São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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Brasil "disseca" nadadores na internet

Software criado por confederação usa câmeras para registrar e analisar desempenho de atletas durante as competições

Com dados publicados na rede, ferramenta deve auxiliar na preparação da seleção brasileira que irá ao Mundial de Roma, em julho

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Os nadadores brasileiros poderão em breve colecionar dados de cada detalhe de suas provas e espiar os pontos fortes e fracos dos adversários.
Cada um deles terá os rendimentos de seus fundamentos dissecados durante competições, poderá se comparar aos rivais e ver o que precisa melhorar para derrotá-los.
A ferramenta, um banco de dados virtual, foi desenvolvida pelo biomecânico da seleção, Paulo César Marinho, e estará no site da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Esse tipo de trabalho não é novidade no mundo e já faz parte do treinamento de grandes potências. Mas, pela primeira vez, começa a ser desenvolvida para os técnicos do país.
As informações podem ajudar os treinos a ficar mais específicos e serão usadas na preparação para o Mundial de Roma, em julho. A equipe será formada hoje, após o último dia de provas do Troféu Maria Lenk.
A ideia do projeto é tentar filmar os atletas durante as disputas das três principais competições do país -Maria Lenk, José Finkel e Open. No Maria Lenk, estão sendo usadas quatro câmeras, e cada uma registra uma parte da piscina.
Com base nas imagens, trabalhadas por um software, é possível avaliar itens como a velocidade dos atletas na saída, a cada metro, nas viradas e na chegada. Também serão analisados os movimentos, ritmo das braçadas etc.
Essas informações serão organizadas em forma de ranking. Assim, poderá ser possível saber quem são os mais eficientes em cada fundamento.
"O atleta poderá ir para a piscina sabendo exatamente o que precisa melhorar. Ele também saberá o que lhe dá vantagem ou desvantagem contra determinados rivais", diz Marinho.
Durante esta edição do Maria Lenk, já foram coletados alguns dados interessantes.
Na final dos 200 m peito, por exemplo, Henrique Barbosa bateu o recorde sul-americano, com 2min08s44, mas perdeu muito mais tempo nas viradas do que Tales Cerdeira, o segundo colocado. Também foi mais lento na largada da prova.
Os segundos "perdidos" poderiam ser recuperados com ajustes no treinamento do nadador, usando como parâmetro o rendimento do rival.
Os trabalhos na seleção tendem também a ficar mais específicos. "Se a gente detecta que um nadador tem problema na saída, por exemplo, vamos trabalhar o salto dele, ver que detalhes podemos ajustar para que ele fique mais eficiente."
Cerdeira, por exemplo, deslizou mais na água do que Barbosa e manteve um ritmo menos intenso de braçadas.
O atleta conseguiu economizar energia, porém isso não foi eficiente nessa prova. Os dados podem ajudá-lo a mudar a estratégia e, da próxima vez, ter mais chance de vencer.


NA TV - Troféu Maria Lenk
Sportv, ao vivo, às 10h


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