São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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Torneio começa com boas pitadas de várzea

Dois times têm só um jogador registrado na CBF

DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa do Brasil, que abre hoje sua edição 2010 com 14 jogos, cada vez mais tem ares varzeanos na sua primeira fase.
Sem os times que estão na Libertadores e com a decadência de times tradicionais em boa parte dos Estados, a competição abriga equipes que até ontem tinham somente um jogador registrado na CBF, elenco com 43 amadores e só um profissional, clubes sem estádios para jogar e agremiações que realmente eram amadoras há menos de duas temporadas.
Uma checagem no sistema da CBF que registra os contratos dos jogadores dos clubes nacionais, o BID (Boletim Informativo Diário), mostra a precariedade de muitas das equipes que jogam a Copa do Brasil, que no seu início, em 1989, tinha metade dos 64 times atuais.
O América de Manaus e o São José de Macapá, que estreiam na competição daqui a duas semanas, tinham até ontem só um jogador registrado na CBF. E, no caso da equipe do Amapá, o único disponível terá seu contrato encerrado no dia 16.
O América não ostentava um time até o final de janeiro. Mas já contratou atletas e fez até amistoso, só que não registrou esses jogadores, o que impede a participação deles na Copa do Brasil. O São José promete apresentar um elenco completo na próxima semana. Até ontem, a equipe não havia realizado treinamentos neste ano.
O Roraima, que na primeira fase pega a Portuguesa, até tem um time, mas chamá-lo de profissional é impossível. O clube tem 44 jogadores registrados na CBF, mas só um com contrato de profissional. Os outros 43 são amadores, e quase todos têm apenas 18 anos.
No caso do Vilhena, de Rondônia, o que salta aos olhos é a falta de confiança no sucesso do time. A diretoria montou um elenco com 22 jogadores, mas todos têm contrato, no máximo, até junho. A Copa do Brasil vai até agosto.
Com tantos clubes modestos, a Copa do Brasil deste ano terá jogos em muitos estádios precários. No caso de seis times, suas arenas foram vetadas, e eles terão de jogar fora de seus municípios. E alguns deles terão de viajar bastante.
O Araguaia, de Mato Grosso, por exemplo, recebe hoje o Grêmio em Rondonópolis, que está a cerca de 250 km da sua sede. Isso porque o estádio de Alto Araguaia, a cidade do time, comporta só 5.000 torcedores.
Esse confronto, aliás, é outro motivo para a Copa do Brasil ter um ar varzeano. Ontem, a pouco mais de 24 horas do início do jogo, a CBF alterou o horário da partida, que só acabará de madrugada (a entidade definiu o inusitado horário, local, das 22h50 -23h50 de Brasília).
Não é sem motivos que a Copa do Brasil ganha aparência de uma competição amadora.
Alguns clubes não eram profissionais há pouco tempo. O maranhense JV Lideral só disputava campeonatos amadores em Imperatriz até 2008.
O Cerâmica, da gaúcha Gravataí, era um clube amador até 2007. A razão pela qual está na Copa do Brasil é outra história pitoresca do campeonato.
A equipe ganhou a vaga ao ser vice-campeã da Copa Lupi Martins, torneio organizado pela federação gaúcha na já distante temporada de 2008. Ainda contou com a ajuda do Pelotas, que foi o campeão e podia optar entre a Copa do Brasil e a Série D do ano passado -escolheu esta última. (PAULO COBOS)


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