São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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FUTEBOL

Renúncias imediatas

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

A unânime aprovação do relatório da CPI do Senado foi o fato mais importante do futebol brasileiro do ano. Talvez da década. Os senadores Geraldo Althoff e Álvaro Dias e os deputados Aldo Rebelo e Sílvio Torres fizeram ótimos trabalhos.
Após as contundentes e bem documentadas denúncias, os conselheiros e os presidentes de clubes e federações não envolvidas deveriam pressionar e pedir as renúncias imediatas dos acusados. O ministro dos Esportes, Carlos Melles, já fez isso.
Os denunciados não foram condenados, irão se defender na Justiça, mas deveriam fazer isso fora de seus cargos. Perderam a credibilidade e a legitimidade. As renúncias são fundamentais para uma reorganização do futebol brasileiro.
Já que é momento de mudanças, a comissão de "notáveis" que elaborou o calendário quadrienal precisa repensar o que fez. Todos os dirigentes de clubes concordaram com o atual regulamento do Campeonato Brasileiro. Uma competição com apenas quatro meses de duração e com único turno, porém, é lastimável.
Em todo o mundo, o campeonato nacional é por pontos corridos, turno e returno e com no mínimo oito meses de duração. No final, somam-se os pontos. É o único critério justo.
Os primeiros colocados passariam a ter o direito de jogarem outros campeonatos, como Libertadores, Copa do Brasil e Mercosul. Esses, seriam nos meios de semana, além das partidas da seleção, sem justaposição de datas.
Os finais de semana, durante dois meses, seriam reservados para os torneios estaduais ou regionais. Não sei qual seria melhor. Haveria três divisões, com no máximo 24 clubes em cada uma, com acesso e descenso. Os outros dois meses seriam para as férias e a pré-temporada.
O critério técnico tem de estar à frente do econômico. Somente assim o campeonato terá credibilidade. A médio prazo, o critério técnico seria também o mais rentável. Qualquer matemático de botequim faria um bom calendário. Basta querer!

Aposto nos vencedores
Quais serão os finalistas do Brasileiro? Numa disputa equilibrada, as previsões de um comentarista esportivo têm o mesmo valor que as de uma cartomante. Uma furada inesperada, uma expulsão, uma contusão, um erro do juiz e dos auxiliares e os mistérios são tão ou mais importantes do que os detalhes técnicos e táticos.
Se apostarem nos times que jogarão em casa e pelo empate, terão um pouco mais de chances de acertar. Desde que eles joguem para vencer, como fizeram na rodada anterior.
Das quatro, o Atlético-MG é a equipe mais experiente e a que tem os melhores jogadores. O trio ofensivo formado por Marques, Guilherme e Ramon é excepcional. Eles se completam. Gilberto Silva, Felipe, Valdo e Velloso também estão muito bem. No último jogo, até o Cleison se destacou. Preocupou-se em jogar futebol e não em fazer faltas.
O grande problema do Atlético-MG é atuar fora de casa, principalmente na defesa. O time sente falta do entusiasmo e carinho de sua espetacular torcida. Fica desamparado, como uma criança longe dos pais. Hoje, pode ser diferente. Depois de várias derrotas, o time pode ter amadurecido e aprendido a conviver com a falta.
Contra o Bahia, o São Caetano não foi o time equilibrado e talentoso de sempre. Foi muito cauteloso. Como disse o Anaílson, teve medo de levar o primeiro gol. Não se soltou. Por isso, quase perde.
Contra o São Paulo, o Atlético-PR mostrou suas virtudes e defeitos. No momento, a equipe ocupa o lugar que o Grêmio teve no primeiro semestre. Além de uma forte marcação, o time tem melhores jogadores de ataque do que o Grêmio. Na defesa, o zagueiro Nem, assim como o Marinho, do Grêmio, adora fazer um pênalti. Cléber, do Santos, é outro. Essa característica é importante para se conhecer bem um zagueiro.
Por gostar de jogar no campo do adversário, o Atlético-PR deixa muitos espaços na defesa. O veloz Magno Alves pode aproveitar. Na quarta-feira, o Fluminense foi dominado pela Ponte Preta na maior parte do jogo, mas venceu. É uma característica do time. Será o "Sobrenatural de Almeida" do Nelson Rodrigues ou competência? Provavelmente, os dois.
Nesse momento decisivo, torcedores, comentaristas, jogadores e principalmente técnicos têm muitas dúvidas sobre os resultados, a escalação e a melhor maneira de atuar das equipes. Certezas, só têm os que não sabem.
E-mail tostao.folha@uol.com.br

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