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Arenas de Copa não atraem empresas
Pesquisa da FGV aponta que só 19% de líderes empresariais investiriam em estádios para Mundial-2014
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com os esforços do
ministro do Esporte, Orlando
Silva Jr., para demonstrar que
os estádios da Copa do Mundo
de 2014 devem ser de inteira
responsabilidade da iniciativa
privada, o empresariado brasileiro ainda vê essa possibilidade com certa desconfiança.
Prova disso é que, em uma
pesquisa instantânea feita pela
FGV (Fundação Getúlio Vargas) entre associados do Lide
(Grupo de Líderes Empresariais), constatou-se que 54%
dos empreendedores não estariam dispostos a investir em
obras de infra-estrutura, como
estádios de futebol, para a Copa. Outros 27% disseram que
talvez investiriam. E o restante,
19%, respondeu que sim.
A pesquisa foi realizada na
quinta-feira, durante um evento promovido pelo Lide, que
contou com a presença do ministro e de 186 executivos de
empresas, entre as quais Coca-Cola, Nestlé, Golden Cross, Oi,
CPFL e Brasil Telecom.
O ministro, que tem sido garoto-propaganda da Copa para
empresários, discursou sobre a
necessidade de transferir do
governo para a iniciativa privada a gestão dos estádios.
"Discuto se a função de manter o estádio deve ser do Estado. A administração privada facilita a manutenção. Aposto
que a Copa pode mudar o perfil
da gestão dos estádios, que passarão a ser encarados como
arenas multiuso. O que pode
atrair o setor privado é um projeto de estádio que explore o setor imobiliário", conta Silva Jr.
Ao contrário da Europa, onde as principais arenas têm seu
nome associado a uma marca,
no Brasil, o Kyocera Arena é
um dos raros exemplos de estádio explorado comercialmente.
A falta de tradição nesse tipo
de empreendimento provoca
desconfiança nos investidores.
"Votei no "talvez" porque
acho que a parte de infra-estrutura deve ser de responsabilidade do governo. Ainda não
existe no Brasil cultura de investimento de empresas em estádios. Mas acho que será interessante se houver PPPs [parcerias público-privadas]", diz
Paulo Rodolfo, diretor da filial
São Paulo da Brasil Telecom.
Outro fator que provoca insegurança é falta de modelos de
gestão profissional no futebol.
"Os investimentos na Copa
são grandes, então é necessária
muita transparência. Na maioria das vezes, o empresário investe em futebol por sua paixão. E esses investimentos, na
maioria das vezes, são de curto
prazo. Isso reflete o baixo nível
de confiança do investidor no
produto futebol", explica João
Doria Jr., presidente da Lide.
Outro ponto muito propagado pelo ministro em seu discursos foi a Lei de Incentivo ao
Esporte, que garante desconto
no imposto de renda para patrocinadores do esporte. Mesmo assim, a pesquisa revelou
que 65% dos líderes só aplicariam verba ou ampliariam seus
investimentos no esporte se
houvesse incentivo fiscal.
"Os empresários ainda têm
uma cultura limitada sobre investimento na área de esportes. Mas isso é um retrato do
momento. A Lei de Incentivo
ao Esporte foi regulamentada
neste ano. Agora é que os projetos começam a ser avaliados",
analisa o ministro do Esporte.
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