MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

No fim da temporada passada, a Ulbra-São Paulo fez uma aposta arriscada. Campeã da Superliga com uma comissão técnica novata, decidiu abrir mão dos medalhões e investir em novos talentos.
Hoje, a equipe de Canoas (RS) começa a pôr sua escolha à prova.
Novamente diante da Unisul, os comandados do técnico Marcelo Fronckowiak buscam o bicampeonato e a afirmação do grupo.
"Saímos do anonimato para o título [em 2003]. No início deste ano, a dúvida era se somos um feito do acaso ou um grupo campeão", disse Roberto Minuzzi.
"Com a saída de jogadores experientes, tivemos de tomar conta do grupo e entramos com o nosso "amadorismo", nossa vontade da ganhar acima de dinheiro, de fama. Somos um grupo de moleques que quer ser campeão", completou o ponta de 22 anos.
O levantador Rapha, 24, é o maior exemplo da "fogueira" em que foram colocados os atletas.
Na campanha vitoriosa de 2003, ele assistiu do banco às atuações de Ricardinho. Com a saída do titular da seleção, ganhou a vaga de titular e a faixa de capitão.
Sob seu comando, o time terminou o returno no topo da tabela -três derrotas em 18 partidas- e ganhou a vantagem de decidir a série melhor de cinco em casa. O primeiro jogo, hoje, às 20h30, também acontecerá em Canoas.
"Não fizemos investimentos tão grandes quanto os outros semifinalistas [Unisul, Suzano e Minas] e quebramos um paradigma com um grupo jovem [média de 23 anos]", disse Marcelo Fronckowiak, que foi campeão brasileiro em seu ano de estréia como treinador, feito inédito na Superliga.
A fórmula usada pela Unisul para disputar novamente a final foi oposta à usada pelo rival gaúcho. O time catarinense manteve a base vice em 2003, mas fez contratações de peso, como o levantador Marcelinho -terceiro homem da seleção nos últimos anos- e Marcos Milincovic.
O oposto argentino figura em primeiro lugar na lista de pontuadores da Superliga. E os números impressionam: ele já anotou 445 pontos, 73 a mais do que o segundo colocado. O atacante também tem o saque mais eficiente do torneio -marcou 31 aces.
Milincovic, no entanto, não deve ser o principal alvo da marcação da Ulbra. Isso porque o desempenho do jogador é tão surpreendente que nem o melhor bloqueio da Superliga acha possível parar o atacante argentino.
"Temos de nos preocupar com os outros porque, se não der para pegar o Milincovic, a gente tem de conseguir marcar alguém", afirmou Fronckowiak.
"Ele tem feito jogos fantásticos, principalmente porque não é um jogador que fica restrito, tem um leque muito grande de golpes."
Nos dois jogos contra a Unisul na Superliga, a Ulbra teve trabalho, mas venceu: 3 a 2 na primeira fase, e 3 a 1 na etapa seguinte. Testa agora se seu "amadorismo" continua superior na decisão.