São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Mundo separa Kaká e Riquelme

Enquanto astro do Milan reina na Europa, craque do Boca Juniors só encontra glória na América

Com trajetórias diferentes até em suas seleções, ídolos dos favoritos no Mundial têm poucos duelos na bola e, de novo, destino os separa

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um brilha na Europa, o outro é sinônimo de sucesso na América. Um ganha títulos com a seleção, o outro fracassa em momentos importantes pelo seu país. Um simboliza o craque moderno, o outro lembra mais os meias clássicos da antiga.
Kaká e Riquelme são hoje os maiores astros de Milan e Boca Juniors, mas, mais uma vez, suas trajetórias não se cruzarão em campo. O meia-atacante brasileiro servirá o time italiano no Mundial de Clubes, e o meia argentino não teve sua participação aprovada pela Fifa no torneio do Japão.
Em 2000, enquanto Kaká sofria incertezas nas divisões de base do São Paulo, Riquelme já ganhava a América e o mundo pelo Boca. No ano seguinte, o brasileiro ascenderia profissionalmente, mas ainda ficaria distante do argentino, de novo campeão da Libertadores e eleito o melhor do continente.
Muita coisa separou os dois até este 2007 em que Kaká, vencedor da Copa dos Campeões, ganhou a ""Bola de Ouro" (444 votos) e Riquelme, campeão da Libertadores e virtual melhor da América, foi só o 14º (15 votos) na tradicional premiação da ""France Football".
No time do coração, Riquelme ganhou tudo que era possível e virou um dos maiores ídolos. Volta agora mais uma vez ao Boca Juniors. Já Kaká não disputou torneio internacional oficial pelo São Paulo. Deixou o time de infância criticado por torcedores e não espera voltar.
Na Europa, os dois viveram situações bem diferentes também. Riquelme não vingou na temporada de estréia no Barcelona e acabou no modesto Vil-larreal, onde se destacou, mas ficou sem títulos de expressão.
Kaká, desde o início no Milan, impressionou. Virou logo titular e faturou títulos nacionais e continentais. Despertou interesse de outros gigantes.
Por pouco ambos não decidiram a Copa dos Campeões de 2006. Riquelme perdeu pênalti crucial na semifinal, e Kaká viu seu Milan ser batido pelo Barcelona de Ronaldinho na fase.
Os dois craques se aproximaram em campanhas publicitárias da Adidas, mas não travaram batalhas interclubes no novo e no velho continente.
Pelas suas seleções, aconteceram dois encontros pontuais, mas suas carreiras também tomaram rumos diferentes. Na Copa-2002, ainda em "fase de crescimento", Kaká foi chamado para integrar o elenco penta. Riquelme, já formado, foi preterido em seleção que ruiu.
Se Kaká ganhou espaço na seleção cedo, Riquelme coleciona fracassos pelo seu país desde garoto -foi assim no Pré-Olímpico-2000, no Brasil.
Na última Copa América, Kaká pediu dispensa e não teve como medir forças com Riquelme. Mas mesmo com uma equipe alternativa o Brasil parou a seleção argentina, guiada em campo pelo habilidoso meia.
Em 2005, um raro duelo na final da Copa das Confederações: 4 a 1 Brasil. Kaká fez gol, Riquelme sumiu. Um ano depois, em amistoso, Brasil 3 x 0 Argentina. Kaká anotou golaço, Riquelme saiu tão chateado com críticas que abandonou por quase um ano sua seleção.
Agora, no Mundial de Clubes, Riquelme só poderá torcer contra Kaká. E na volta do Japão os destinos serão de novo diferentes. O brasileiro volta à Europa, onde será melhor do mundo para a Fifa, e o argentino retorna para casa, na América.

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