São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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JUCA KFOURI

Começou! Começou?


Começou no sábado, meio clandestinamente e sem pompa, com três partidas, o 39º Brasileiro de futebol


ERA PARA ter banda, esquadrilha da fumaça, fogos de artifício e luzes estroboscópicas. Mas começou às 18h30 do sábado, sem pompa nem circunstância apesar de ser o Campeonato Brasileiro mais estrelado dos últimos anos, como os da década de 70.
Também, pudera.
Quem o organiza é dona CBF, só preocupada mesmo em faturar alto com a seleção brasileira e, graças ao comodismo e à covardia dos clubes, ainda responsável pela competição, ao contrário do se dá na Inglaterra, na Espanha, na Itália, enfim, onde as ligas dos clubes promovem suas competições.
E começa sem dar tempo para os campeões estaduais curarem a ressaca de suas comemorações e sem dar tempo para os vice-campeões pensarem as mágoas de suas dores.
E num fim de semana que precede jogos fundamentais da Copa do Brasil, o que leva cada um dos seis times da Série A que estão na quartas-de-final a priorizá-las em relação ao Brasileirão.
Ora, não seria possível escolher um domingo isolado, sem nada antes nem depois, para começar a competição mais importante de nosso futebol desde 1971 em tarde de gala pelo país afora?
Sendo realista, a resposta verdadeira é não, porque o excesso de datas conferido aos estaduais, que garantem as reeleições do presidente da CBF, de fato, impede que se alterne inteligentemente o Campeonato Brasileiro com a Copa do Brasil, a ponto de nossos clubes na Libertadores nem a disputarem.
E está aí o Corinthians mais preocupado com o Fluminense do que com o adversário de hoje, este badalado Inter, também campeão estadual invicto, num jogo que poderia ser uma verdadeira festa em todos os sentidos, com Ronaldo Fenômeno se opondo ao trio mágico gaúcho de D'Alessandro, Nilmar e Taison, o que de mais próximo temos por aqui, heresias à parte, a Messi, Eto'o e Henry.
Como o Flamengo, mais preocupado com o Inter que recebe na quarta-feira do que com o Cruzeiro, que visita hoje.
Menos mal que ouvimos, nesta semana, o presidente da CBF dizer que obrigará "alguns" estádios a garantir que o torcedor sente no lugar numerado que corresponda ao seu ingresso, para treinar para a Copa do Mundo de 2014.
Verdade que ele disse "alguns", apesar de o Estatuto do Torcedor, de maio de 2003, impor tal exigência desde então, algo que parece não dizer respeito ao cartola, acima do bem e do mal. Investido como Ricardo I, o Único, desde que a Fifa confirmou a Copa de 2014 no país, o ex-plebeu Rico Terra, da Casa Bandida do Futebol, se dá ao luxo de desobrigar que se cumpra a lei, certo de que terá o aval de seus parceiros nos tribunais superiores.
Daí não ser surpresa que um relator da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, como Sérgio Moraes (PTB-RS), diga que está se lixando para a opinião pública, ou para que os jornais dizem ou deixem de dizer, porque ele sempre se reelege. E é a pura verdade, dos melhores socos já dados no estômago da dócil sociedade civil nacional.
Se o deputado não liga para a opinião pública, porque o cartola ligará para o futebol?

blogdojuca@uol.com.br

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