São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008

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Brasileiros sofrem revés na elite do surfe mundial

Número de atletas do país no principal circuito do esporte diminui desde 2002

Entidade que organiza os Mundiais diz que o formato do atual circuito nacional, o SuperSurf, é um dos fatores que limitam a renovação


GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando caírem no mar do Havaí, nesta semana, para encarar as ondas tubulares da ilha de Oahu, 3 dos 6 brasileiros que integram o WCT (a elite do surfe masculino) estarão buscando mais que bons resultados no Pipeline Masters, campeonato que encerra a temporada.
Com apenas dois brasileiros classificados até o momento entre os 45 que disputarão o principal circuito mundial da modalidade em 2009, sobrou para Heitor Alves, 26, Leonardo Neves, 29, e Rodrigo Dornelles, 34, a missão de tentar livrar o país de um fiasco.
Caso não consigam se juntar a Adriano de Souza, o "Mineirinho" 21, e a Jihad Kohdr, 24, já garantidos para o próximo ano, o Brasil terá a menor representatividade desde que engrenou no circuito, em 1994.
O único ano em que houve somente dois atletas do país na elite foi 1992, quando a primeira divisão do surfe foi dividida em duas categorias: o WQS (a divisão de acesso) e o WCT.
Em 1993, eram três. Com a evolução dos atletas após a obtenção de patrocínios que permitiram viagens para adaptação ao formato do circuito, já se contabilizava nove brasileiros em 1994. O ápice do país foi 2001, com 11 competidores.
Porém, em 2002, ano em que o australiano Andy Irons conquistou o primeiro de seus três títulos que o alçariam à posição de principal rival de Kelly Slater, o Brasil começou a amargar sua lenta e gradual derrocada (ver quadro abaixo).
Neste ano, seis nomes nacionais figuram no ranking do WCT. Mas, com a contusão de um deles, Neco Padaratz, 32, são apenas cinco "na ativa".
Padaratz, no entanto, pode retornar ao circuito em 2009 através de um dos convites que os organizadores reservam para os que se machucaram.
Para o diretor de eventos da ASP (Associação dos Surfistas Profissionais), Renato Hickel, o revés do Brasil no circuito resulta de uma soma de fatores.
Mas, do seu escritório, na Austrália, ele falou à Folha o que considera o maior calo na renovação do surfe brasileiro.
"O SuperSurf, que é o campeonato brasileiro, deveria somar para o ranking do WQS. Isso facilitaria, pois haveria mais chances de os atletas pontuarem "em casa", nas cinco etapas desse circuito. O formato atual [do SuperSurf] é um "clube fechado", só tem 48 atletas."
O diretor da ASP na América do Sul, Roberto Perdigão, compartilha da opinião de Hickel. "É um circuito muito bem montado, mas não abre espaço suficiente para o contingente de atletas que temos com potencial para explodir no surfe."
O presidente da Abrasp (Associação Brasileira de Surfe Profissional), Marcelo Andrade, um dos organizadores do SuperSurf, rebate afirmando que essa "relação" entre a diminuição de brasileiros no WCT e o circuito nacional, criado em 2000, não faz sentido.
"No Brasil, a ASP realizou sete campeonatos WQS neste ano, e, mesmo assim, só o Jihad [Kohdr] conseguiu se firmar entre os 15 primeiros que se classificam para o WCT. Não dá para dizer, então, que a queda é culpa do SuperSurf."
Para Andrade, falta planejamento às marcas que investem nos atletas. "O pessoal acha que basta bancar o surfista e mandar ele viajar. Esse tempo já passou. Quem não levar a sério e investir na profissionalização vai ficar para trás."


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