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VÔLEI
Argentina chega a ter vaga olímpica nas mãos, mas saque do atacante conduz seleção à virada no 5º set
Joel assegura o Brasil na Olimpíada
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Ancorada na potência do saque
do oposto (atacante de definição)
Joel Monteiro, 25, a seleção brasileira masculina de vôlei bateu a
Argentina ontem, por 3 sets a 2
(21/25, 32/30, 25/22, 33/35 e 15/
13), ganhou invicta o Pré-Olímpico sul-americano e obteve a classificação para os Jogos de Sydney
(Austrália), em setembro.
Joel, que começou na reserva,
marcou 27 pontos na partida disputada no ginásio Lauro Gomes,
em São Caetano (Grande São
Paulo), totalmente lotado por
4.000 torcedores brasileiros.
Maior pontuador do Brasil, no
último set (tie-break) ele se mostrou ainda mais fundamental.
A Argentina tinha 6 a 3 no placar -chegara a fazer 6 a 2-, vantagem que, na regra em que toda
bola em jogo é ponto, e com o tie-break indo só até 15 pontos, dificilmente costuma ser revertida.
Mas Joel foi para o saque e, com
sua potência, desestabilizou a recepção argentina. Resultado: 6 a
6, e o Brasil de volta ao jogo.
Depois de a equipe conseguir
abrir 14 a 12, em um bloqueio do
meio-de-rede André, o levantador Ricardinho, com o placar em
14 a 13, deu a Joel a bola da vitória,
e ele a colocou no chão.
No terceiro set, Joel também havia feito o ponto decisivo.
Mas foi ainda no segundo set,
no lugar de Marcelo Negrão, que
o atacante começou a agir, evitando que a Argentina abrisse 2 a 0
no marcador. Os argentinos tiveram 24 a 22 no placar, mas, com
Joel sacando, o Brasil fez dois
"aces" (saques sem defesa) que
deram moral para o time reagir.
A partir daquele momento,
sempre que foi para o saque, Joel
teve o nome gritado pela torcida.
"O Joel estava no dia dele. Era
ele dar na bola que a gente fazia
(ponto)", disse o atacante Giba.
Os argentinos, que agora tentarão a vaga para Sydney pela repescagem, concordaram.
"No último set, o Joel virou o jogo. Foi determinante", disse Milinkovic, maior pontuador da
partida, com 33 pontos, que, também com um saque violento e eficaz, fora o responsável por dar à
Argentina uma vantagem de quatro pontos no set decisivo.
"Hoje (ontem), você pode fazer
o que quiser. Boto duas limusines
à sua disposição", disse a Joel, em
tom de brincadeira, Ary da Graça
Silva, presidente da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
"O Joel está batendo fraco porque ainda está se recuperando de
uma contusão no ombro. Vai bater ainda mais forte", afirmou,
bem-humorado, o técnico brasileiro Radamés Lattari, 42.
Entretanto, durante a partida,
Lattari passou maus momentos,
ao observar uma Argentina inferior tecnicamente (haviam sido 17
derrotas seguidas para o Brasil até
ontem), mas com os jogadores
bastante inspirados e determinados, jogar de igual para igual.
Tanto que o treinador brasileiro, de terno escuro em um ginásio
abafado, além de transpirar, passou a ficar com o rosto rubro de
tensão e nervosismo. "Nas partidas, jogamos parte de nossas vidas", comentou ele.
Lattari afirmou que o rival de
ontem soube aproveitar o "estado
emocional" da seleção brasileira,
segundo ele, debilitado pela pressão do favoritismo e pelas contusões que atingiram o time (Gustavo, Giba e Max) durante a semana. Só Giba recuperou-se.
No início da semana, outro jogador importante, o atacante Nalbert, pedira dispensa por causa da
morte do pai dele.
"A Argentina entrou tranquila e
deu um show", reconheceu o capitão Carlão. "Mas nós tínhamos
que ganhar de qualquer jeito, apesar dos problemas que nos afetaram psicologicamente."
"Esperava dificuldade, mas não
assim. Felizmente, batemos a última bola", afirmou o meio-de-rede André, ainda impressionado
com a atuação da Argentina.
Encerrada a partida, comprovou-se que, em um jogo parelho,
Lattari efetuou substituições corretas no segundo set, ao colocar
em quadra, de forma definitiva,
Joel e o levantador Ricardinho,
que obteve um aproveitamento
de 62%, contra 45% de Marcelo
Elgarten.
"O Brasil tem tido sorte quando
o Joel e eu entramos juntos. Foi
maravilhoso", disse Ricardinho.
"O Radamés (Lattari) foi muito
feliz, mexeu certo. Precisamos do
banco, e eles (Ricardinho e Joel)
entraram frescos e determinados", declarou Carlão, que voltou
à equipe há poucos meses, depois
de uma incursão no vôlei de praia.
O capitão ressaltou a importância de o time já poder "ter a tranquilidade de pensar só na Olimpíada", fugindo da repescagem. O
Brasil foi ouro em Barcelona-92.
Ontem, também classificaram-se para os Jogos, via Pré-Olímpicos, a Iugoslávia e os EUA.
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