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pára ou segue?
Calçando chinelos, Edmundo faz seu retorno ao futebol
Ídolo aparece no treino do Palmeiras, mas permanece no departamento médico, para tratamento de unha encravada
Diretoria diz que não viu a proposta dos EUA e que não é momento ideal de debater a renovação de contrato com o atacante para 2008
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Edmundo não se aposentou.
Ontem, um dia depois de revelar que pensa em pendurar as
chuteiras, o atacante apareceu
no treino do Palmeiras.
De chinelo, entrou no campo
ao lado do técnico Caio Júnior,
que reuniu os jogadores no centro do campo. Depois, enquanto os atletas que atuaram anteontem faziam trabalho de recuperação na academia, o ídolo
ficou no departamento médico,
para tratar de unha encravada.
Segundo os companheiros
que o encontraram no vestiário, o atacante estava com o ânimo de sempre e não havia clima
de despedida. "Foi bem rápido,
mas não tive um contato diferente com ele hoje. Edmundo
conversou e brincou com todos
normalmente", contou o meia
William, que tem sido o substituto do capitão palmeirense.
Mas, de acordo com um amigo de Edmundo, o jogador atravessa um momento psicológico
bastante delicado.
Abalou-se mais do que o normal pelo pênalti desperdiçado
contra o Ipatinga e tem se queixado constantemente da distância de seu filho, que vive no
Rio, e da rotina de concentrações, razões que o deixam indeciso quanto ao futuro.
O próprio Edmundo tocou
nesses assuntos anteontem,
quando citou o fato de viver
sem os familiares em São Paulo
e quando comentou os sacrifícios da vida boleira. Mais ainda,
revelou estar mais emotivo ao
afirmar que hoje se abala mais
com críticas que antigamente.
Entre os dirigentes, a sensação é a de que Edmundo está
confuso. Há inclusive quem
desconfie da proposta que ele
diz ter recebido para jogar nos
EUA -nenhum cartola afirma
ter visto o documento, só ouvido o atacante falar da oferta.
Edmundo sustenta que,
quando contou aos dirigentes
da proposta dos EUA, disse que
não pretendia aceitar e que ficaria feliz com mais um ano de
contrato com o Palmeiras, que
seria o último de sua carreira.
Aponta que houve conversas
iniciais e que, depois disso, soube pela imprensa que o clube
concordaria em liberá-lo.
Pego de surpresa, o clube foi
enfático. O vice Gilberto Cipullo disse que o Palmeiras não
iria criar obstáculos para a saída do atacante, mas só se ele de
fato desejasse jogar nos EUA.
Mas não há o interesse em
sentar com Edmundo para tratar de renovação neste momento, porque o time sonha com a
sobrevivência no Paulista e
porque o vínculo com ele foi renovado recentemente.
"Não é o momento adequado,
nos três meses iniciais do contrato dele, renovado no fim de
2006, para tratar de renovação.
Isso costuma ocorrer em setembro, outubro", disse o diretor de futebol Savério Orlandi,
para quem o jogador "deve estar tentado entre uma proposta
sedutora e a relação com a torcida que o idolatra".
Orlandi diz que não viu a proposta oficial, mas que não acredita que o jogador tenha inventado isso para precipitar a renovação com o Palmeiras. "Não
é do caráter dele fazer esse tipo
de coisa", argumenta o diretor,
para quem, esta polêmica em
torno de Edmundo está tirando
o time do foco na partida de
amanhã, contra o São Bento.
O dirigente também aponta
que não identificou no goleador do time, que lidera a artilharia do Paulista com outros
dois atacantes (12 gols), mostras de fragilidade emocional
recentemente. "Ele é sempre
um aglutinador no elenco. Talvez esteja, pessoalmente, vendo a carreira ir para a etapa final, mas não tem passado insegurança emocional."
Mas Pierre, companheiro do
jogador na rotina de treinamentos e concentrações tem
outra análise. "A gente vê que,
com o passar do tempo, ele está
um pouco mais sensível sim",
afirmou o volante depois do
treino de ontem.
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