São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2010

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Danica quer caipirinha e respeito

Piloto mais bem-sucedida da história afirma ser "apenas parte" de uma sociedade equilibrada entre homens e mulheres

Americana, que corre prova da Indy em São Paulo, no fim de semana, diz não sofrer preconceito e nega já ter negociado com times da F-1

Jonathan Ferrey/France Presse
Danica Patrick posa em sessão de fotos para a Indy,
cuja 1ª prova do ano será domingo, no Brasil


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Ao se tornar a primeira mulher a vencer uma corrida na Indy, Danica Sue Patrick, 27, brincou com seu 1,57 m. Apoiou o cotovelo no troféu, na altura de seus ombros, e fez biquinho para fotógrafos e cinegrafistas.
A histórica conquista, no Japão, em 2008, permanece como a única vitória feminina numa categoria top do automobilismo. E a pose, no momento de glória, reflete as duas facetas da piloto da Andretti Autosport.
Estreante do ano em 2005, terceira em Indianápolis em 2009 -melhor posição de uma mulher na mais tradicional prova dos EUA-, Danica é figura fácil em editoriais de moda, ensaios em revistas masculinas e comerciais de TV. "Gosto de me sentir menininha", afirma.
E, a partir de amanhã, circulará pelo Anhembi, que no domingo recebe a primeira etapa da Indy. Em casa, em Scottsdale, nos EUA, Danica falou ontem com a Folha, por telefone.

 

FOLHA - Quando você chega? E o que você sabe sobre o Brasil?
DANICA PATRICK
- Chego aí na quinta-feira [amanhã]. Sei que faz calor, que chove bastante. E já tomei caipirinha uma vez... É mais ou menos tudo o que sei. Mas agora quero experimentar uma caipirinha brasileira. A que tomei foi americana. Agora, quero o sabor original.

FOLHA - Tem que tomar cuidado...
DANICA
- Quero uma só [risos].

FOLHA - São Paulo é uma cidade com mais de 11 milhões de habitantes, diferente daquelas em que vocês estão acostumados a correr...
DANICA
- Sim, muitos dos lugares em que corremos são no meio do nada. São Paulo será a maior cidade em que já corremos. O que é bom, porque gostamos do contato com os fãs.

FOLHA - O que espera da pista?
DANICA
- Acho que será interessante para carros que forem bem de reta, com pouca pressão aerodinâmica. Deve ser esse nosso plano para o início do acerto nos treinos de sábado.

FOLHA - O grid terá quatro mulheres, recorde. O que você acha disso?
DANICA
- É bom que as garotas estejam recebendo a chance de mostrar o talento e de fazer o que querem, aquilo que amam.

FOLHA - Você conhece a Bia Figueiredo? O que acha dela?
DANICA
- É uma menina muito legal, fez um trabalho muito bom nos anos de Indy Lights.

FOLHA - Nos EUA, você já sentiu algum tipo de preconceito por estar num esporte tão masculino?
DANICA
- Não, não sinto nenhuma diferença. Todos me tratam muito bem. Nos EUA, hoje, as pessoas se sentem mais à vontade quando homens fazem trabalhos que antes eram de mulheres e vice-versa. Sou apenas parte, não sou a única.

FOLHA - Um dos seus companheiros, Tony Kanaan, recebeu a missão de ajudá-la quando você chegou à equipe. Qual foi a importância dele no seu crescimento como piloto?
DANICA
- Tony é um piloto muito bom, então aprendi muito perguntando e olhando para as informações do carro dele. Mas o mais importante é que ele é um companheiro veloz, isso me empurra para a frente.

FOLHA - Em algum momento, a F-1 realmente esteve em seus planos?
DANICA
- Quando eu corria na Inglaterra [de 1998 a 2002], pensava, sim, em correr na F-1. Mas depois vim para casa... E gosto de morar nos EUA. Decidi que seria melhor correr aqui.

FOLHA - Nos últimos anos, houve alguns rumores sobre convites de equipes da F-1 para você. Você chegou a negociar com algum time?
DANICA
- Não houve nenhuma conversa. Nunca falei com ninguém. Isso foi uma invenção que saiu em alguns lugares.

FOLHA - Você já correu duas etapas da Nascar neste ano, vai fazer mais algumas. Quais são os planos por lá?
DANICA
- Não sei. Neste ano e no próximo, vou me dividir entre as duas categorias e então decidirei o passo seguinte.

FOLHA - Como você concilia a Indy com sua atividade como modelo?
DANICA
- Eu tenho muito tempo livre quando não estou pilotando, então dá para posar para ensaios ou gravar comerciais. E eu gosto disso. Eu me divirto, gosto de me sentir menininha.

FOLHA - Faz bem para o ego?
DANICA
- Sim, mas, na maioria das vezes, faço porque acho divertido. E porque tem a ver com minha personalidade.

FOLHA - Você já fez alguns ensaios sensuais. Como é chegar aos boxes e encontrar os mecânicos, por exemplo, que viram essas fotos? Você ouve algum tipo de piadinha?
DANICA
- Ninguém diz nada. Conto com o respeito deles e quero que isso continue. Até porque eu também os respeito.


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