é importante para se
conhecer bem um zagueiro.
Por gostar de jogar no campo do
adversário, o Atlético-PR deixa
muitos espaços na defesa. O veloz
Magno Alves pode aproveitar. Na
quarta-feira, o Fluminense foi dominado pela Ponte Preta na
maior parte do jogo, mas venceu.
É uma característica do time. Será o "Sobrenatural de Almeida"
do Nelson Rodrigues ou competência? Provavelmente, os dois.
Nesse momento decisivo, torcedores, comentaristas, jogadores e
principalmente técnicos têm muitas dúvidas sobre os resultados, a
escalação e a melhor maneira de
atuar das equipes. Certezas, só
têm os que não sabem.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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