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Adriano diz que fica no Brasil
Após passar três dias em favela no Rio, atacante afirma que estava infeliz jogando na Inter de Milão
Jogador da seleção nega problema amoroso, pede desculpas aos italianos, mas cita que dirigentes sabiam de seu descontentamento
ANDRÉ ZAHAR
DA SUCURSAL DO RIO
O atacante Adriano, da Inter
de Milão, anunciou afastamento do futebol por tempo indeterminado em entrevista coletiva realizada ontem, no Rio.
Em sua primeira aparição
pública, ele disse não querer
voltar a jogar na Itália.
Dado como desaparecido
desde o último jogo da seleção
brasileira, em Porto Alegre, na
semana passada, Adriano, 27,
passou três dias na favela Vila
Cruzeiro, zona norte do Rio.
O atleta deveria ter retornado à Inter, com a qual tem contrato até junho de 2010, na
quinta-feira passada, mas, apesar do sumiço, garantiu que a
atitude foi premeditada.
Uma das coisas que pesaram
para sua permanência prolongada no país foi, segundo ele,
sua ida muito jovem -aos 19
anos- ao futebol europeu. "Minha vida virou muito rápido.
Não tinha nada, morava na Vila
Cruzeiro e de repente era
Adriano, o Imperador. Respeito a Inter, mas só quero voltar a
ser o Adriano de antes", disse.
O atacante também declarou
preferir ficar no Brasil sem receber salário enquanto o impasse não for resolvido e que
pagará multa se for necessário.
Gilmar Rinaldi, empresário
do atleta, irá a Milão na próxima semana para negociar com
a Inter a permanência ou a
transferência para outro clube.
Para o jogador, no entanto,
uma eventual volta ao futebol
italiano representaria um custo
pessoal muito grande.
A escolha de permanecer no
Brasil, segundo Adriano, também tem seu custo. Ele diz
acreditar que, sendo exemplo
para muitos jovens "que jogam
comigo nos jogos de Playstation", as escolhas que ele faz
não afetam somente a ele.
"Espero que essas pessoas
me compreendam. É uma escolha de vida, mas foi a escolha
que fiz. Todo mundo tem direito de fazer seu trabalho sendo
feliz. Eu estava sendo infeliz."
O atleta ainda disse estar triste com boatos sobre sua vida
particular e negou qualquer tipo de relação com traficantes.
Também ironizou rumores de
que teria sido sequestrado ou
mesmo morto.
Ainda sobre problemas de
saúde, o atacante negou que
esteja em depressão por causa
do fim do namoro com a universitária Joana Machado e
que não vai se internar em nenhuma clínica de reabilitação
porque não está doente.
"As únicas mulheres da minha vida, por quem me apaixonei e fico triste, são minha mãe
e minha avó", disse Adriano.
Reconhecendo que reagiu
aos problemas de maneira errada, o atacante pediu desculpas ao clube italiano pela conduta, entratanto comentou que
os dirigentes sabiam que ele
não estava feliz em Milão.
"Estou optando pela minha
felicidade acima de tudo. Vou
tentar reconstruir o que fiz antes", desabafou o atleta.
Após a entrevista coletiva, ao
posar para os fotógrafos, perguntou: "Posso sorrir?".
A única certeza, diz ele, é que
continuará frequentando a Vila
Cruzeiro, sempre de bermuda e
descalço. "Não quero ir para lugar nenhum no momento."
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