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Brasileiros sofrem revés na elite do surfe mundial
Número de atletas do país no principal circuito do esporte diminui desde 2002
Entidade que organiza os Mundiais diz que o formato do atual circuito nacional, o SuperSurf, é um dos fatores que limitam a renovação
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando caírem no mar do
Havaí, nesta semana, para encarar as ondas tubulares da ilha
de Oahu, 3 dos 6 brasileiros que
integram o WCT (a elite do surfe masculino) estarão buscando mais que bons resultados no
Pipeline Masters, campeonato
que encerra a temporada.
Com apenas dois brasileiros
classificados até o momento
entre os 45 que disputarão o
principal circuito mundial da
modalidade em 2009, sobrou
para Heitor Alves, 26, Leonardo Neves, 29, e Rodrigo Dornelles, 34, a missão de tentar livrar o país de um fiasco.
Caso não consigam se juntar
a Adriano de Souza, o "Mineirinho" 21, e a Jihad Kohdr, 24, já
garantidos para o próximo ano,
o Brasil terá a menor representatividade desde que engrenou
no circuito, em 1994.
O único ano em que houve
somente dois atletas do país na
elite foi 1992, quando a primeira divisão do surfe foi dividida
em duas categorias: o WQS (a
divisão de acesso) e o WCT.
Em 1993, eram três. Com a
evolução dos atletas após a obtenção de patrocínios que permitiram viagens para adaptação ao formato do circuito, já se
contabilizava nove brasileiros
em 1994. O ápice do país foi
2001, com 11 competidores.
Porém, em 2002, ano em que
o australiano Andy Irons conquistou o primeiro de seus três
títulos que o alçariam à posição
de principal rival de Kelly Slater, o Brasil começou a amargar
sua lenta e gradual derrocada
(ver quadro abaixo).
Neste ano, seis nomes nacionais figuram no ranking do
WCT. Mas, com a contusão de
um deles, Neco Padaratz, 32,
são apenas cinco "na ativa".
Padaratz, no entanto, pode
retornar ao circuito em 2009
através de um dos convites que
os organizadores reservam para os que se machucaram.
Para o diretor de eventos da
ASP (Associação dos Surfistas
Profissionais), Renato Hickel, o
revés do Brasil no circuito resulta de uma soma de fatores.
Mas, do seu escritório, na
Austrália, ele falou à Folha o
que considera o maior calo na
renovação do surfe brasileiro.
"O SuperSurf, que é o campeonato brasileiro, deveria somar para o ranking do WQS. Isso facilitaria, pois haveria mais
chances de os atletas pontuarem "em casa", nas cinco etapas
desse circuito. O formato atual
[do SuperSurf] é um "clube fechado", só tem 48 atletas."
O diretor da ASP na América
do Sul, Roberto Perdigão, compartilha da opinião de Hickel.
"É um circuito muito bem
montado, mas não abre espaço
suficiente para o contingente
de atletas que temos com potencial para explodir no surfe."
O presidente da Abrasp (Associação Brasileira de Surfe
Profissional), Marcelo Andrade, um dos organizadores do
SuperSurf, rebate afirmando
que essa "relação" entre a diminuição de brasileiros no WCT e
o circuito nacional, criado em
2000, não faz sentido.
"No Brasil, a ASP realizou sete campeonatos WQS neste
ano, e, mesmo assim, só o Jihad
[Kohdr] conseguiu se firmar
entre os 15 primeiros que se
classificam para o WCT. Não
dá para dizer, então, que a queda é culpa do SuperSurf."
Para Andrade, falta planejamento às marcas que investem
nos atletas. "O pessoal acha que
basta bancar o surfista e mandar ele viajar. Esse tempo já
passou. Quem não levar a sério
e investir na profissionalização
vai ficar para trás."
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