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FUTEBOL
São-paulinos invadem campo em Mogi Mirim para "festejar'; atacante Thiago é assediado e fica apenas de cuecas
Torcedores comemoram como campeões
ENVIADOS ESPECIAIS A MOGI MIRIM
O São Paulo ficou sem o bicampeonato, mas isso pouco importou para sua torcida. O público
que esteve na vitória por 2 a 0 sobre o Ituano ontem, em Mogi Mirim, passou todo o segundo tempo cantando, como se a taça fosse
para o Morumbi. E, pior ainda,
invadiu o campo para abraçar os
atletas nos minutos finais, o que
obrigou o juiz a encerrar o jogo
aos 44min do segundo tempo.
Visivelmente constrangidos, os
são-paulinos, como Danilo, até
tentaram acalmar os ânimos dos
primeiros invasores. Mas como
eles não eram contidos pelo policiamento, cerca de 30 fãs, todos
saídos da área das arquibancadas
destinadas a são-paulinos, também entraram no gramado.
Um deles teve liberdade até para
entrar em campo, arrancar a camisa de um atleta e pular o alambrado de volta, exibindo o uniforme como um souvenir.
O jogador mais visado foi o atacante Thiago, que só não saiu de
campo completamente pelado
porque foi protegido pela segurança particular do São Paulo
quando estava só de cueca.
"Realmente eu não queria dar a
camisa. Mas fui forçado. O policiamento não chegava e eles foram chegando e tirando tudo.
Queriam levar até a cueca", falou
o atacante, que, no final, tentou
contemporizar a atitude. "Foi carinho da torcida. Entraram para
levar uma recordação."
Ao ver a situação fora de controle, o goleiro Rogério foi o primeiro a fugir para o vestiário.
"Quando vi que vários torcedores entraram em campo, fui para
o vestiário, pois o gol em que estava era próximo. Nem sei a dimensão do sufoco que alguns passaram por causa disso."
O técnico Muricy Ramalho preferiu tratar as invasões como banalidade. "Isso é coisa do torcedor. Veio para nos incentivar e
cantou o tempo todo."
Logo após o jogo, a Folha não
encontrou no estádio nenhum
policial militar para falar sobre as
invasões. Por telefone, um dos
membros da corporação que esteve no estádio disse que os invasores não foram detidos, apenas alguns retirados do campo, porque
entraram no gramado por farra,
não para protestar.
Durante o incidente, o repórter
fotográfico Rubens Chiri, que
presta serviços para o São Paulo,
dirigiu-se a um policial postado
próximo ao gramado e perguntou
se ele tomaria alguma providência. E, após ouvir uma ameaça de
ser detido por desacato, segundo
ele, o policial disse que não era
louco de enfrentar os invasores.
Na Justiça Desportiva, o prematuro fim de jogo em Mogi Mirim,
além do São Paulo, pode prejudicar também o dono do estádio Papa João Paulo 2º, que foi rebaixado para a Série A-2.
"Não vi o jogo do São Paulo,
mas se houve invasão por parte da
torcida são-paulina, o clube vai
ser julgado e dificilmente escapará de punição. O mais provável é
que seja multado. Como o campeonato já acabou, a perda de
mando pode ser transformada
em multa. Se o Mogi não tomou
providências para garantir a segurança, também será punido. Vou
aguardar o relatório do juiz para
fazer a denúncia", disse o procurador do Tribunal de Justiça Desportiva, Antônio Carlos Meccia.
Mas, por ora, a preocupação do
São Paulo volta a ser apenas a Libertadores. "O Paulista terminou,
foi muito bom, mas agora vamos
pensar em jogar contra o Cienciano. E na altitude a estratégia tem
de ser diferente. Se agredirmos o
tempo todo, a gente acaba morrendo dentro de campo."
(LUÍS
FERRARI E TONI ASSIS)
Com Ricardo Perrone, do Painel FC, e colaboração para Agência Folha, em Mogi
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