São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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MOTOR

O recorde que ainda não existe

Brasileiro mira Patrese ao pintar "257" no capacete, mas ignora os critérios do italiano ao fazê-lo na Turquia

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

NENHUM CRITÉRIO explica a comemoração de Barrichello neste fim de semana. Nenhum critério dá ao brasileiro, na Turquia, o recorde de GPs na F-1.
Sim, tudo seria mais fácil se a F-1 contasse com estatísticas oficiais.
Seria só consultar a base de dados da FIA e pronto. Mas a categoria considera-se boa demais para seguir outros esportes de ponta. Uma pena. Uma pena que atrapalha. Mas que não faz dos números da categoria um mistério indecifrável, uma área impenetrável. Longe disso. Não faltam boas referências estatísticas e históricas, em livros e na internet. Mãos à obra, pois.
Para começo de conversa, parece razoável utilizar critérios idênticos aos empregados com o (atual/antigo) detentor do recorde, Patrese.
O italiano esteve presente em 257 finais de semana de F-1 e largou para 256 GPs -em 1979, na Argentina, sofreu um acidente no warm-up. Foi o segundo número que ficou registrado como o recorde, como por exemplo no "Grand Prix Guide", do suíço Jacques Deschenaux, espécie de bíblia do paddock da categoria.
Barrichello estreou na F-1 no GP da África do Sul de 1993, pela Jordan. De lá para cá, esteve presente em 258 finais de semana. Mas não largou em quatro provas: Imola-94, Spa-98, Barcelona-02 e Magny-Cours-02. Ok, vá lá, Spa é até discutível: partiu, mas se envolveu no maior engavetamento da história da F-1, com outros 12 carros, e não conseguiu alinhar na segunda largada.
Riscadas as quatro provas, então, só se tornaria o recordista isolado no GP da França, em 22 de junho. Dado um desconto de Spa, uma prova antes e 14 dias antes, no Canadá.
Barrichello mirou Patrese quando pintou um "257" no seu capacete deste fim de semana. Mas, ao fazê-lo, ignorou também os critérios que deram o recorde ao italiano. É a lei de Ricúpero: "o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Ele se tornará o recordista em breve, com todos os méritos, mas não na Turquia, não neste domingo. "Pobre garoto! Tudo de errado sempre acontece com ele", disse Schumacher, pelo rádio, naquele GP da Espanha de 2002, quando foi informado de que Barrichello não conseguira sair para a volta de apresentação, vítima de pane no câmbio.
É. Muitas vezes, como agora, porque ele se esforçou para ser assim.

Emerson volta
Noves fora a fraca divulgação e o fato de terem marcado a prova de domingo para o horário da F-1, Interlagos recebe neste fim de semana um evento bacana: a GT3, com a volta de Emerson e Wilson.
"Foi histórica", ouvi de pelo menos três colegas, em referência à emocionada entrevista que o bicampeão concedeu. O ingresso pode ser trocado por 1 kg de alimento, nas bilheterias do autódromo.


fseixas@folhasp.com.br

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