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Pato quer deixar de ser virtual
Gilvan de Souza/Lancepress
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Alexandre Pato, estrela da seleção olímpica do Brasil, participa de treino na Granja Comary |
Personagem de videogame, atacante disputa jogo com a seleção olímpica após quatro meses sem atuar
Azeite ajuda na adaptação de atacante à Itália, onde
só deve entrar em campo valendo pontos pelo Milan em janeiro próximo
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
O Brasil começou o ano falando dele e vai terminar falando dele. Destaque da seleção
sub-20 em janeiro, o atacante
Alexandre Pato, do Milan, 18,
vai ser a principal atração da estréia da seleção olímpica hoje,
no Engenhão, no amistoso contra a seleção do Brasileiro que
fecha a temporada.
Em entrevista à Folha, o jogador disse que vai "deixar de
ser virtual" neste domingo.
Sem jogar uma partida oficial
desde agosto, quando saiu do
Internacional para se transferir para o milionário futebol
italiano, Pato disse que passa o
tempo jogando pelo Milan -no
videogame. Na vida real, teve
de esperar a maioridade para
poder ser inscrito pelo clube.
Fora de casa desde os 11 anos,
quando deixou Pato Branco, no
Paraná, para defender o Inter,
o jogador contou que já está
adaptado ao novo país e que
quer "vestir sempre a camisa
da seleção". "Quero jogar a
Olimpíada e a Copa de 2010."
FOLHA - Você será o protagonista
hoje na partida da seleção olímpica.
Você está pronto?
ALEXANDRE PATO - Não gosto disto. Sou igual a todos aqui. Ninguém ganha nada sozinho. Todos estão aqui buscando a vaga
na Olimpíada. Isso será uma
motivação para todos.
FOLHA - A medalha de ouro olímpica é um título inédito para o Brasil.
Várias gerações tentaram e fracassaram. Isso é um peso para vocês?
PATO - No futebol, cada jogo é
uma história. Não me impressiono por isso. O meu plano é
sempre estar na seleção. Espero jogar a Olimpíada na China e
vou fazer de tudo para conseguir esse título.
FOLHA - Você já está há quatro meses na Itália. Como está sendo a sua
adaptação?
PATO - Bem calma. O clube me
oferece tudo. Já estou falando
melhor o italiano. A cidade e a
cultura deles são diferentes,
mas bacanas. Adoro a comida.
Eles têm azeites maravilhosos,
além de massas especiais.
FOLHA - Você mora sozinho ou
com a família?
PATO - Vivo sem a família. Já
estou acostumado. Deixei, com
11 anos, minha casa [nasceu em
Pato Branco, no Paraná] para
jogar no Internacional. De início, os meus pais ficaram na
Itália. Agora, vivo com um amigo e a mãe dele. Ele é meu motorista, e a mãe dele faz a comida. Eles são paraguaios e vieram do Brasil comigo.
FOLHA - Com essa saída tão cedo
de casa, você conseguiu estudar?
PATO - Sempre estudei. Só não
consegui terminar o último ano
do ensino médio por causa da
minha ida para a Itália. Mesmo
assim, penso em fazer uma faculdade. Estou dividido entre
educação física ou fisioterapia.
FOLHA - Você está muito tempo
sem jogar. Como administra essa situação?
PATO - Tento me manter tranqüilo. Vou muito para a casa do
Emerson [ex-volante da seleção e também atleta do Milan].
Jogamos muito videogame.
Gosto também de ficar na internet e leio muitos livros.
FOLHA - No mundo virtual, você já
joga pelo Milan?
PATO - Na última versão do
Playstation, já estou no time. É
bem legal. Fico sempre jogando
com o Milan e sempre me escalo. No domingo [hoje], vou deixar de ser virtual.
FOLHA - O Milan tem uma estrutura bem melhor do que os clubes do
Brasil?
PATO - É. Eles me ajudam em
tudo. Fico sempre emocionado
quando vejo um jogo no estádio
[San Siro]. No último que fui
[contra o Celtic, da Escócia],
gravei imagens no meu celular.
Fico revendo aquilo toda hora e
me imaginando lá. Espero já estar em campo em janeiro. Vai
ser demais.
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