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MOTOR
O recorde que ainda não existe
Brasileiro mira Patrese ao pintar "257" no capacete,
mas ignora os critérios do italiano ao fazê-lo na Turquia
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
NENHUM CRITÉRIO explica a
comemoração de Barrichello neste fim de semana. Nenhum critério dá ao brasileiro, na
Turquia, o recorde de GPs na F-1.
Sim, tudo seria mais fácil se a F-1
contasse com estatísticas oficiais.
Seria só consultar a base de dados da
FIA e pronto. Mas a categoria considera-se boa demais para seguir outros esportes de ponta. Uma pena.
Uma pena que atrapalha. Mas que
não faz dos números da categoria
um mistério indecifrável, uma área
impenetrável. Longe disso. Não faltam boas referências estatísticas e
históricas, em livros e na internet.
Mãos à obra, pois.
Para começo de conversa, parece
razoável utilizar critérios idênticos
aos empregados com o (atual/antigo) detentor do recorde, Patrese.
O italiano esteve presente em 257
finais de semana de F-1 e largou para
256 GPs -em 1979, na Argentina,
sofreu um acidente no warm-up. Foi
o segundo número que ficou registrado como o recorde, como por
exemplo no "Grand Prix Guide", do
suíço Jacques Deschenaux, espécie
de bíblia do paddock da categoria.
Barrichello estreou na F-1 no GP
da África do Sul de 1993, pela Jordan. De lá para cá, esteve presente
em 258 finais de semana. Mas não
largou em quatro provas: Imola-94,
Spa-98, Barcelona-02 e Magny-Cours-02. Ok, vá lá, Spa é até discutível: partiu, mas se envolveu no
maior engavetamento da história da
F-1, com outros 12 carros, e não conseguiu alinhar na segunda largada.
Riscadas as quatro provas, então,
só se tornaria o recordista isolado no
GP da França, em 22 de junho. Dado
um desconto de Spa, uma prova antes e 14 dias antes, no Canadá.
Barrichello mirou Patrese quando
pintou um "257" no seu capacete
deste fim de semana. Mas, ao fazê-lo, ignorou também os critérios que
deram o recorde ao italiano. É a lei
de Ricúpero: "o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Ele se tornará o recordista em breve, com todos os méritos, mas não
na Turquia, não neste domingo.
"Pobre garoto! Tudo de errado
sempre acontece com ele", disse
Schumacher, pelo rádio, naquele GP
da Espanha de 2002, quando foi informado de que Barrichello não
conseguira sair para a volta de apresentação, vítima de pane no câmbio.
É. Muitas vezes, como agora, porque ele se esforçou para ser assim.
Emerson volta
Noves fora a fraca divulgação e o fato de terem marcado a prova de domingo para o horário da F-1, Interlagos recebe neste fim de semana
um evento bacana: a GT3, com a
volta de Emerson e Wilson.
"Foi histórica", ouvi de pelo menos três colegas, em referência à
emocionada entrevista que o bicampeão concedeu. O ingresso pode ser trocado por 1 kg de alimento,
nas bilheterias do autódromo.
fseixas@folhasp.com.br
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