São Paulo, terça-feira, 10 de abril de 2007

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pára ou segue?

Calçando chinelos, Edmundo faz seu retorno ao futebol

Ídolo aparece no treino do Palmeiras, mas permanece no departamento médico, para tratamento de unha encravada

Diretoria diz que não viu a proposta dos EUA e que não é momento ideal de debater a renovação de contrato com o atacante para 2008


LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Edmundo não se aposentou.
Ontem, um dia depois de revelar que pensa em pendurar as chuteiras, o atacante apareceu no treino do Palmeiras.
De chinelo, entrou no campo ao lado do técnico Caio Júnior, que reuniu os jogadores no centro do campo. Depois, enquanto os atletas que atuaram anteontem faziam trabalho de recuperação na academia, o ídolo ficou no departamento médico, para tratar de unha encravada.
Segundo os companheiros que o encontraram no vestiário, o atacante estava com o ânimo de sempre e não havia clima de despedida. "Foi bem rápido, mas não tive um contato diferente com ele hoje. Edmundo conversou e brincou com todos normalmente", contou o meia William, que tem sido o substituto do capitão palmeirense.
Mas, de acordo com um amigo de Edmundo, o jogador atravessa um momento psicológico bastante delicado.
Abalou-se mais do que o normal pelo pênalti desperdiçado contra o Ipatinga e tem se queixado constantemente da distância de seu filho, que vive no Rio, e da rotina de concentrações, razões que o deixam indeciso quanto ao futuro.
O próprio Edmundo tocou nesses assuntos anteontem, quando citou o fato de viver sem os familiares em São Paulo e quando comentou os sacrifícios da vida boleira. Mais ainda, revelou estar mais emotivo ao afirmar que hoje se abala mais com críticas que antigamente.
Entre os dirigentes, a sensação é a de que Edmundo está confuso. Há inclusive quem desconfie da proposta que ele diz ter recebido para jogar nos EUA -nenhum cartola afirma ter visto o documento, só ouvido o atacante falar da oferta.
Edmundo sustenta que, quando contou aos dirigentes da proposta dos EUA, disse que não pretendia aceitar e que ficaria feliz com mais um ano de contrato com o Palmeiras, que seria o último de sua carreira. Aponta que houve conversas iniciais e que, depois disso, soube pela imprensa que o clube concordaria em liberá-lo.
Pego de surpresa, o clube foi enfático. O vice Gilberto Cipullo disse que o Palmeiras não iria criar obstáculos para a saída do atacante, mas só se ele de fato desejasse jogar nos EUA.
Mas não há o interesse em sentar com Edmundo para tratar de renovação neste momento, porque o time sonha com a sobrevivência no Paulista e porque o vínculo com ele foi renovado recentemente.
"Não é o momento adequado, nos três meses iniciais do contrato dele, renovado no fim de 2006, para tratar de renovação. Isso costuma ocorrer em setembro, outubro", disse o diretor de futebol Savério Orlandi, para quem o jogador "deve estar tentado entre uma proposta sedutora e a relação com a torcida que o idolatra".
Orlandi diz que não viu a proposta oficial, mas que não acredita que o jogador tenha inventado isso para precipitar a renovação com o Palmeiras. "Não é do caráter dele fazer esse tipo de coisa", argumenta o diretor, para quem, esta polêmica em torno de Edmundo está tirando o time do foco na partida de amanhã, contra o São Bento.
O dirigente também aponta que não identificou no goleador do time, que lidera a artilharia do Paulista com outros dois atacantes (12 gols), mostras de fragilidade emocional recentemente. "Ele é sempre um aglutinador no elenco. Talvez esteja, pessoalmente, vendo a carreira ir para a etapa final, mas não tem passado insegurança emocional."
Mas Pierre, companheiro do jogador na rotina de treinamentos e concentrações tem outra análise. "A gente vê que, com o passar do tempo, ele está um pouco mais sensível sim", afirmou o volante depois do treino de ontem.


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