São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Pato quer deixar de ser virtual

Gilvan de Souza/Lancepress
Alexandre Pato, estrela da seleção olímpica do Brasil, participa de treino na Granja Comary


Personagem de videogame, atacante disputa jogo com a seleção olímpica após quatro meses sem atuar

Azeite ajuda na adaptação de atacante à Itália, onde só deve entrar em campo valendo pontos pelo Milan em janeiro próximo

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

O Brasil começou o ano falando dele e vai terminar falando dele. Destaque da seleção sub-20 em janeiro, o atacante Alexandre Pato, do Milan, 18, vai ser a principal atração da estréia da seleção olímpica hoje, no Engenhão, no amistoso contra a seleção do Brasileiro que fecha a temporada.
Em entrevista à Folha, o jogador disse que vai "deixar de ser virtual" neste domingo. Sem jogar uma partida oficial desde agosto, quando saiu do Internacional para se transferir para o milionário futebol italiano, Pato disse que passa o tempo jogando pelo Milan -no videogame. Na vida real, teve de esperar a maioridade para poder ser inscrito pelo clube.
Fora de casa desde os 11 anos, quando deixou Pato Branco, no Paraná, para defender o Inter, o jogador contou que já está adaptado ao novo país e que quer "vestir sempre a camisa da seleção". "Quero jogar a Olimpíada e a Copa de 2010."

FOLHA - Você será o protagonista hoje na partida da seleção olímpica. Você está pronto?
ALEXANDRE PATO
- Não gosto disto. Sou igual a todos aqui. Ninguém ganha nada sozinho. Todos estão aqui buscando a vaga na Olimpíada. Isso será uma motivação para todos.

FOLHA - A medalha de ouro olímpica é um título inédito para o Brasil. Várias gerações tentaram e fracassaram. Isso é um peso para vocês?
PATO
- No futebol, cada jogo é uma história. Não me impressiono por isso. O meu plano é sempre estar na seleção. Espero jogar a Olimpíada na China e vou fazer de tudo para conseguir esse título.

FOLHA - Você já está há quatro meses na Itália. Como está sendo a sua adaptação?
PATO
- Bem calma. O clube me oferece tudo. Já estou falando melhor o italiano. A cidade e a cultura deles são diferentes, mas bacanas. Adoro a comida. Eles têm azeites maravilhosos, além de massas especiais.

FOLHA - Você mora sozinho ou com a família?
PATO
- Vivo sem a família. Já estou acostumado. Deixei, com 11 anos, minha casa [nasceu em Pato Branco, no Paraná] para jogar no Internacional. De início, os meus pais ficaram na Itália. Agora, vivo com um amigo e a mãe dele. Ele é meu motorista, e a mãe dele faz a comida. Eles são paraguaios e vieram do Brasil comigo.

FOLHA - Com essa saída tão cedo de casa, você conseguiu estudar?
PATO
- Sempre estudei. Só não consegui terminar o último ano do ensino médio por causa da minha ida para a Itália. Mesmo assim, penso em fazer uma faculdade. Estou dividido entre educação física ou fisioterapia.

FOLHA - Você está muito tempo sem jogar. Como administra essa situação?
PATO
- Tento me manter tranqüilo. Vou muito para a casa do Emerson [ex-volante da seleção e também atleta do Milan]. Jogamos muito videogame. Gosto também de ficar na internet e leio muitos livros.

FOLHA - No mundo virtual, você já joga pelo Milan?
PATO
- Na última versão do Playstation, já estou no time. É bem legal. Fico sempre jogando com o Milan e sempre me escalo. No domingo [hoje], vou deixar de ser virtual.

FOLHA - O Milan tem uma estrutura bem melhor do que os clubes do Brasil?
PATO
- É. Eles me ajudam em tudo. Fico sempre emocionado quando vejo um jogo no estádio [San Siro]. No último que fui [contra o Celtic, da Escócia], gravei imagens no meu celular. Fico revendo aquilo toda hora e me imaginando lá. Espero já estar em campo em janeiro. Vai ser demais.

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