São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

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Argentina aspira Brasil e o evita

Pekerman dá tarja de capitão a Sorín, ídolo do Cruzeiro, escala Mascherano e deixa Tevez no banco

Com recorde de atletas em atividade no país, vizinhos pegam a Costa do Marfim e testam a sua preparação, avessa à do atual campeão


LUÍS FERRARI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Tradicional candidata ao título, a Argentina nunca foi tão brasileira em uma Copa. É o segundo Mundial consecutivo em que a seleção do país vizinho tem como titular um atleta de um clube brasileiro (Mascherano). De quebra, tem, na reserva, Carlitos Tevez, melhor jogador do último Nacional.
Contudo a proximidade com o Brasil acaba na convocação do time de José Pekerman. Na Alemanha, a equipe vice-campeã da Copa América e da Copa das Confederações, que desafia hoje, em Hamburgo, a Costa do Marfim, vice-campeã africana, vive uma situação bem distinta da dos pentacampeões.
Os bicampeões do mundo, que não fazem uma final desde 1990, querem apagar o vexame de 2002, quando foram eliminados na primeira fase.
Reflexo disso é o número de veteranos do último torneio em seu elenco atual. São apenas cinco. Após o corte de Edmílson, o Brasil ficou com dez.
Um dos sobreviventes é o capitão do time, o lateral-esquerdo Sorín, que foi à Copa de 2002 pelo Cruzeiro, cuja torcida até o homenageou com uma bandeira quando Brasil e Argentina jogaram em Belo Horizonte pelas eliminatórias.
"Vamos deixar a alma em campo se for preciso", afirmou o jogador, quando questionado sobre o que seria necessário para que a decepção da Copa do Mundo passada não se repita.
Enquanto os atletas brasileiros, com aura de popstars, deleitaram torcedores com treinos abertos ao público e com o time da estréia já definido desde a convocação, tudo foi diferente na Argentina.
O time titular só foi confirmado pelo técnico José Pekerman ontem, véspera do jogo.
"Traçamos um plano estratégica para jogar o torneio. O primeiro jogo é muito importante e todo o plantel está em condições muito boas para os compromissos futuros", afirmou ele, ao ser indagado sobre a opção de deixar o atacante Lionel Messi, 18, no banco hoje.
No gol, Abbondanzieri vai entrar em campo acompanhado da desconfiança dos torcedores, que não entram em consenso sobre o titular da posição em Copas desde 1978, quando tinham Fillol -o atual preparador de goleiros da equipe.
Se, na concentração brasileira, os jogadores tiveram direito a entrevistas coletivas para a imprensa internacional e até a videoconferência com o presidente Lula, anteontem, dia de seu aniversário, o volante Mascherano teve que dar uma coletiva sem microfone e quase foi derrubado pelos jornalistas.
A estratégia de amistosos preparatórios também foi diferente nos dois países, não na opção por realizar poucas partidas, mas na escolha dos rivais.
Desde o fim das eliminatórias, a Argentina enfrentou Inglaterra, Angola e Croácia (além do Qatar). O Brasil mediu forças com Emirados Árabes, Rússia e Nova Zelândia, considerando só seleções regulares.
Até mesmo na festa de abertura, o fosso entre Brasil e Argentina foi visível. Enquanto Pelé entrou com a taça, Maradona não participou do desfile.


NA TV - Argentina x Costa do Marfim Globo, ESPN Brasil, Bandsports, Directv e Sportv, às 16h

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