São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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Equipe da concordatária Parmalat fica sem artilheiro Adriano e será vendida até o meio do ano

Parma perde presidente e atletas e espera salvador

MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Parma, prestigiado clube italiano, será vendido até o final da Série A do país, em junho. Seu presidente renunciou ontem. Pelo menos três jogadores de seu elenco, incluindo o brasileiro Adriano, serão vendidos. A crise da multinacional Parmalat, que possui 98,7% das ações do clube e pediu concordata no fim de 2003 com dívida superior a 10 bilhões -cerca de R$ 36 bilhões-, finalmente chegou à equipe.
O governo da Itália, que já havia substituído o presidente e fundador da Parmalat, Calisto Tanzi -que está preso-, por um interventor, Enrico Bondi, anunciou oficialmente a venda do clube. "Ao término do campeonato, o Parma será vendido, pois não representa um ativo estratégico da empresa", disse Antonio Marzano, ministro italiano da Indústria.
A decisão do governo era esperada: segundo novos dados, o Parma sofreu prejuízo de 77 milhões (R$ 277 milhões) no seis primeiros meses do ano passado, além de dever 120 milhões (R$ 432 milhões) ao grupo Parmalat, que também estampava sua marca no uniforme da equipe.
Diante da situação caótica das finanças do Parma, outro capítulo da novela foi escrito ontem: o presidente do clube, Stefano Tanzi, filho de Calisto, renunciou, em reunião do conselho administrativo da equipe. Segundo comunicado oficial do clube, Tanzi sairá formalmente do comando do Parma apenas na próxima quarta. Com ele, renunciaram mais oito diretores do clube, incluindo o primo de Stefano, Paolo. Sem os Tanzi no comando, dizem analistas, a venda fica mais fácil.
O imbróglio financeiro por que passa o clube não se restringe à diretoria. Apesar de a equipe não estar tão mal no Italiano (sexta posição, com 27 pontos), para aliviar a situação, foi determinada pelo governo a negociação de três atletas. "A venda é necessária para que o time tenha condições equilibradas para completar o campeonato", disse Marzano. Um deles já está confirmado: Adriano.
O atacante brasileiro, que é o artilheiro da equipe (com 15 gols), teve acertada sua venda para a Inter de Milão, que já tinha 50% de seus direitos federativos, por 23 milhões (cerca de R$ 83 milhões).
Segundo Gilmar Rinaldi, procurador de Adriano, ainda não foi acertado pelos interventores do governo e pela Inter se Adriano já será transferido até o final deste mês ou só em junho, após o final do campeonato. "Isso deve ser definido nos próximos dias."
O clube, que, além de Adriano, tem o lateral-esquerdo brasileiro Júnior, teve uma ascensão impressionante desde que passou a ser controlado pela Parmalat e a família Tanzi, em 1990. Antes pequeno e inexpressivo, associado à multinacional o Parma ganhou, entre outros títulos, duas Copas da Uefa. Na década de 90, a Parmalat também fez parcerias com times brasileiros, como Palmeiras e Juventude.


Com agências internacionais

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