São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Arenas de Copa não atraem empresas

Pesquisa da FGV aponta que só 19% de líderes empresariais investiriam em estádios para Mundial-2014

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com os esforços do ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., para demonstrar que os estádios da Copa do Mundo de 2014 devem ser de inteira responsabilidade da iniciativa privada, o empresariado brasileiro ainda vê essa possibilidade com certa desconfiança.
Prova disso é que, em uma pesquisa instantânea feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) entre associados do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), constatou-se que 54% dos empreendedores não estariam dispostos a investir em obras de infra-estrutura, como estádios de futebol, para a Copa. Outros 27% disseram que talvez investiriam. E o restante, 19%, respondeu que sim.
A pesquisa foi realizada na quinta-feira, durante um evento promovido pelo Lide, que contou com a presença do ministro e de 186 executivos de empresas, entre as quais Coca-Cola, Nestlé, Golden Cross, Oi, CPFL e Brasil Telecom.
O ministro, que tem sido garoto-propaganda da Copa para empresários, discursou sobre a necessidade de transferir do governo para a iniciativa privada a gestão dos estádios.
"Discuto se a função de manter o estádio deve ser do Estado. A administração privada facilita a manutenção. Aposto que a Copa pode mudar o perfil da gestão dos estádios, que passarão a ser encarados como arenas multiuso. O que pode atrair o setor privado é um projeto de estádio que explore o setor imobiliário", conta Silva Jr.
Ao contrário da Europa, onde as principais arenas têm seu nome associado a uma marca, no Brasil, o Kyocera Arena é um dos raros exemplos de estádio explorado comercialmente.
A falta de tradição nesse tipo de empreendimento provoca desconfiança nos investidores.
"Votei no "talvez" porque acho que a parte de infra-estrutura deve ser de responsabilidade do governo. Ainda não existe no Brasil cultura de investimento de empresas em estádios. Mas acho que será interessante se houver PPPs [parcerias público-privadas]", diz Paulo Rodolfo, diretor da filial São Paulo da Brasil Telecom.
Outro fator que provoca insegurança é falta de modelos de gestão profissional no futebol.
"Os investimentos na Copa são grandes, então é necessária muita transparência. Na maioria das vezes, o empresário investe em futebol por sua paixão. E esses investimentos, na maioria das vezes, são de curto prazo. Isso reflete o baixo nível de confiança do investidor no produto futebol", explica João Doria Jr., presidente da Lide.
Outro ponto muito propagado pelo ministro em seu discursos foi a Lei de Incentivo ao Esporte, que garante desconto no imposto de renda para patrocinadores do esporte. Mesmo assim, a pesquisa revelou que 65% dos líderes só aplicariam verba ou ampliariam seus investimentos no esporte se houvesse incentivo fiscal.
"Os empresários ainda têm uma cultura limitada sobre investimento na área de esportes. Mas isso é um retrato do momento. A Lei de Incentivo ao Esporte foi regulamentada neste ano. Agora é que os projetos começam a ser avaliados", analisa o ministro do Esporte.

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