São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Nunca um clube filiado à entidade teve que jogar a segunda divisão de um torneio estadual

Lusa e Guarani levam C13 à Série B

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Portuguesa e Guarani foram rebaixados ontem para a Série A-2 do Campeonato Paulista sob a batuta do ineditismo. Pela primeira vez times que são membros do Clube dos 13 (entidade que reúne 20 agremiações do país e defende seus interesses) irão disputar a Segunda Divisão em um Estado.
Os outros paulistas que terão de jogar a A-2 em 2007 são Portuguesa Santista, 19ª colocada, e o lanterna Mogi Mirim -caiu antes da última rodada. Mas de todos, Portuguesa, 18º, e Guarani, 17º, são os mais tradicionais.
A Lusa fora vice-campeã brasileira em 1996, e o time de Campinas venceu o nacional de 1978.
Para continuar na elite, a Portuguesa dependia de uma vitória sobre o Santos, que venceu a partida de ontem por 2 a 0 e sagrou-se campeão estadual.
"Sabíamos que tínhamos que fazer alguma coisa nos primeiros 15 minutos, porque depois ficaria difícil. Foi o que aconteceu", disse o goleiro Gléguer, da Lusa.
A comunidade portuguesa de São Paulo chegou até a fazer uma "vaquinha" com empresários, na qual oferecia um prêmio de R$ 200 mil ao time caso ele permanecesse na Série A-1. Vale lembrar que desde a sua fundação, em 1920, a Portuguesa nunca havia caído no Paulista.
Já a missão do Guarani era a de torcer contra a Lusa e superar o Mogi, que já rebaixado foi a Campinas com um time desfigurado -muitos atletas titulares haviam sido dispensados. Mesmo assim, o rival segurou o empate de 0 a 0.
Com isso, a equipe campineira chegou ao quarto rebaixamento na gestão do presidente José Luiz Lourencetti. Para efeitos comparativos, o folclórico cartola Beto Zini -famoso por demitir técnicos-, só tinha sofrido uma queda, no Brasileiro de 1989.
Lourencetti fora rebaixado no Paulista de 2001, mas com a inclusão do Guarani no Torneio Rio-SP, o time não disputou a Série A-2 estadual. No entanto, o clube caiu na competição entre Estados.
Mas, com a extinção do torneio e o retorno do Paulista, o Guarani, mais uma vez, alçou à elite com outra "virada de mesa". Fato que não deve se repetir agora.
"Se cairmos em campo jogaremos a Segundona", havia dito Lourencetti anteontem.
Tanto o dirigente do Guarani quanto Manuel da Lupa, que preside a Portuguesa, voltam suas atenções a partir de hoje para a Série B do Brasileiro.
Enquanto o Guarani se apóia na parceria firmada com a italiana Turbo System SRL -promete investir mais de US$ 24 milhões (R$ 50 milhões) em cinco anos- para manter funcionando seu departamento de futebol, a Portuguesa recorrerá aos órgãos públicos para não decretar falência.
Com uma dívida de mais de R$ 270 milhões, Da Lupa terá uma reunião hoje com membros do Tribunal Regional do Trabalho. O objetivo é encontrar um modo de parcelar o débito sem que isso quebre os cofres da Portuguesa.
"Se dependermos só do dinheiro das cotas de televisão, que o C13 nos dá, nós não vamos conseguir sobreviver", afirmou Da Lupa, que foi recentemente a Brasília falar da crise financeira do clube com o Ministério do Esporte.
Com a queda do time do Canindé e do seu homônimo de Santos, as elites dos torneios estaduais do próximo ano correm o risco de não terem uma Portuguesa em campo. Além da de Desportos e da Santista, a Portuguesa carioca caiu recentemente no Estadual do Rio e disputará a segunda divisão.


Texto Anterior: Sem glamour, Corinthians empata em casa
Próximo Texto: Atletas deixam a Vila "mudos" e de cabeça baixa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.