São Paulo, terça-feira, 10 de março de 2009

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Cartolas criam campeonato pró-Cuba

"Série Mundial" de boxe permitirá que pugilistas amadores recebam dinheiro sem perder a chance de ir à Olimpíada

País boicotou o Mundial e perdeu sua hegemonia nos Jogos de Pequim após ver diversos atletas fugirem em busca da profissionalização

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na esteira das seguidas deserções de boxeadores cubanos, seduzidos pelas propostas de polpudas bolsas, a Associação Internacional de Boxe Amador permitirá que seus boxeadores disputem lutas sob regras profissionais, mas mantenham o status de olímpicos. A fórmula une o melhor do amadorismo e do profissionalismo.
Por conta dos desfalques de quatro campeões olímpicos e um mundial, que fugiram ou foram suspensos por tentar desertar desde o fim de 2006, Cuba ficou sem o título de campeã olímpica nos Jogos de Pequim.
Um ano antes, já com desfalques, a ilha caribenha decidira boicotar o Mundial de Chicago.
O último cubano a fugir, em fevereiro, foi Guillermo Rigondeaux, que já tinha tentado desertar durante o Pan-2007.
Com o advento da liga, as dificuldades financeiras que castigam Cuba e que propiciam que os boxeadores cubanos sejam aliciados com facilidade seriam diminuídas. Ao mesmo tempo, os boxeadores poderiam seguir disputando os Jogos e representando o país.
""As confederações nacionais receberão benefícios financeiros. Serão recompensadas pelo trabalho que tiveram para produzir seus atletas. As confederações poderão gerenciar seus times ou assinar com promotores para que façam essa tarefa", explicou Wu Ching-kuo, o presidente da Aiba, à Folha.
""As firmas que assumirem as equipes terão de trabalhar junto com as confederações, pois assim elas tomarão parte das negociações", ressaltou Wu.
Apesar de ser gerida pela Aiba, a ""Série Mundial" de boxe na prática segue as regras do pugilismo profissional, com a abolição do capacete protetor, da camiseta, da pontuação aberta durante o combate, da contagem por toques e, na contramão do amadorismo, a valorização da agressividade, segundo a reportagem apurou.
Hoje, o pugilismo amador lembra muito uma esgrima, no qual somente os toques claros, porém na maioria das vezes sem violência, contam pontos.
O fato de a pontuação ser aberta ao público e atletas também contribui muitas vezes para a falta de espetáculo: se um atleta constrói uma vantagem grande, passa a só administrar o resultado e evita a luta franca.
A criação da liga representa uma forma de tornar o boxe amador mais atrativo ao público e, consequentemente, à mídia. Trata-se de uma das principais preocupações da Aiba.
A liga, que será disputada em cinco categorias de peso, terá 12 equipes, dentro das quais será possível haver uma mescla de nacionalidades. Mas haverá número mínimo de boxeadores de um determinado país em cada grupo. ""Definitivamente os atletas da liga terão a chance de competir na Olimpíada. Estamos finalizando os critérios como isso ocorrerá", disse Wu.
A trajetória inversa também vale. Boxeadores que estiveram em Pequim e passaram ao profissionalismo terão a possibilidade de competir na liga.
""Será uma revolução. É a forma de propiciar aos atletas uma competição diferente."


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