São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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FUTEBOL

São-paulinos invadem campo em Mogi Mirim para "festejar'; atacante Thiago é assediado e fica apenas de cuecas

Torcedores comemoram como campeões

ENVIADOS ESPECIAIS A MOGI MIRIM

O São Paulo ficou sem o bicampeonato, mas isso pouco importou para sua torcida. O público que esteve na vitória por 2 a 0 sobre o Ituano ontem, em Mogi Mirim, passou todo o segundo tempo cantando, como se a taça fosse para o Morumbi. E, pior ainda, invadiu o campo para abraçar os atletas nos minutos finais, o que obrigou o juiz a encerrar o jogo aos 44min do segundo tempo.
Visivelmente constrangidos, os são-paulinos, como Danilo, até tentaram acalmar os ânimos dos primeiros invasores. Mas como eles não eram contidos pelo policiamento, cerca de 30 fãs, todos saídos da área das arquibancadas destinadas a são-paulinos, também entraram no gramado.
Um deles teve liberdade até para entrar em campo, arrancar a camisa de um atleta e pular o alambrado de volta, exibindo o uniforme como um souvenir.
O jogador mais visado foi o atacante Thiago, que só não saiu de campo completamente pelado porque foi protegido pela segurança particular do São Paulo quando estava só de cueca.
"Realmente eu não queria dar a camisa. Mas fui forçado. O policiamento não chegava e eles foram chegando e tirando tudo. Queriam levar até a cueca", falou o atacante, que, no final, tentou contemporizar a atitude. "Foi carinho da torcida. Entraram para levar uma recordação."
Ao ver a situação fora de controle, o goleiro Rogério foi o primeiro a fugir para o vestiário.
"Quando vi que vários torcedores entraram em campo, fui para o vestiário, pois o gol em que estava era próximo. Nem sei a dimensão do sufoco que alguns passaram por causa disso."
O técnico Muricy Ramalho preferiu tratar as invasões como banalidade. "Isso é coisa do torcedor. Veio para nos incentivar e cantou o tempo todo."
Logo após o jogo, a Folha não encontrou no estádio nenhum policial militar para falar sobre as invasões. Por telefone, um dos membros da corporação que esteve no estádio disse que os invasores não foram detidos, apenas alguns retirados do campo, porque entraram no gramado por farra, não para protestar.
Durante o incidente, o repórter fotográfico Rubens Chiri, que presta serviços para o São Paulo, dirigiu-se a um policial postado próximo ao gramado e perguntou se ele tomaria alguma providência. E, após ouvir uma ameaça de ser detido por desacato, segundo ele, o policial disse que não era louco de enfrentar os invasores.
Na Justiça Desportiva, o prematuro fim de jogo em Mogi Mirim, além do São Paulo, pode prejudicar também o dono do estádio Papa João Paulo 2º, que foi rebaixado para a Série A-2.
"Não vi o jogo do São Paulo, mas se houve invasão por parte da torcida são-paulina, o clube vai ser julgado e dificilmente escapará de punição. O mais provável é que seja multado. Como o campeonato já acabou, a perda de mando pode ser transformada em multa. Se o Mogi não tomou providências para garantir a segurança, também será punido. Vou aguardar o relatório do juiz para fazer a denúncia", disse o procurador do Tribunal de Justiça Desportiva, Antônio Carlos Meccia.
Mas, por ora, a preocupação do São Paulo volta a ser apenas a Libertadores. "O Paulista terminou, foi muito bom, mas agora vamos pensar em jogar contra o Cienciano. E na altitude a estratégia tem de ser diferente. Se agredirmos o tempo todo, a gente acaba morrendo dentro de campo." (LUÍS FERRARI E TONI ASSIS)


Com Ricardo Perrone, do Painel FC, e colaboração para Agência Folha, em Mogi


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